Guará-DF vira terra arrasada pelo coronavírus e lockdown (atual) é visto como solução

Movimento pelo comércio da cidade é quase nulo, mesmo com algumas lojas abertas. Dessa vez, nem mesmo a modalidade delivery, que ‘salvou’ comerciantes em 2020, deslancha e faturamento despenca em até 90%. Mortes na cidade chegam a 235

Por Amarildo Castro – É dramática a situação no Guará, Distrito Federal após um ano de pandemia coronavírus. Se antes 10 ou 15 mortes (por ano) provocadas pela dengue eram motivo de pânico para a comunidade local, ou mesmo os primeiros dez diagnosticados com a covid-19 em abril de 2020, agora os 235 mortos na cidade pela covid-19, sendo ainda mais de 14 mil infectados, e assim, os números de tão altos e rotineiros, sequer estão sendo divulgados mais nas mídias locais, porque já não chamam atenção pelo fato de infelizmente parecer uma macabra rotina.

Dessa forma, em todo o DF, como já foi divulgado há uma semana, o governo local optou por um lockdown parcial em todas a RAs.

Um dos principais bares e restaurante da cidade, o Chalé da Traíra, no Guará II é lembrança do mesmo mês de março de 2020: filme repetido com drama maior

Foi baseada no novo e atual cenário que a reportagem do Blog do Amarildo percorreu diferentes pontos da cidade na tarde da última quinta-feira, 4. A situação catastrófica faz lembrar o mesmo mês de março de 2020, quando o lockdown foi ainda pior, fechando todos os comércios não essenciais. No entanto, a falta de interesse dos moradores em fazer pedidos via delivery neste novo lockdown, ou nos balcões das poucas lojas assusta.

Dono de um quiosque nas proximidades do Edifício Consei, no Guará II, Sinval de Oliveira está atendendo somente no balcão porque o decreto do GDF somente assim o permite. Ele diz que o movimento caiu 90% por cento em uma semana, e que como reza o documento do governo, precisa fechar às 20h, e após às 18, não pode sequer vender bebida que contém álcool.

Quiosque do Sr. Sinval, em frente ao Edifício Consei, no Guará II é símbolo do desânimo. Vendas caíram 90 por cento, mas em termos, proprietário concorda com lockdown

Ali perto, o Biga`s Lanches também opera com menos da metade de sua capacidade, fazendo apenas entregas.

Modalidade delivery dessa vez não deslanchou: lojas vazias

Se no primeiro lockdown, em março de 2020, muitos comerciantes se destacaram com entregas delivery, o ânimo da comunidade local despencou e agora esse tipo de entrega está em baixa. “Vendendo nada, está um horror”, disse o dono de um restaurante no Guará II, que tenta sobreviver com entregas no balcão e vendas por aplicativos.

Para o Sr. Oliveira, que tem loja de doces tradicional na QE 07, queda para os pequenos é dramática, e combate ao vírus começou de forma errada desde o início

Na QE 44, um dos bares mais movimentados e símbolo da cidade, o Chalé da Traíra, mais uma vez é o retrato do mesmo mês de março de 2020, como se nada tivesse mudado (para melhor), as portas cerradas e apenas com pássaros pousados nos coqueiros que cercam o local, mostra que o coronavírus tornou-se o principal ‘monstro’ da cidade, destruindo empregos, famílias, economia e o curso normal da cidade.

Assim como no dia 11 de março de 2020, o cenário em quase toda a cidade é o mesmo. O exemplo mais comum é o fechamento de todas as escolas locais devido a novo decreto do governador Ibaneis Rocha (MDB). E dessa vez, nem adiantou manifestos pela volta das aulas, o mandatário do Executivo não atendeu frente ao problema da falta de leitos no DF.

Por causa do lockdown ou mesmo pelo desânimo dos comerciantes, maioria das lojas da QE 07 do Guará I estão fechadas

Guará I, situação é a mesma

Saindo do Guará II, em direção ao Guará I, a situação em quase nada muda. A QE 07, o termômetro da economia na cidade, lojas estão fechadas e o movimento lembra um feriado. “A gente está aqui porque acredita que vai vender ao menos para pagar a folha, mas não vai dar, estamos vendendo 30% do que vendíamos antes”, reclama o pioneiro Osvaldo Oliveira, o Sr. Oliveira, que tem loja de doces na quadra.   Ao lado de sua loja, maior parte do comércio está fechado.

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Apesar das dificuldades que os comerciantes enfrentam, parte deles vê o fechamento total ou parcial como solução diante da crise sanitária. Luiz Carlos, da Padaria Ouropão, na QE 34 disse que é um mal necessário para conter o vírus, mas que os prejuízos são enormes.

Já a moradora da mesma quadra, a funcionária pública Renata Flores Rocha, disse que as iniciativas dos governantes demoraram demais para buscar solução para a pandemia, e que agora, o lockdown é a única solução. “Dói, mas não temos saída”, finaliza.

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