- Sobrecarga emocional, relações familiares frágeis e medicalização preventiva revelam um cenário alarmante na saúde mental dos docentes
Mais de 150 mil professores da rede pública brasileira foram afastados de suas funções em 2023 por motivos relacionados à saúde mental, segundo levantamento da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) com base em dados do INSS. A principal causa dos afastamentos foi o esgotamento emocional, um quadro frequentemente apresentado como transtorno depressivo ou burnout.
Embora os sintomas sejam recorrentes como insônia, irritabilidade, apatia e crises de ansiedade, o aprendizado do educador segue muitas vezes invisível, mascarado pela rotina e pela idealização de que o professor deve ser resiliente a qualquer custo.
“Há uma romantização do sofrimento docente”, afirma o psicólogo e professor Jair Soares, fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas ( IBFT ). “A depressão nos professores muitas vezes surge de forma silenciosa, como um cansaço emocional que não passa. São pequenos sintomas que vão se acumulando até a pessoa desaparecer de si mesma, mesmo estando presente na sala de aula”, pontua o especialista.
Segundo a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), o Brasil é o país com maior prevalência de transtornos de ansiedade no mundo e o quinto em casos de depressão. Quando esse quadro se cruza com o ambiente escolar, um dos mais estressantes segundo estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o resultado é alarmante: 72% dos docentes relatam já ter sentido sinais de esgotamento ou colapso mental.
Professores da educação infantil e dos anos iniciais são os mais vulneráveis. Para além das demandas pedagógicas, há pressões emocionais recebidas da relação com as famílias dos alunos. “As famílias terceirizam completamente a educação emocional das crianças para a escola. Espera-se que o professor dê conta não só do conteúdo, mas também de acolher, formar valores e resolver conflitos que extrapolam o ambiente escolar”, diz Soares. “Isso cria um acúmulo psíquico que não é sustentável.”
Outro ponto de debate entre especialistas é o uso crescente de medicamentos antidepressivos entre os educadores. O consumo de psicofármacos aumentou 60% na última década no Brasil, de acordo com dados da Anvisa. “Vivemos uma preocupação mundial de medicalização preventiva. Muitos professores são divulgados de forma precoce e tratados com remédios antes mesmo de compreenderem o que estão sentindo. O uso se torna profilático, uma forma de continuar funcionando, não necessariamente de se curar”, alerta o psicólogo.
A TRG (Terapia do Reprocessamento Generativo), metodologia criada por Jair Soares e aplicada pelo IBFT, busca caminhos alternativos para o tratamento do sofrimento emocional sem a medicalização imediata. O processo propõe a identificação e o reprocessamento de traumas que, muitas vezes, têm origem na infância e se manifestam tardiamente como depressão ou transtornos de ansiedade. “O sintoma é uma mensagem do inconsciente, uma tentativa do corpo de interrupção uma dor antiga. Reprimir com remédios pode silenciar esse alerta, mas não resolver o problema”, afirma.
Dados do Censo Escolar e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostram que o número de licenciados no magistério caiu nos últimos cinco anos, e entre os principais motivos para a resistência da carreira está a exaustão emocional. “O esgotamento dos professores não é apenas uma questão individual, é uma crise estrutural. Se não cuidarmos da saúde mental de quem educa, colapsam a base de toda a formação social”, conclui Soares.
A discussão sobre o adoecimento dos professores caminha, ainda de forma tímida, para dentro das secretarias de educação. Em São Paulo, por exemplo, um projeto-piloto lançado em 2024 inclui acompanhamento psicológico gratuito a docentes em três diretorias regionais de ensino. Os primeiros relatórios indicaram uma redução de 32% nos pedidos de afastamento por questões psiquiátricas.
Para Soares, é urgente que se aprofunde esse debate com a sociedade. “A escola sozinha não pode sustentar o que é responsabilidade coletiva. O sofrimento de quem ensina deve ser visto com a mesma seriedade que se exige dos conteúdos ensinados em sala”, ressalta.
“Desenvolvemos um projeto com o TRG no município de Santa Helena de Goiás (GO), onde haverá atendimento financiado pela prefeitura deste município a todos os professores que tenham interesse em participar. Será gratuito. O projeto está previsto para iniciar no segundo semestre de 2025. Seria interessante que as autoridades tivessem interesse na saúde mental desta classe tão importante para o desenvolvimento do nosso país”, conclui Jair Soares.
Sobre o IBFT
O Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT) é uma instituição educacional dedicada à formação de terapeutas especializados em saúde emocional. Fundado com o propósito de transformar vidas por meio do conhecimento, o IBFT oferece formações em diversas áreas, incluindo a Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), uma metodologia desenvolvida para tratar dores emocionais profundas. Com mais de 50 mil terapeutas formados no Brasil e no exterior, o instituto se destaca por sua abordagem prática e eficaz no tratamento de traumas, fobias, depressão, ansiedade e outros transtornos emocionais.
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Sobre Jair Soares
Jair Soares dos Santos é psicólogo, terapeuta, hipnólogo, pesquisador e professor, além de ser o fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT). Criadora da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), sua trajetória é marcada por desafios pessoais que o motivaram a buscar soluções eficazes para o sofrimento emocional. Após enfrentar episódios de depressão e insatisfação com abordagens terapêuticas tradicionais, Jair se dedicou ao desenvolvimento de uma metodologia que pudesse proporcionar alívio real e duradouro aos pacientes. Sua formação inclui graduação em Psicologia pela Faculdade Integrada do Recife e especializações em áreas como hipnoterapia e análise comportamental.
Atualmente é doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO) na Argentina, onde desenvolve uma pesquisa com o TRG em pessoas com depressão e ansiedade, alcançando resultados promissores com a remissão dos sintomas nestes participantes. Há mais dois doutorados com o TRG que estão sendo desenvolvidos neste momento.
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