França investiga impactos do TikTok na saúde mental de adolescentes e busca responsabilizar redes sociais

by Amarildo Castro
  • Comissão parlamentar analisa influência da plataforma sobre o bem-estar psíquico de jovens após casos de suicídio e repercussão de série da Netflix

O parlamento francês instaurou, no início de abril de 2025, uma investigação oficial para apurar os efeitos do TikTok na saúde mental de adolescentes. Pela primeira vez, o país conduz um inquérito focado na responsabilidade das redes sociais sobre o bem-estar psíquico dos jovens, em meio a um cenário de alerta social e jurídico que vem se intensificando na Europa.

A medida ocorre após dois casos de suicídio, de um adolescente de 12 anos e mais de 16 casos relacionados ao conteúdo da plataforma. As famílias das vítimas processaram o TikTok no mês de março, sob acusação de negligência diante da exposição a vídeos com mensagens de autodegradação e desafios virais considerados perigosos. Ao todo, 11 famílias francesas estão envolvidas em ações judiciais.

A comissão parlamentar pretende avaliar o impacto psicológico do uso prolongado da rede social e discutir mecanismos de responsabilização. O debate ganhou ainda mais força com a repercussão da minissérie britânica Adolescência , da Netflix, que retrata a influência de algoritmos no processo de radicalização emocional de jovens vulneráveis.

Segundo Danilo Suassuna , doutor em Psicologia e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, as redes sociais precisam ser detalhadas como ambientes de risco potencial quando não são regulamentadas nem utilizadas com acompanhamento. “Estamos diante de uma geração em desenvolvimento emocional, apresentada a uma lógica de comparação constante, estimulação ininterrupta e validação imediata. Isso compromete a estabilidade emocional e favorece comportamentos impulsivos e autodestrutivos”, avalia Suassuna.

Suassuna, que também dirige oInstituto Suassuna , acredita que o debate francês pode representar um marco importante para outros países. “É urgente refletirmos sobre os limites da liberdade digital quando ela passa a interferir diretamente na saúde pública. O TikTok, assim como outras plataformas, precisa responder por seu papel na construção de conteúdos e no desenho de algoritmos que, muitas vezes, impulsionam aquilo que é nocivo”, afirma Suassuna.

Especialistas em psicologia do desenvolvimento têm apontado a ligação entre o uso excessivo de redes sociais e o aumento de sintomas de depressão, ansiedade e distúrbios de sono entre adolescentes. Estudo publicado pelo Journal of Adolescência mostra que jovens que passam mais de três horas por dia em redes sociais têm risco 60% maior de desenvolver sintomas de sofrimento psíquico em comparação a usuários moderados.

“Os algoritmos foram criados para prender a atenção, mas o cérebro adolescente está em formação e é especialmente vulnerável a recompensas rápidas e estímulos de dopamina. Isso cria um ciclo viciante que reduz a capacidade de concentração, aumenta a impulsividade e favorece a autoimagem distorcida”, explica Suassuna.

Entre os pontos em discussão pela comissão francesa estão a obrigatoriedade de limites etários verificados por biometria, a exigência de relatórios transparentes de algoritmos, além da criação de selos para conteúdo sensível ou de risco potencial. A iniciativa também pretende ouvir psicólogos, educadores, empresas de tecnologia e representantes de famílias impactadas.

Para o especialista, a educação digital é hoje um componente indissociável da saúde mental infantojuvenil. “A regulação das plataformas precisa caminhar em paralelo à formação de famílias e escolas que saibam oferecer limites, escuta e orientação. Cuidar da mente de adolescentes na era digital é também um compromisso coletivo com o futuro”, afirma Suassuna.

Enquanto os legisladores debatem regulamentações, Danilo Suassuna reforça que pais e educadores devem estar atentos aos sinais de alerta. “Mudanças abruptas de humor, isolamento social, queda no rendimento escolar, distúrbios alimentares e discurso autodepreciativo são promessas que merecem atenção imediata. O diálogo constante e o uso consciente da tecnologia são ferramentas fundamentais na prevenção”, conclui Suassuna.

Sobre Danilo Suassuna

Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2008), possui graduação em Psicologia pela mesma instituição. Autor do livro “Histórias da Gestalt-Terapia – Um Estudo Historiográfico”. Professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e do Curso Lato-Sensu de Especialização em Gestalt-terapia do ITGT-GO. Coordenador do NEPEG Núcleo de estudos e pesquisa em gerontologia do ITGT. É membro do Conselho Editorial da Revista da Abordagem Gestáltica. Consultor Ad-hoc da Revista Psicologia na Revista PUC-Minas (2011).

Para mais informações acesse o instagram: @danilosuassuna . 

Sobre o Instituto Suassuna

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