Municípios brasileiros aceleram alfabetização com método alemão baseado em neurociência 

by Amarildo Castro

Crianças alfabetizadas em até cinco meses com método alemão Intraact (Divulgação IntraAct Brasil)

Secretarias de Educação de diferentes regiões do país registram avanços expressivos em leitura em até cinco meses com a adoção de sistema que organiza o ensino de acordo com o funcionamento do cérebro 

Um conjunto crescente de prefeituras brasileiras tem recorrido a uma metodologia alemã de alfabetização, fundamentada em neurociência, que entrega resultados mais rápidos e consistentes: estudantes do 1º ano conseguem aprender a ler em até cinco meses, com taxas de sucesso superiores a 80%. 

O método IntraAct, adotado atualmente por redes públicas em seis estados (SC, MG, PR, MA, GO e MT), reorganiza o processo de alfabetização com base em como o cérebro aprende, priorizando consciência fonológica, repetição estruturada e blocos de letras definidos pela facilidade fonética.

A estratégia vem ganhando força especialmente em municípios que buscam recuperar aprendizagens após a pandemia e elevar seus indicadores. Os resultados estão aparecendo de forma expressiva em cidades do Sul, Centro-Oeste e Sudeste, com relatos de avanços rápidos na leitura, na escrita e na participação das crianças em sala de aula.

Avanços no Sul: autonomia, fluência e fortalecimento docente

Em Jaborá (SC), que iniciou a implementação em 2024, a Secretaria Municipal de Educação relata uma mudança significativa na rotina pedagógica. 

“A experiência com o método IntraAct tem sido extremamente positiva. Observamos avanços significativos na leitura, na escrita e na autonomia dos estudantes. O trabalho também contribuiu para fortalecer as práticas pedagógicas, oferecendo aos professores novas estratégias para lidar com as diferentes formas de aprender”, afirma a secretária Sandra Aparecida Pintro Dambrós.

Com todas as turmas de 1º ano já atendidas, os efeitos são perceptíveis diariamente. As crianças, segundo ela, reconhecem sons com mais facilidade, escrevem palavras espontaneamente, leem com mais confiança e apresentam maior consciência fonológica. “O método trouxe uma nova dinâmica para as salas de aula, estimulando o interesse, a confiança e o prazer de aprender em cada criança.”

A secretária destaca ainda o impacto para estudantes com dificuldades específicas. “Além de acelerar o processo de alfabetização, observamos que o método tem se mostrado eficaz no apoio à aprendizagem de crianças com dislexia, autismo e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).”

Em Erval Velho (SC), onde o método atende 50 alunos do ensino fundamental, a secretária de educação Sandra Masson resume a percepção geral. “Minha experiência com o método IntraAct tem sido gratificante. Com esse método, a construção da capacidade de ler, escrever e poder entender o que se lê e escreve é mais rápida, mais prazerosa e mais eficiente, o que para mim vale todo o investimento.”

Em Quitandinha, município localizado na Região Metropolitana Sul de Curitiba, capital do Paraná, o método foi implementado em sete escolas do Ensino Fundamental I e um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), preenchendo a cobertura plena na rede municipal de ensino. Como resultado, 100% dos alunos envolvidos demonstraram evolução nos eixos de leitura, escrita e oralidade. 

Segundo a Secretária Municipal de Educação e Desenvolvimento para o Futuro, Josiane Mendes de Moura Weiss, o IntraAct foi particularmente notável entre os estudantes com perfis neurodivergentes, incluindo aqueles com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dislexia e outras dificuldades específicas de aprendizagem. “O caráter previsível do método, aliado ao suporte visual estruturado e à baixa sobrecarga cognitiva, promoveu estabilidade atencional, engajamento contínuo e segurança emocional, favorecendo a aprendizagem em contextos de diversidade neurológica”, explica. 

A secretária ainda conta com relatos pedagógicos, como o de um estudante não verbal que, a partir da sequência sistemática do método, iniciou a emissão de sons articulados de forma espontânea, revelando a potencialidade do IntraAct em ativar circuitos neurofuncionais relacionados à linguagem e à consciência fonológica. 

Neste município, a adoção do método teve início em junho de 2025 e contemplou integralmente as turmas de 1º e 2º anos do Ensino Fundamental I, com foco na alfabetização inicial, estendendo-se às turmas de 3º a 5º anos nas aulas de recomposição e como estratégia de ampliação da fluência leitora.

“A incorporação do método IntraAct à política educacional de Quitandinha representa um marco de inovação e excelência técnico-pedagógica. Trata-se de uma intervenção fundamentada em princípios científicos sólidos e em práticas humanizadoras, cuja aplicação resultou em significativa transformação da cultura alfabetizadora municipal”, conclui.

Em Maringá (PR), 8.300 crianças da rede municipal já participam da iniciativa. Santa Catarina, estado com a maior taxa de alfabetização do país, iniciou um projeto-piloto que já atende 2.500 alunos da rede pública.

Mato Grosso:  Selo Ouro da Alfabetização em Alta Floresta e salto no Ideb em Paranaíta

No Centro-Oeste, Alta Floresta (MT) se tornou um dos casos mais emblemáticos de avanço acelerado. A cidade recebeu o Selo Ouro da Alfabetização 2025, com 80% de fluência em leitura entre crianças do 1º e 2º ano na avaliação do CNCA.

A secretária municipal de Educação, Lucinéia Mattos, explica o impacto em números: “Quando assumimos a Secretaria Municipal de Educação tínhamos um índice de apenas 35% das nossas crianças alfabetizadas na idade certa. Após a implantação do método IntraAct, temos mais de 90% e esse índice foi medido nacionalmente, porque tivemos quatro escolas contempladas como as melhores no índice do Ideb. Elas tiveram um crescimento de 5.4 para 6.5.”

O prefeito Chico Gamba reforça: “Alta Floresta nunca esteve tão bem no Ideb Nacional. Conseguimos avançar muito com esses resultados.”

Em Paranaíta, também no Mato Grosso, o método contribuiu para elevar o Ideb municipal de 4,9 (2021) para 5,3 (2023). “Educação é o que leva à igualdade. Sabemos que não é fácil implantar um material pedagógico. Esse método foi abraçado pelos nossos professores, com os nossos alunos interagindo de uma maneira fantástica. E eu falo: você tem de investir na educação!”, destaca o prefeito Osmar Antônio Moreira.

Base científica, formação docente e resultados mensuráveis

Criado há três décadas na Alemanha e já aplicado em 20 municípios brasileiros, desde 2022, o método alcançou 23 mil alunos alfabetizados e formou 1.200 professores, com taxa de sucesso superior a 80% em leitura em cinco meses.

O processo combina material didático próprio com uma formação estruturada que inclui 13 horas presenciais, reuniões periódicas, acompanhamento contínuo e métricas de desempenho. A proposta organiza o ensino em blocos de letras conforme facilidade fonética, permitindo que as crianças formem sílabas e palavras rapidamente.

“A neurociência nos ensina que alfabetizar é, antes de tudo, respeitar o funcionamento do cérebro. Quando organizamos o ensino de forma lógica, emocional e repetitiva, o aprendizado acontece de maneira natural”, explica Moysés Gori, CEO do IntraAct Brasil.

Para Janaína Mourão, diretora pedagógica do IntraAct Brasil, a clareza metodológica devolve protagonismo ao professor e desperta autonomia nas crianças. “Quando o professor entende o porquê por trás de cada etapa, o ensino deixa de ser mecânico e passa a ser estratégico. O IntraAct devolve ao educador o papel de mediador consciente do aprendizado, e às crianças, a autonomia de descobrir o prazer de ler.”

Sobre o IntraAct Brasil

Sediado em Brasília (DF), o IntraAct Brasil oferece um método de alfabetização fundamentado em neurociência cognitiva, desenvolvido a partir de 30 anos de experiência na Alemanha, para acelerar e tornar mais segura a aprendizagem da leitura e da escrita. Com aplicação em diversos contextos — da educação infantil à recomposição de aprendizagem em adolescentes e adultos — o método permite que 80% dos alunos sejam capazes de ler em 4 a 5 meses e que, ao final do primeiro ano, até 80% da turma esteja alfabetizada. O IntraAct Brasil fornece kit didático completo, formação de professores e acompanhamento técnico contínuo, sendo compatível com as diretrizes da BNCC e adaptável a diferentes perfis de alunos e redes de ensino. Atualmente, mais de 23 mil estudantes de redes públicas municipais e 1.200 professores de seis estados brasileiros (SC, MG, PR, MA, GO e MT) já foram impactados pela metodologia. 

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