- Aos 60 anos, Elias Cerqueira percorre vários bairros da cidade pilotando um Honda Today adptada para carregar lanches, e assim faz sucesso
POR AMARILDO CASTRO
Os dias eram difíceis para o motorista Elias Cerqueira, morador de Valparaíso II. Vindo do Distrito Federal há 35 anos, Elias começou cedo a trabalhar, e assim, passou por vários ofícios, sendo o mais comum, a função de motorista. Mas há sete anos, ficou desempregado e não via muita alternativa de vida, já que não conseguiu uma formação que pudesse ser procurado por diferentes empresas. Mas isso nunca o desanimou.
Ao ver o desemprego bater na porta, comprou uma caixa de isopor e foi vender dindin em uma escola pública que fica atrás do 20º Batalhão da Polícia Militar, entre os bairros Rio Branco e Jardim Oriente. Assim, ficou por um ano e fez clientela.
Como precisava expandir, ganhou do pai, Sr. Naurete Cerqueira – hoje falecido – uma bicicleta cargueira. Assim, conseguiu atender mais pessoas e com a bike, permaneceu por mais dois anos. Nessa fase, começou a vender salgados, sucos e café.

Com uma receita maior, há quatro anos, comprou uma moto Honda, modelo Today 125c, adaptou o veículo para carregar seus salgados. Dessa forma, começou a atender diversos bairros.
A moto virou negócio e meio de vida. Hoje Elias transformou-se em um personagem folclórico em Valparaíso, e na maioria dos bairros centrais, praticamente todo mundo conhece o vendedor de lanches, que chega às lojas buzinando e sempre bem recebido.
“É um batalhador guerreiro, um lutador, gosto muito dos lanches dele, a gente sempre compra, gosto muito do suco,
Eduardo Henrique, da loja Mega Sound Car, no Jardim Oriente
é muito bom”
Há cerca de dois anos, arrisco atender Ifood, mas disse que desistiu porque o Ifood ‘comia’ sua receita.
Apelidado de ‘Fui’, em alusão às suas entregas (Fui Fuieeee…), Elias mora hoje com a mãe, Dona Maria da Penha, que sofreu 4 AVCs e precisa de cuidados. “Estou sempre aqui, cuido dela bem dela e meu trabalho ajuda com isso, disse ‘Fui’, que é pai de dois filhos e avô de um neto.
Para quem está ou fica desempregado, Elias dá um recado: “Nunca desanime, e se preciso, reinvente, a vida não é só aquilo que a gente sonhou, às vezes, temos que mudar”, ensina.