Por Giancarlo Miranda
As queimadas urbanas e rurais são um problema recorrente que, ano após ano, devastam o
meio ambiente e comprometem a qualidade de vida em Campo Grande e em todo o estado de
Mato Grosso do Sul.
Com a chegada da seca, entre junho e julho deste ano, a capital sul-mato-grossense registrou
um aumento preocupante no número de queimadas, refletido nas 105 multas aplicadas pela
Prefeitura pelo crime ambiental, o que corresponde a 64% de todas as penalidades do tipo
emitidas entre janeiro e julho de 2024.
Esse dado alarmante é apenas a ponta do iceberg de uma questão que afeta não só as áreas
verdes, mas também a saúde pública e o bem-estar dos moradores. A fumaça das queimadas
contribui significativamente para o aumento de doenças respiratórias, potencialmente
agravadas pela baixa umidade do ar característica desta época do ano.

Para muitos, o ar seco e poluído tem sido sinônimo de visitas constantes a unidades de saúde
e, em casos mais graves, internações hospitalares.
Além dos impactos diretos à saúde, as queimadas afetam a fauna e a flora locais, colocando
em risco a biodiversidade que tanto caracteriza o bioma do Cerrado. Animais silvestres, em
busca de refúgio, invadem áreas urbanas, o que, por sua vez, gera um ciclo de desequilíbrio
ambiental que se reflete em todo o ecossistema.
A questão é ainda mais grave quando se considera o fator econômico. O combate às
queimadas exige uma enxurrada de recursos dos cofres públicos, seja por meio da mobilização
de brigadistas, seja pela necessidade de reforçar a infraestrutura de saúde para atender a
crescente demanda. O impacto é sentido também no agronegócio, um dos pilares da economia
local, que sofre com a perda de áreas de cultivo e pastagem.
Em meio a esse cenário preocupante, é imperativo que os novos agentes que adentrarão o
cenário político de Campo Grande e todo o Mato Grosso do Sul a partir do ano que vem
adotem políticas públicas mais rígidas e eficazes no combate às queimadas.
No caso dos vereadores, devem intensificar as fiscalizações que eram feitas, e, em caso de
aplicação de multas, elas precisam ter um caráter punitivo que iniba a repetição dessas
práticas. Além disso, a educação ambiental se mostra um caminho essencial para conscientizar
a população sobre os danos causados pelas queimadas e sobre a importância de preservar o
meio ambiente.
É preciso que os representantes eleitos para cargos públicos estejam comprometidos em
enfrentar essa questão com seriedade. O papel do vereador vai além da criação de leis: é
necessário cobrar ações efetivas do poder executivo. O compromisso com a proteção do meio
ambiente e a promoção da saúde pública devem estar no topo da agenda de qualquer gestor
que se preocupa verdadeiramente com o futuro da sua comunidade.
*Giancarlo Miranda é policial civil há mais de 20 anos e pré-candidato a vereador por Campo Grande.
Foto: www.sospantanal.org.br/