Artigo_Chengdu_Foto de Shawn Lee
*Por Paola Gulin
A China é um país de contrastes: está entre tradição milenar e inovação tecnológica, espiritualidade e urbanismo, silêncio e superação. Mas o que acontece quando esse território é explorado não como turista, e sim como leitor um de culturas? Com essa proposta, desenhei uma jornada imersiva pelo país.
Durante semanas, percorri a China em busca de experiências que revelassem uma região sensível, longe dos estereótipos. A viagem me transformou profundamente. Enxerguei uma China que não aparece nos guias: silenciosa, refinada, cheia de nuances.
Paradigmas quebrados: Me surpreendi com cidades limpas, organizadas e um povo extremamente hospitaleiro. Tudo que eu achava que sabia sobre a China foi desfeito ali.
Memória e tradição: Em Xi’an, os Guerreiros de Terracota e o ponto de partida da Rota da Seda revelaram a profundidade da cultura ancestral chinesa. Foi um momento de respeito e conexão com o passado.
Um olhar moderno: A infraestrutura de transporte, os trens-bala e os arranha-céus mostraram uma China futurista. Viajar para a China é conhecer o passado e o futuro ao mesmo tempo.
Trocas genuínas: A visita à casa de Liu, morador de um Hutong em Pequim que viveu a Revolução Cultural, foi uma aula viva de história. Conversar com ele foi como abrir um livro vivo sobre a China.
Um hotel para guardar na memória: O Sugar House, em meio às montanhas de calcário, é um antigo engenho reformado. Ali o tempo corre em outro ritmo. Foi um dos lugares mais marcantes da viagem.

Foto de Mercier Zeng
Para quem quer ir além: Longji Village, cercado por plantações de arroz, ofereceu paz, autenticidade e conexão com a natureza. A vista era deslumbrante, mas o silêncio foi ainda mais impactante.
Gastronomia surpreendente: Em Chengdu, descobri o Mi Xun Teahouse, restaurante vegetariano com estrela Michelin. Foi a primeira vez que comi em um vegetariano com estrela Michelin. Verde, estético e delicioso.
Grande Muralha da China: Mais do que visitar, vivi a muralha: pratiquei Tai Chi Chuan em sua extensão. Os movimentos lentos e precisos ecoam até hoje. Foi uma experiência espiritual.

Foto de Junoyjl
O encontro fofinho: No santuário de pandas em Chengdu, participei de projetos de conservação. Passei o dia com pesquisadores, preparando alimentos e aprendendo sobre os pandas. Excesso de fofura e aprendizado.
Com a recente isenção de visto para brasileiros, a China se torna um destino mais acessível. Uma viagem indispensável que deve ser vivida em roteiros que vão além do turismo convencional, a partir de experiências únicas de imersão cultural e reflexão. O país vai fascinar quem busca uma leitura profunda de lugares por meio de encontros, paisagens e histórias que transformam não apenas o itinerário, mas o olhar de quem percorre.
*Paola Gulin é sócia fundadora da Nomad Roots (www.nomadroots.com.br), produtora de viagens com conhecimento.