Foto de Jhonney Macena – Prefeitura de Aparecida de Goiânia
- Conceito que será implementado na “Cidade do Amanhã” será apresentado durante evento realizado no Anfiteatro do município na próxima quarta-feira (12)
Aparecida de Goiânia vai virar mais uma página da sua história. Depois de iniciar o processo de industrialização na década de 1990 e ficar refém, por anos a fio, de características de cidade dormitório – o município conseguiu criar sua própria identidade, dar fôlego à sua economia e ganhar ‘independência’ financeira. Em poucas décadas, a cidade da Região Metropolitana deu um salto em importância com números galopantes mas que trazem, consigo, mazelas típicas de crescimento desordenado.
Arquiteto e urbanista Guilherme Takeda fará palestra sobre Novo Urbanismo, em Aparecida de Goiânia
Divulgação

Emancipada apenas em 1963, a jovem Aparecida de Goiânia hoje abriga mais de 573 mil habitantes – conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse número coloca a antiga cidade dormitório como a maior do Centro-Oeste ao excluir as capitais.
Cravada em um dos eixos logísticos mais importantes do Brasil, Aparecida de Goiânia começou seu processo de industrialização de forma quase natural, já que não possui tamanho de território suficiente para práticas agrícolas.
Com 7 polos industriais em pleno funcionamento e um em construção, o território virou norte para muitos migrantes que aportaram sonhos e investimentos no município que não para de crescer.
Prova disso é que o Produto Interno Bruto (PIB) saltou, nos últimos 12 anos, de R$ 5,8 milhões para R$ 16,9 milhões – um crescimento incrível de 192% – conforme o IBGE. Em 15 anos, o número de empresas ativas saiu de 6,4 mil (2008) para 108 mil (2024).
Toda essa pujança econômica tem seu preço. Enquanto foi ganhando musculatura e independência, o esforço do poder público não foi suficiente para acompanhar o ritmo desenfreado da chegada de milhares de pessoas para alimentar o nascimento da 17ª maior cidade do país, fora as capitais.
Essa incapacidade do poder público em acompanhar o ritmo acelerado de crescimento e aumento populacional está longe de ser um problema restrito a Aparecida de Goiânia. A maioria das cidades com esse histórico sofre com mazelas como congestionamentos, falta de mobilidade, enchentes, escassez de áreas verdes, insegurança, ilhas de calor e, sobretudo, o distanciamento entre as pessoas e os aparelhos públicos.
É nesse contexto que entra o Novo Urbanismo. No dia 12 de novembro, a CINQ Inteligência Urbana vai apresentar, no Anfiteatro do município, os princípios desse movimento nascido nos Estados Unidos e expandido para o mundo, mas pioneiro no Centro-Oeste- no qual propõe devolver as cidades para as pessoas.
Nomeada de “Cidade do Amanhã”, o projeto é assinado pelo arquiteto gaúcho, Guilherme Takeda – que fará uma palestra durante o evento evidenciando os parâmetros que versam o Novo Urbanismo e o que foi pensado para Aparecida de Goiânia.
Conceito
O Novo Urbanismo nasceu nos anos 1980 como reação ao urbanismo modernista, que priorizou o automóvel e afastou as pessoas da rua. O conceito defende bairros policêntricos, caminháveis, sustentáveis e com senso de pertencimento, onde moradia, trabalho, comércio e lazer coexistem em um mesmo território. “O Novo Urbanismo é uma resposta ao esgotamento do modelo urbano vigente. É uma visão que recoloca o ser humano no centro do planejamento e busca reconstruir a relação entre cidade, comunidade e natureza”, explica Eduardo Oliveira, engenheiro e sócio da CINQ.
O Cidade do Amanhã materializa esses princípios. Com 310 hectares de área total, sendo 80 hectares já previstos para a primeira etapa, o projeto propõe uma cidade viva, com ruas desenhadas para pessoas, calçadas amplas e acessíveis, praças sombreadas, fachadas ativas e mobilidade a pé ou de bicicleta. O plano do bairro ainda propõe a implementação de pisos permeáveis como uma medida para mitigar problemas de drenagem urbana.
“No Novo Urbanismo, as pessoas são mais importantes do que os carros. A ênfase é que todas as implantações favoreçam que elas se apropriem de todos os espaços. Moradia, estudo, trabalho e lazer coexistem próximos para que seja possível acessá-los sem precisar de automóvel. As calçadas são acessíveis e sombreadas para que a caminhada seja estimulada. As fachadas ativas das lojas de rua convidam o público para as compras ao ar livre”, descreve o engenheiro e sócio da CINQ, Eduardo Oliveira.
Outro ponto essencial é a presença da natureza como eixo estruturante do projeto, conceito que a CINQ denomina Naturbanidade. “Entendemos que natureza, urbano e comunidade podem coexistir em harmonia. A natureza é parte do projeto, não apenas um adorno. Ela contribui para a saúde física e mental dos moradores, reduz ilhas de calor e melhora a qualidade de vida”, destaca Eduardo.