Compreender o ciclo é o primeiro passo para o bem-estar menstrual

by Amarildo Castro

Frequentemente, a menstruação é associada à dor, desconforto e limitações. Por ser um processo natural do corpo feminino durante a vida reprodutiva, muitas mulheres convivem com esses incômodos sem buscar ajuda médica. “Mesmo com o acesso à informação, não são raros os casos de mulheres que têm sua qualidade de vida comprometida durante o período menstrual, seja por cólicas intensas, exaustão física ou fluxo abundante. Apesar de ser um processo fisiológico comum, o conhecimento sobre os sintomas é essencial para que a mulher consiga manter sua rotina com bem-estar”, explica a ginecologista e mastologista pela UNIFESP, Dra. Morgana Domingues, consultora da Biolab Farmacêutica.

Na maioria dos casos, a oscilação hormonal é a principal causa desses desconfortos. O ciclo menstrual, que pode durar de 21 a 35 dias, envolve diferentes fases no corpo feminino. É no período pré-menstrual que os sintomas mais intensos costumam surgir, devido à queda dos hormônios estrogênio e progesterona. “O autoconhecimento é uma ferramenta fundamental. A forma como cada mulher sente e lida com o ciclo é individual, por isso é importante monitorar todas as fases para identificar quais sintomas aparecem e em que momento. Assim, é possível buscar ajuda médica e encontrar o tratamento mais adequado à sua realidade”, orienta a Dra. Morgana.

Outro fator que merece atenção é o fluxo menstrual intenso, que pode evoluir para quadros mais graves. A condição conhecida como Sangramento Uterino Anormal (SUA) afeta cerca de 40% das mulheres no mundo, segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). A especialista destaca que identificar o volume exato do sangramento pode ser difícil, mas um indicativo é a frequência com que a paciente precisa trocar o absorvente ou o coletor menstrual.

“Em um ciclo considerado normal, a perda sanguínea gira em torno de 70 a 80 ml. Nos casos de sangramento intenso, esse volume pode chegar ao dobro. Entre os indicativos que podem ser observados pela paciente é o vazamento na roupa, além da troca excessiva de absorventes em um curto período de tempo, de 2 a 3 horas. A necessidade de troca à noite e a perda de coágulos em grande quantidade também são sinais de alerta. Além disso, é importante observar por quantos dias a menstruação se prolonga. Segundo a Febrasgo, o sangramento não deve ultrapassar oito dias. A perda excessiva de sangue leva à deficiência de ferro e, consequentemente, à anemia, caracterizada por cansaço constante e outros impactos na saúde”, alerta a consultora da Biolab.

Mas afinal, quando é hora de procurar ajuda? A Dra. Morgana reforça que qualquer mal-estar que interfira na qualidade de vida da mulher deve ser avaliado. “Em casos mais leves, o médico pode recomendar a prática de atividades físicas respeitando os limites do corpo, além do uso de anti-inflamatórios. O tratamento com contraceptivos hormonais também apresenta bons resultados, alguns sendo, até mesmo, indicados em bula na redução do sangramento uterino anormal, como por exemplo um regime quadrifásico e o uso de DIUs”, explica a ginecologista.

Ela conclui destacando a importância do acesso à informação e às opções de tratamento adequadas à realidade de cada paciente. “Respeitar o ritmo de cada fase e acolher as suas necessidades não precisa ser sinônimo de sofrimento. As mulheres têm, hoje, ferramentas para manter a autonomia sobre as decisões que envolvem seu corpo, buscando alternativas que ofereçam conforto e bem-estar durante todas as fases do ciclo menstrual”, finaliza a Dra. Morgana Domingues.

Referências:

1 – Leon-Larios, F., Silva-Reus, I., Puente Martínez, M.J. et al. Influence of menstrual pain and symptoms on activities of daily living and work absenteeism: a cross-sectional study. Reprod Health 21, 25 (2024). https://doi.org/10.1186/s12978-024-01757-6. Disponível em: https://reproductive-health-journal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12978-024-01757-6?utm_source=chatgptideas.com#citeas

2 – https://www.nhs.uk/conditions/periods/fertility-in-the-menstrual-cycle/

3 – Jazz Robinson, Amy Ferreira, Marina Iacovou, Nicole J Kellow, Effect of nutritional interventions on the psychological symptoms of premenstrual syndrome in women of reproductive age: a systematic review of randomized controlled trials, Nutrition Reviews, Volume 83, Issue 2, February 2025, Pages 280–306, https://doi.org/10.1093/nutrit/nuae043. Disponível em https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11723155/

4 – https://www.febrasgo.org.br/images/pec/Protocolos-assistenciais/Protocolos-assistenciais-ginecologia.pdf/Sangramento-uterino-anormal.pdf

5 – https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/660375?numeroProcesso=25351368550200952

Anna MirandaTexto Comunicação Corporativa

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