- Visita à creche invadida por homem armado evidencia desafios da proteção à infância em áreas de vulnerabilidade social
Uma creche comunitária localizada na região de Santa Luzia, na Cidade Estrutural – DF,periferia da capital federal, foi alvo de uma invasão armada. No prédio estavam 60 crianças pequenas, educadoras e uma mulher corajosa que, há anos, faz o que o Estado não faz: acolhe, alimenta e educa os filhos das famílias mais vulneráveis da Estrutural.
O caso aconteceu na última sexta-feira (27), quando um homem com diversas passagens pela polícia invadiu o espaço com uma arma em punho. Apontou para as crianças, para a diretora e para as educadoras. “Ele tentou atirar”, relata uma das funcionárias. Um disparo foi ouvido do lado de fora. Uma criança de apenas 1 ano acabou machucada na correria.
Nesta segunda-feira, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e a ex-ministra Cristiane Britto estiveram no local para prestar solidariedade, cobrar providências e dar início a uma mobilização por justiça e apoio. Elas encontraram crianças assustadas, mães desesperadas e uma estrutura sustentada apenas por doações e fé.
“Essa mulher está fazendo o papel do Estado. Se essas crianças não estiverem aqui, elas vão para a rua. E a rua, nessa região, é sinônimo de risco, de violência, de morte. É urgente ajudar essa creche”, afirmou Damares.
A Guerreiros da Alegria é mantida por Carmélia, uma mulher simples que, com as próprias mãos e a ajuda da comunidade, ergueu um espaço para proteger crianças de 0 a 6 anos. Lá, elas fazem cinco refeições por dia. Não pagam nada. E muitas são filhas de mães solo, doentes ou em situação de extrema pobreza.
Mesmo após o trauma, Carmélia reabriu as portas no dia seguinte ao ataque. “As crianças voltaram porque aqui é o único lugar seguro para elas. Mas ainda estão assustadas. Elas só querem um colo, um abraço, um brinquedo, uma chance”, relatou.
Comovidas, Damares e Cristiane anunciaram o envio imediato de apoio psicológico para as crianças e suas famílias. Também articulam, junto ao governo local, formas de viabilizar uma emenda parlamentar e garantir segurança para a instituição.
“Não podemos virar as costas para essa realidade. O que vimos aqui é um grito por socorro. Essa creche precisa de proteção, de recursos, de dignidade. E essas crianças, acima de tudo, precisam de paz”, declarou Cristiane Britto.
_*Foto: Comunicação/Damares Alves*_