Especialista sugere formas de as crianças lidarem com a frustração decorrente da derrota do Brasil, fazendo ainda uma conexão com as reais possibilidades da vida
Na contramão das expectativas, o Brasil perdeu para a Croácia e está eliminado da Copa do Mundo 2022, e ainda viu a vizinha Argentina levar o troféu. Assim, o sonho foi adiando para 2026 de se tornar hexacampeão. A grande final do Mundial aconteceu no domingo (18/12), entre França e Argentina, onde os sul americanos levaram a taça. Como foi um evento na ordem do inesperado, não houve um brasileiro sequer que não tivesse sido impactado, emocionalmente, pelo resultado – o que é totalmente compreensível, conforme explica Rodrigo de Mello, coordenador da Escola Vereda: “nós nos frustramos, porque somos pegos por uma situação que não foi prevista”. No entanto, para ele, o risco não é idealizar algo, mas sonhar sem saber que pode dar errado também.
Seguindo esta linha de raciocínio, provavelmente as que mais sentiram com a derrota foram as crianças, pela pouca experiência de vida: “Nós adultos conseguimos perder com uma certa facilidade de compreender, porque estamos balanceando êxitos e derrotas ao longo da nossa vida. Para os mais jovens é um pouco diferente, porque eles estão começando esse caminho agora”. Por isso, é importante um preparo em relação às possíveis frustrações ao longo de um percurso.
Rodrigo pontua que “externalizar” um problema deveria ser algo mais natural, até para receber conselhos e/ou ajudar outras pessoas. “Falar sobre uma derrota precisa ser algo praticável, sem ser um tabu, algo vergonhoso, sem nos colocarmos para baixo. Porque só assim nós vamos conseguir trocar com os outros, no sentido de ‘Olha, eu superei assim’. Talvez, para você, não funcione, mas, pelo menos, já existe um ponto de partida”. Quanto mais novo for o indivíduo, mais importante será a comunicação, pois os pequenos estão em formação e se espelham em pessoas próximas.
Como a escola e a família entram no “meio de campo”
O papel da escola, segundo Rodrigo, é o de reforçar que a expectativa e a frustração fazem parte da vida. “Para naturalizar essa questão, é importante se colocar como exemplo, então, mostrar ‘eu sou professor, mas errei aqui’. Nesse caso da Copa, outros times tinham tudo para ganhar, outras seleções também eram as favoritas em outros momentos, mas a frustração veio. ‘Como que eles conseguiram lidar com isso?’ A gente precisa evidenciar os exemplos e apontar o caminho”, afirma.
As famílias, além de promoverem uma segurança emocional, através do acolhimento, podem criar ambientes controlados para que se aprenda a lidar com a perda, conforme sugere o coordenador. “Acho que é importante, em alguns momentos, diminuirmos a quantidade de determinada coisa que uma criança tem. Por exemplo, se uma criança sempre recebeu dez chocolates, dar apenas oito vai fazer com que ela se frustre por ter dois a menos. Então, expor esse jovem indivíduo a esse tipo de situação e promover uma conversa, um esclarecimento, de que isso pode acontecer, faz parte da realidade, ajuda a se preparar para o futuro e para outras decepções”, explica.
Algumas técnicas que podem auxiliar os pequenos nos momentos de “descontrole emocional” giram em torno do “aqui” e do “agora”, como o respirar fundo e o prestar atenção nas sensações físicas e ruídos do ambiente. Uma boa recomendação é, em momentos de derrotas ou frustrações, não reprimir os sentimentos expostos, ainda que essas demonstrações sejam excessivas, mas tentar canalizar e guiar para uma vivência mais controlada e realista – isto é, orientando aos pequenos sobre as reais possibilidades de sucesso e fracasso, dois lados de uma mesma moeda que coexistem interligados.
Além delas, Rodrigo salienta que, para a final da Copa, os pais e responsáveis podem trazer na memória aqueles dias felizes que tiveram, pontuando que a perda não significa que os momentos anteriores não valessem de nada. “Acho que cabe muito a questão de valorizar a experiência e a companhia. A partir disso, conseguimos nos ater ao que realmente importa e criar outros tantos momentos bons”, conclui o coordenador.
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