No golpe da falsa imobiliária os criminosos criam sites copiando anúncios de outros portais (imavem de Freepik)
- Especialista explica como estelionatos atuam e como crime atinge diversas pessoas
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil apresentou mais de 1,9 milhão de casos de estelionatos em 2024. Isso significa que um brasileiro é vítima de golpe a cada cinco minutos. O setor imobiliário está entre os alvos destes criminosos. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC) as fraudes na área tiveram um aumento de 26% nos últimos anos. Um desses golpes comum no setor é o da falsa imobiliária.
“Os bandidos copiam anúncios reais publicados por imobiliárias sérias e os republicam em sites paralelos, muitas vezes com aparência profissional e nomes parecidos com marcas conhecidas. Esses portais não são imobiliárias de verdade, nem plataformas oficiais como OLX, Zap ou Imovelweb. O objetivo é gerar contatos, o que chamamos de leads, ou aplicar golpes usando imóveis reais para ganhar credibilidade”, explica o gestor de Tecnologia e Inovação do Grupo URBS, Henry Jennings Corrêa.
Ele conta como esses falsos sites funcionam na prática. “Os criminosos copiam anúncios de várias imobiliárias sem permissão, criam um portal paralelo que parece legítimo, cheio de imóveis e atraem interessados via Google, redes sociais ou anúncios pagos. Quando o cliente entra em contato, dois cenários comuns acontecem: eles vendem o contato do interessado para várias imobiliárias, sem transparência, ou aplicam o golpe direto. Fingem ser responsáveis pelo imóvel, pedem sinal de reserva ou taxa de visita e desaparecem”.
Prejuízo triplo
Henry Corrêa destaca que esse golpe causa prejuízo para todas as partes envolvidas. “Os donos do imóvel veem seus anúncios sendo usados indevidamente, muitas vezes com informações alteradas e os interessados na locação podem cair em golpes ao pagar valores a pessoas que não são os proprietários ou imobiliárias”, afirma sobre clientes das imobiliárias sérias e os interessados no aluguel ou venda do imóvel em questão.
Para as empresas os transtornos também são grandes. “As imobiliárias sérias têm perda de visibilidade e credibilidade, pois o cliente pode achar que já viu aquele imóvel em outro site e achar que há duplicidade ou confusão. A versão falsa, às vezes, aparece até melhor posicionada no Google, desviando o tráfego. O contato gerado pelo portal clandestino já chega ‘saturado’, porque foi revendido a várias imobiliárias e isso encarece o custo de captação e reduz as chances de fechamento. Há ainda o risco de imagem, pois se o cliente for enganado, muitas vezes associa o golpe à imobiliária verdadeira do anúncio, gerando danos à reputação”.
Dicas para se proteger
O gestor de Tecnologia e Inovação do Grupo URBS orienta como as imobiliárias podem se proteger desse tipo de golpe. “Monitore o Google com buscas do nome e dos códigos dos imóveis para identificar cópias; envie notificações extrajudiciais para remoção de conteúdo não autorizado; registre marcas e URLs oficiais para dificultar falsificações e oriente os proprietários e clientes sobre canais oficiais da empresa”, destaca.
Já para os clientes também há orientações. “Normalmente os bandidos pedem um sinal para garantir a venda ou visita, ou pagamento da taxa de reserva para levar as chaves ou ainda que o proprietário está fora do país, mas eles podem agilizar o contrato”, exemplifica. “Por isso, sempre confirme se o imóvel está no site ou canal oficial da imobiliária. Ligue diretamente para a empresa antes de fazer qualquer pagamento. Nunca pague sinal ou reserva via PIX para pessoas físicas desconhecidas e desconfie de ofertas muito abaixo do preço de mercado”, salienta Henry Corrêa.