Passados mais de três anos, morte de ciclista folclórico de Valparaíso fica impune

  • Carlos Alberto de Araújo morreu após, segundo família, ter sido espancado no Bairro Rio Branco, onde morava, mas laudo da PCDF não trouxe provas suficientes para Justiça punir supostos culpados

POR AMARILDO CASTRO

O caso gerou comoção na cidade, quando em janeiro de 2020 o Blog do Amarildo publicou uma reportagem onde relatava o sofrimento da família do ciclista folclórico de Valparaíso de Goiás, Carlos Alberto de Araújo, que segundo os informantes, teria sido agredido em sua própria casa no bairro Rio Branco, na mesma cidade após supostamente negar dinheiro emprestado a duas mulheres.

Após isso, Alberto foi levado ao Centro de Atendimento Integrado à Saúde (CAIS) no mesmo bairro para atendimento, mas o estado de saúde do ciclista era muito grave, ele então foi encaminhado para o Hospital Regional do Gama, no Distrito Federal, e depois para o Hospital Rgional de Santa Maria, também no DF, e por fim, já em estado muito delicado de saúde, Carlos Alberto foi internado no Hospital de Base com grave dificuldade para respirar. Lá, permaneceu por quase um mês, onde veio a falecer no mês de fevereiro do mesmo ano.

Durante as investigações policiais, as mulheres que chegaram a ser presas suspeitas da morte por espancamento, negaram os fatos e teriam afirmado que Alberto teria tentado agredí-las sexualmente, fato negado por ele enquanto esteve vivo, em tratamento. Na versão dele (enquanto vivo, e respaldado pela família), o fato ocorreu porque ele negou emprestar dinheiro às mulheres em sua própria casa. Alberto relatou isso à sua família várias vezes enquanto estava lúcido, antes de falecer.

Carlos Alberto era uma das personalidades mais queridas em Valparaíso de Goiás. Ele faleceu no Hospital de Base, no DF em fevereiro de 2020

Após denúncia da família (pelo espancamento), cerca de três meses depois, duas mulheres chegaram a ser presas pelo Grupo de Investigação de Homicídios de Valparaíso de Goiás. As mulheres seriam vizinhas de Carlos Alberto, mas foram soltas por falta de provas, e desde então, ninguém mais foi preso e por horas a polícia não mais procura as mesmas mulheres, uma vez que o laudo cadavérico da morte do ciclista só ficou pronto em 20 de agosto de 2021 por peritos da Polícia Civil do DF.

O documento não conseguiu provar ( e relacionar à sua morte às agressões) um fato que indicasse uma agressão brutal, como a família reclamava e reclama até hoje, concluindo que Alberto foi morto por choque séptico de foco indeterminado. Assim, o laudo foi enviado ao Grupo de Investigação de Homicídios, em Valparaíso de Goiás no mesmo ano, mas as entrelinhas do documento não trouxeram à polícia, subsídios para continuar a investigação.

Na semana passada, a reportagem do Blog do Amarildo esteve no GIH, que por meio de um responsável, apenas citou que a investigação foi concluída e enviada à Justiça. A reportagem apurou que os documentos sobre a investigação da morte de Carlos Alberto está no Ministério Público do Estado de Goiás, que pode ou não aceitar algum tipo de denúncia. No entanto, embora a reportagem ainda não tenha falado com o MPGO, há pouca possibilidade que isso ocorra devido à falta de provas sobre os ‘prejuízos’ à saúde do ciclista à época.

Na prática, o aludo sobre a morte do ciclista não serviu de provas para comprovar que Carlos Alberto morreu devido às supostas agressões.

Silêncio e revolta

Durante muito tempo a família do ciclista se silenciou por medo de supostas retaliações, e até hoje, é muito discreta em comentar o tema. Os poucos entes de Carlos Alberto que falaram à reportagem pediram para não ter o nome revelado e são unânimes em dizer que faltou punição aos supostos autores das agressões ao ciclista. “O laudo sobre a morte dele demorou demais para ficar pronto, e acredito que só fizeram para cumprir uma rotinha, pois não nos ajudou em nada”, reclama um parente.

“Sensação de impunidade, não vai acontecer mais nada, infelizmente nossa Justiça é assim. A gente sabe que mataram ele com as agressões, mas não temos mais o que fazer, agora só a Justiça Divina”, relatou uma pessoa próxima ao ciclista morto.

Em relação às mulheres que chegaram a ser presas, supostamente por terem agredido Carlos Alberto, não há qualquer notícia sobre elas ou fato novo que leve a crer que a Justiça possa incriminá-las.

Laudo da PCDF não faz relação direta da morte do ciclista com as supostas agressões

Be the first to comment

Leave a Reply

Your email address will not be published.


*