15 mitos e verdades sobre hábitos que comprometem a fertilidade masculina

Especialista elenca os principais comportamentos que podem prejudicar na tentativa de reprodução, problema que afeta 15% da população mundial

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente um em cada cinco casais tem problemas para engravidar – no Brasil isso representa cerca de 8 milhões de brasileiros afetados pela infertilidade. Além disso, estima-se que entre os casais, 40% dos casos são gerados por desequilíbrios na saúde ou hábitos de vida do homem. O assunto gera frustração e envolve muitas dúvidas e tabus. Porém, quanto antes forem diagnosticadas as causas, maiores as chances de reversão do quadro.

Os métodos de reprodução assistida geram ótimos resultados e não deve existir constrangimento e, sim, compreensão entre o casal. Pensando nisso, o especialista em reprodução assistida na Huntington Medicina Reprodutiva e médico urologista pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), Guilherme Wood, preparou uma lista com mitos e verdades sobre a fertilidade masculina com dicas importantes.

“O esclarecimento sobre a infertilidade é extremamente importante, principalmente, diante das fake news que constantemente são propagadas sobre este tema. Por isso, ressaltamos a relevância de sempre buscar fontes seguras antes de disseminar as informações recebidas sobre essa e qualquer outra recomendação de saúde”, explica o dr. Guilherme Wood. “Vale reforçar que sempre devem ser procuradas clínicas seguras e que tenham uma equipe qualificada para tirar dúvidas sobre o caminho da maternidade e paternidade”, finaliza o especialista do Grupo Huntington.

Existe relação entre performance sexual e infertilidade.

Mito. “Mesmo sendo sexualmente ativos e satisfazendo suas parceiras, os homens podem ser inférteis. A infertilidade não tem nada a ver com a virilidade, potência ou desempenho sexual. Ou seja, é diferente falar em quantidade e qualidade do esperma e a qualidade de fertilização”, explica o médico urologista.

A utilização de equipamentos eletrônicos no colo pode atrapalhar a fertilidade.

Verdade. O aumento de temperatura constante e prolongado próximo aos testículos pode, sim, prejudicar, pois afeta e produção de espermatozoides. Segundo uma pesquisa da Live Science, espermatozoides colocados longe de dispositivos eletrônicos, mas mantidos na mesma temperatura, possuem mais mobilidade e menos danos ao DNA do que os que ficaram quatro horas próximo aos equipamentos.

Os alimentos afrodisíacos aumentam a fertilidade da população em geral.

Mito. Essa é uma das dúvidas mais populares. A autora Martha Hopkins do livro Intercourses pesquisou o tema e aponta que não existem evidências que sustentem o uso com esse fim. Esses tipos de alimentos aumentam o desejo e a libido, porém não influenciam ou potencializam diretamente a fertilidade do homem. De acordo com ela, apenas aqueles que têm problemas de circulação sanguínea, podem ter efeito semelhante, pois esses alimentos relaxam os vasos e melhoram o fluxo do sangue para os genitais.

O uso de plásticos causa problemas de infertilidade.

Verdade. “Uma pesquisa recente destaca que o líquido utilizado na fabricação de plásticos produz substâncias químicas que prejudicam a produção hormonal e podem atrapalhar a qualidade dos espermatozoides. O elemento também pode ser liberado ao esquentar a comida no micro-ondas em um desses recipientes”, declara o dr. Guilherme Wood.

Consumo de peixes influencia para infertilidade.

Mito. A ingestão de proteína branca e magra é indicada para uma saúde plena. É importante apenas tomar cuidado com uma possível contaminação por mercúrio, substância presente no alimento, além, claro de sempre verificar a procedência. Aliás, o Departamento de Nutrição da Harvard T.H. Chan School of Public Health analisou que a qualidade do esperma dos homens pesquisados foi melhor nos que comeram mais peixes de carne branca, como bacalhau ou linguado. Já os homens que se alimentaram com peixes gordurosos, como salmão, anchova ou atum, tiveram uma contagem de espermatozoides 34% maior do que aqueles que comeram menos peixe.

Alguns lubrificantes podem prejudicar a fertilidade.

Verdade. A espermicida é uma substância que pode ser encontrada em alguns preservativos, cremes, películas, espumas, géis e supositórios. Essa substância mata os espermatozoides e impede que se movam livremente, atrapalhando a fertilização.

Bebidas alcóolicas e cafeína causam infertilidade masculina.

Verdade. “O consumo excessivo das duas bebidas pode influenciar na qualidade do sêmen, segundo estudos clínicos realizados na Dinamarca. Por exemplo, mais de duas xícaras de café expresso por dia e cinco ou mais doses de álcool por semana prejudicam o tratamento de fertilização in vitro”, conta o especialista.

O sedentarismo não tem relação com a dificuldade de engravidar.

Mito. Como já é de conhecimento, o sedentarismo e a obesidade estão correlacionados e podem prejudicar a saúde. Estudos apontam que homens obesos ejaculam menos do que os que estão em peso ideal. Uma vida saudável, incluindo atividades físicas de três a cinco vezes por semana, é um caminho importante para melhorar a fertilidade. Uma pesquisa americana concluiu que o aumento de peso masculino foi associado a um nível mais baixo de testosterona, pior qualidade do esperma e fertilidade reduzida em comparação com homens de peso normal. A probabilidade de infertilidade aumenta em 10% para cada 9 kg que um homem está acima do peso.

Roupas soltas podem ajudar na produção de espermatozoides.

Verdade. Estudo da Universidade de Harvard revelou que calças e cuecas muito apertadas podem comprometer a produção de espermatozoides. Homens que usaram vestuários mais largos e deixaram os testículos “resfriados” produziram 25% mais de espermatozoides, além de terem liberado 17% mais espermatozoides em cada ejaculação perante os outros pesquisados.

Instabilidades psicológicas podem afetar a fertilidade.

Verdade. É possível que alguns sentimentos, como ansiedade, depressão e até o estresse, desencadeiem em uma alteração hormonal que pode influenciar negativamente o organismo e interferir na qualidade de produção dos espermatozoides. É preciso manter o equilíbrio emocional e, para isso, algumas técnicas de controle podem ajudar, desde o uso de terapias ou medicamentos, até acupuntura e massagens.

A alimentação, obesidade e hábitos de vida influenciam na infertilidade.

Verdade. A obesidade pode reduzir a qualidade dos espermatozoides, por isso a desinflamação do corpo e controle de peso devem fazer parte da rotina. Assim como a alimentação natural e equilibrada, dando preferência para proteínas magras, cereais e sementes que auxiliam na saúde reprodutiva e podem até melhorar a fertilidade. Já o uso de drogas e o tabagismo diminui a qualidade e a quantidade de espermas.

A vasectomia causa infertilidade.

Mito. Em muitos casos esse tratamento pode ser revertido por meio de uma cirurgia que reconecta os canais que foram separados, voltando assim a expelir o sêmen. Após o procedimento, é feito um espermograma, para confirmar que voltaram a ser ejaculados os espermatozoides.

Quem já teve filhos não terá problemas futuros com a fertilidade.

Mito. Existem algumas doenças, como a varicocele, que podem ir piorando com o passar do tempo. Ou seja, em alguns casos, certas patologias se agravam ou surgem posteriormente e impedem que tenha mais filhos.

Alguns medicamentos e anabolizantes podem causar infertilidade.

Verdade. Existem fármacos, como os usados contra o câncer, que alteram a função testicular. Porém, é possível preservar a fertilidade por meio do congelamento dos espermatozoides antes de iniciar o tratamento. Cabe perguntar ao médico sobre possíveis efeitos colaterais ao iniciar o uso de um algum medicamento. Já os anabolizantes podem causar impotência sexual e problemas na capacidade reprodutiva, pois o corpo diminui a produção de alguns hormônios, interferindo no ciclo natural do organismo.

Uma boa rotina de sono beneficia os hormônios.

Verdade. Estudos indicam que a ausência de sono tem associação direta com a baixa fertilidade, pois é nessa hora que são produzidos hormônios que afetam a qualidade de vida e dos espermatozoides. Por isso, é indicado um descanso diário entre 6 e 8 horas por dia. “Aliás, estudo recente realizado em Taiwan apoia a hipótese de que a apneia obstrutiva do sono aumenta o risco de infertilidade em pacientes do sexo masculino”, conclui.

Colaboração de Huntington Medicina Reprodutiva/Comunica Brasil

Com foto ilustrativa de pixabay.com

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