- Congresso promete avanços no combate ao câncer de pulmão com debate sobre tramitação de Projeto de Lei no Senado Federal e discussões científicas
Em agosto de 2024, Brasília será palco de um evento decisivo para a saúde pública no Brasil: o 1º Congresso Brasileiro de Câncer de Pulmão. O encontro, organizado pela Aliança contra o Câncer de Pulmão, composta por seis sociedades médicas de destaque, temabertura oficial no dia 13 de agosto, no Plenário do Senado Federal. A sessão, que acontece das 10h às 12h, promete lançar luz sobre uma doença frequentemente negligenciada e destacar a necessidade urgente de melhorias no acesso ao tratamento.
“O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer no Brasil, mas, apesar de sua gravidade, continua sendo uma doença negligenciada. Apenas 15% dos pacientes são diagnosticados em estágios iniciais, o que resulta em baixas taxas de sobrevida e altas taxas de mortalidade. O diagnóstico tardio não apenas afeta a saúde dos pacientes, mas também impõe um enorme fardo econômico ao país”, diz Carlos Gil Ferreira, oncologista torácico e Presidente do Instituto Oncoclínicas.
Um estudo do Insper, com apoio da AstraZeneca, revelou que 80% dos gastos do SUS com câncer de pulmão estão relacionados à alta mortalidade da doença. O relatório destaca a necessidade de diagnóstico precoce para reduzir custos e melhorar a sobrevivência, recomendando a implementação de políticas de rastreamento para fumantes e ex-fumantes a partir dos 50 anos. Com custos totais de R$ 1,3 bilhão em 2019, segundo dados do estudo, o câncer de pulmão representa um desafio econômico significativo devido ao diagnóstico tardio e à alta mortalidade precoce.
Abertura no Senado Federal
A sessão de abertura no Senado Federal reúne autoridades políticas e de saúde para discutir os desafios de estrutura e acesso ao manejo do câncer de pulmão no Brasil. O evento marca o início de uma discussão científica e política que se estenderá ao longo do congresso, nos dias 14 e 15 de agosto, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB).
Entre os participantes da abertura estarão a Ministra da Saúde, Dra. Nísia Trindade Lima, o Deputado Weliton Prado, Margareth Dalcolmo e Carlos Gil Ferreira, que destacará a necessidade de um esforço conjunto para enfrentar a doença em apresentação da Aliança contra o Câncer de Pulmão. “A Aliança contra o Câncer de Pulmão é uma colaboração essencial que une seis das principais sociedades médicas do Brasil com o objetivo de transformar a abordagem ao câncer de pulmão no país. Juntos, estamos comprometidos em promover a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz desta doença,
melhorando significativamente a saúde pública e salvando vidas”, afirma.
A Aliança contra o Câncer de Pulmão é uma colaboração inovadora entre seis das principais sociedades médicas brasileiras: Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT), Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT). Seu objetivo é unir esforços para promover a prevenção, detecção precoce e tratamento do câncer de pulmão, que é a principal causa de morte por câncer no Brasil. A Aliança busca
implementar políticas públicas eficazes, aumentar a conscientização sobre a doença, capacitar profissionais de saúde, e expandir o uso de tecnologias de saúde digital para alcançar populações em regiões com baixa oferta de serviços.
Projeto de Lei 2550/2024
A sessão no Senado também abordará a tramitação do Projeto de Lei 2550/2024, de autoria da Deputada Flávia Morais, que estabelece diretrizes para a política de rastreamento e diagnóstico precoce do câncer de pulmão no Sistema Único de Saúde (SUS). “Este projeto é um passo importante para melhorar as taxas de diagnóstico precoce e, consequentemente, as taxas de sobrevida dos pacientes”, diz.
O PL 2550/2024 propõe ações como a implementação de projetos educativos para a prevenção do tabagismo, estratégias de comunicação para ampliar o conhecimento sobre a doença, educação permanente dos profissionais de saúde e a utilização de saúde digital para alcançar populações em regiões com baixa oferta de serviços. O projeto também recomenda a realização anual de tomografia computadorizada de baixa dose (TCBD) para indivíduos de alto risco.
Durante o congresso, que ocorre nos dias 14 e 15 de agosto, a discussão científica aprofundará os temas abordados na abertura. Especialistas de diversas áreas discutirão estratégias de prevenção, detecção precoce e tratamento do câncer de pulmão, propondo ações concretas para enfrentar os desafios atuais.
“O 1º Congresso Brasileiro de Câncer de Pulmão representa uma oportunidade única para unir esforços e enfrentar uma doença que continua a ser uma das maiores ameaças à saúde pública no Brasil. A abertura no Senado Federal e a subsequente discussão científica no congresso prometem trazer avanços significativos na luta contra o câncer de pulmão, destacando a importância de políticas públicas eficazes e acesso ampliado ao tratamento”, afirma Carlos Gil.
Para mais informações sobre o congresso, visite o site oficial do evento.
Sobre Carlos Gil Ferreira
Carlos Gil Ferreira é oncologista com graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1992), residência em Oncologia Clínica pelo INCA (1997) e doutorado em Oncologia Experimental pela Free University of Amsterdam (2001). Entre 2002 e 2015, foi pesquisador sênior no INCA, onde liderou iniciativas importantes como a criação do Banco Nacional de Tumores e DNA.
Desde 2018, é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor Científico do Grupo Oncoclínicas, assumindo também a posição de Chief Medical Officer (CMO) em 2021. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) de 2022 a 2024. Internacionalmente, é membro do Board of Directors da International Association for the Research and Treatment of Lung Cancer (IALSC) e do International Affairs Committee da ASCO. Foi editor de obras importantes como “Oncologia Molecular” e recebeu vários prêmios, incluindo o Partners in Progress da ASCO em 2020. Sua atuação foca principalmente em câncer de pulmão, ensaios clínicos e biomarcadores.