- No maior festival de motos e rock da América Latina, histórias emocionantes mostram que o vento no rosto é o mesmo, esteja você no guidão ou na garupa
Eles não pilotam, mas vivem a estrada com a mesma intensidade. Entre as mais de 850 mil pessoas que circularam pelo Capital Moto Week, maior festival de motos e rock da América Latina, milhares compartilham a estrada de outro lugar: a garupa. E, ao contrário do que muitos imaginam, a experiência ali não é de passividade, mas de escolha, conexão, liberdade e identidade. Na Cidade da Moto muitos garupas são ativos na organização de viagens, no planejamento dos motoclubes, no apoio logístico e até na linha de frente de projetos sociais.
“Estar na garupa não é só acompanhar, é compartilhar o caminho, a adrenalina, o vento no rosto e as decisões de rota”, revela a empresária Vyrlei Gairson Araújo (45), que participa do festival há anos e escolheu a Cidade da Moto como cenário do próprio casamento. Segundo ela, o casamento no CMW é, acima de tudo, a celebração da liberdade, da parceria e de um amor que nasceu entre curvas inesperadas. Garupa há mais de uma década, ela transformou a estrada em estilo de vida: “Mesmo sem pilotar, eu vivo o motociclismo todos os dias.”
O amor pelo universo das garupas não é difícil de ser encontrado quando o assunto é Capital Moto Week. Basta dar uma volta pelas ruas da cidade da moto para ver que a relação piloto garupa ultrapassa o aspecto da carona. É o caso da administradora de empresas Ludmila Rocha Toledo Cunha (42). “Eu comecei a me apaixonar pelo motociclismo por meio do meu marido, que é apaixonado desde que nasceu. Nós já tivemos várias motos e, agora, a gente está quase chegando na moto dos sonhos”, afirmou.
O casal saiu de Anápolis, interior de Goiás, rumo ao CMW. Foram mais de 200 km de estrada juntos. Mas essa foi apenas uma das milhares de viagens que eles já fizeram juntos. “Nossa maior aventura (dela na garupa) foi um percurso até Uberlândia, em Minas Gerais. Fiquei mais de 6 horas na moto sem parar”, revelou Ludmila. Já o maridão aproveitou para se declarar para a esposa. “A companhia dela era o que faltava para me completar”, declarou Sherman Madruga Cunha (46).
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Uma perspectiva única sobre a estrada
Viver a cultura da moto a partir da garupa é mais do que acompanhar o piloto. É experimentar o mundo sob outra perspectiva, onde o envolvimento emocional, simbólico e até espiritual com a estrada é intenso. Quem está ali aprende a confiar, a observar o caminho com mais calma e, muitas vezes, a desejar ir além. “Comecei na garupa, mas a vontade de pilotar cresce com o tempo”, revela Vivi, que ainda enfrenta barreiras para assumir o guidão.
Entre um motoclube e outro, encontrar um garupa não é tarefa fácil, especialmente no universo masculino. Porém, no meio da tenda do Águias de Cristo, estava o Lucas Gomez (24), vendedor de máquinas agrícolas. Andar na garupa também é sinônimo de praticidade e boas companhias, pelo menos é o que ele acredita. Natural do Uruguai, saiu de Paysandú direto para o Capital Moto Week na moto do irmão. Os dois percorreram 2.700 km em três dias de viagem. “Na verdade, é comum a gente gostar mais de pilotar, né?! Mas durante um caminho tão longo, a sensação é diferente demais. Uma experiência à parte”, brincou Lucas.
Uma cultura em movimento
A vivência da garupa ajuda a romper estereótipos sobre o motociclismo. Em vez de “apenas acompanhar”, muitos preferem definir sua presença como um outro jeito de estar sobre rodas, com autonomia, voz ativa e pertencimento. “Se depender das histórias vividas no Capital Moto Week, cada vez mais pessoas vão se reconhecer, seja no guidão ou na garupa. Porque, no fim das contas, a liberdade que move o motociclismo não está em quem dirige, mas em como se escolhe viver a estrada”, afirma Juliana Jacinto, CEO do festival. Ela própria, que é garupa do marido, revela: “A garupa me ensinou que estar ali já é viver o motociclismo com intensidade”.
Sobre o Capital Moto Week 2025
De 24 de julho a 2 de agosto, Brasília foi palco do maior festival de motos e rock da América Latina. O CMW, que atraiu 856 mil pessoas e 370 mil motos e mais de 1,8 mil motoclubes de todo o Brasil e do mundo, é reconhecido por proporcionar uma experiência inesquecível, reunindo rock, adrenalina e cultura motociclista em um complexo de mais de 320 mil m². Além dos 107 shows de 2025, o CMW ofereceu programação variada com atrações como tirolesa, bungee jump, roda-gigante e cinco palcos temáticos, com identidades únicas para agradar todos os gostos musicais do rock. O festival é um dos poucos no Brasil certificado como Lixo Zero e zera as emissões de carbono, integrando iniciativas de inclusão, diversidade e sustentabilidade à cadeia produtiva do entretenimento.