Inteligência Artificial acelera operações bilionárias e transforma o papel de analista financeiro

by Amarildo Castro
  • Ferramentas baseadas em inteligência artificial já automatizam documentos de alta complexidade; A expectativa é que a tecnologia eleve a produtividade em até 40%

Ferramentas baseadas em inteligência artificial generativa vêm sendo adotadas por bancos, gestoras financeiras e escritórios jurídicos para automatizar etapas intensivas em tempo e mão de obra, como a elaboração de prospectos de IPOs, contratos de fusões e aquisições e relatórios regulatórios.

A promessa não é apenas produtividade, mas uma verdadeira mudança de paradigma: deslocar o foco do trabalho repetitivo para as decisões estratégicas de maior impacto. Segundo levantamento da McKinsey & Company, a automação de processos por IA no setor pode elevar a produtividade dos times em até 40%. Já um estudo da PwC prevê que o uso de IA no setor bancário deve gerar ganhos globais de até US$ 300 bilhões até 2030.

“É como treinar um analista júnior incrivelmente rápido, que precisa da supervisão de um sênior”, resume Fabio Tiepolo, CEO da StaryaAI, startup brasileira especializada em agentes autônomos baseados em IA. Segundo ele, os ganhos vêm não apenas da automação, mas da forma como os modelos são treinados para entender os jargões, formatos e nuances do setor financeiro.

A startup utiliza o Nebula Engine, abordagem similar ao modelo RAG (Retrieval-Augmented Generation), em que a IA não apenas “lembra” do que foi treinada, mas consulta bases de dados atualizadas e seguras, como documentos internos, legislações e sistemas jurídicos. O objetivo é garantir uma geração de conteúdo com rastreabilidade e menor risco de respostas baseadas em suposições.

Embora os avanços sejam promissores, questões como viés algorítmico ou imprecisões ainda demandam cuidado. Para mitigá-los, a StaryaAI criou a solução Nebula Safety, que adota o modelo Human-in-the-Loop como padrão: toda saída da IA é revisada por profissionais humanos, com rastreabilidade total de quem interagiu com o sistema e em que momento.

Para Tiepolo, diferentemente do hype inicial da IA como substituta do trabalho humano, a abordagem atual é centrada na colaboração. “O analista continua no comando. A IA potencializa o trabalho, agilizando tarefas operacionais e permitindo mais foco nas decisões estratégicas”, explica o CEO.

Mas enquanto grandes players globais aceleram a adoção da IA, o Brasil caminha com cautela. A tramitação do Marco Legal da IA (PL 2338/2023) demonstra uma intenção clara de regulamentar a tecnologia com foco em segurança e transparência, embora o cenário ainda esteja marcado por insegurança jurídica. “A vantagem do Brasil é poder aprender com os erros dos pioneiros e aplicar a experiência adquirida com legislações como a LGPD. Mas é preciso ter cautela com a insegurança jurídica, pois uma regulação mal desenhada pode frear toda a inovação”, complementa Fabio Tiepolo.

Postagens relacionadas

Deixe um comentário