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Foto Shutterstock/Divulgação Marketing Uniube: educação básica pode ter déficit de 44 milhões de professores até 2030, aponta UNESCO |
Relatório da entidade aponta ainda que países da América Latina e Caribe terão demanda superior a 3 milhões de novos docentes O primeiro relatório mundial sobre professores da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) estima que, em escolas de todo o mundo, serão necessários 44 milhões de professores até 2030. Nos países da América Latina e Caribe, a necessidade é de aproximadamente 3,2 milhões de docentes. Essas estimativas do “Relatório Global sobre Professores: abordar a escassez de professores e transformar a profissão”, disponível aqui, sinalizam um risco ao cumprimento da meta estabelecida pelo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 da Organização das Nações Unidas (ONU), que visa assegurar uma educação inclusiva, de qualidade e equitativa, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos até 2030. Na educação primária, de acordo com o relatório da UNESCO, serão necessários 13 milhões de professores, o que demandará a criação de 2,9 milhões de novos cargos e, na secundária, 31 milhões de docentes, culminando na necessidade de se criar 15,6 milhões de novos postos de trabalho. Nesse contexto, será preciso um investimento anual de US$ 120 bilhões até 2030 para que as necessidades mundiais na educação básica sejam atendidas. A explicação para o déficit Os fatores apontados pelo relatório que podem explicar a escassez mundial de professores são a baixa remuneração, condições precárias de trabalho, baixo status social da profissão, desigualdades de gênero e abandono do exercício profissional, além da contratação de profissionais sem qualificação adequada. A gestora do curso de Pedagogia presencial e licenciaturas da Uniube, Lucia Helena Junqueira, comenta que a escassez de professores na educação básica é um desafio global que impacta diretamente não só a qualidade do ensino, mas também o futuro das próximas gerações. “É essencial que os países definam estratégias para incentivar e reter profissionais no magistério. Quando não há docentes em número suficiente ou quando esses profissionais se sentem desmotivados e deixam a carreira, quem sofre são os estudantes, que têm menos acesso a uma educação de qualidade e mais dificuldades para desenvolver seu potencial”, diz Junqueira. A gestora ainda ressalta a importância dos professores, que mais do que mediação do conhecimento, contribuem com a consolidação de valores humanos e a formação de cidadãos com visão crítica e reflexiva, além de promoverem a inclusão e redução das desigualdades sociais. “É alguém que organiza, contextualiza e dá sentido ao que os alunos aprendem. O professor é um agente transformador, que ultrapassa os limites da sala de aula e impacta diretamente a construção de uma sociedade mais justa e consciente”, pontua Junqueira. O que pode ser feito? Para contornar a situação alarmante, além do empenho coletivo e de investimentos por parte dos governantes — 6% do Produto Interno Bruto (PIB) e 20% do total de gastos governamentais —, uma das recomendações apresentadas no levantamento da UNESCO é a transformação da formação inicial e o desenvolvimento profissional de esforços individuais dos professores, com base em cursos para processos ao longo da vida. Nesse sentido, Junqueira destaca que mais do que o preparo inicial de qualidade, a formação continuada, como pós-graduações e cursos de aperfeiçoamento, faz toda a diferença na valorização do docente, tendo em vista que as mudanças no mundo contemporâneo são aceleradas pelo surgimento de novas tecnologias, metodologias de ensino, demandas sociais e desafios educacionais. “O professor está mais preparado para adaptar sua prática, inovar e responder às necessidades dos estudantes. Além disso, a formação continuada fortalece a identidade profissional do docente, amplia seu repertório pedagógico e promove trocas de experiências com outros colegas, o que contribui para a construção coletiva do conhecimento”, conclui Lucia Helena Junqueira. |