Leandro Dourado: “Minha mãe, Sônia, viveu muito à frente de seu tempo”

by Amarildo Castro
  • Moradora do Guará, Sônia Dourado faleceu na madrugada de quarta-feira, 26. Velório será nesta quinta-feira, dia 27 na Casa da Cultura, das 10h às 18h

POR AMARILDO CASTRO

A região administrativa do Guará, no Distrito Federal, continua a lamentar a perda da professora e ativista cultural Sônia Dourado, de 78 anos. Ela faleceu na madrugada de quarta-feira, dia 26, em um hospital particular de Águas Claras, após travar luta contra a Doença de Alzheimer, e amis recentemente, outras complicações de saúde. À reportagem do Blog do Amarildo, Leandro Dourado, um dos quatro filhos de Sônia falou sobre a vida da mãe, revelou que toda a família está muito abatido, mas disse que ao mesmo tempo se sente confortável por saber que a matriarca foi um modelo de pessoa para sua geração, e que muito contribuiu com o Guará e do Distrito Federal.

Leandro (E), com a mãe Sônia ao fundo e outros integrantes da família: “Ela sempre esteve muito além de seu tempo”

“Maioria sabe que minha mãe foi que ajudou a fundar a primeira Casa da Cultura no DF, a do Guará, mas o pessoal mais jovem desconhece tudo o que ela fez naquele período, então relembro que à época, no final da década de 1980 e início de 1990, centenas de pessoas do Guará e região tiveram a oportunidade de aprender uma profissão por meio dos cursos gratuitos da Casa da Cultura planejados por ela e isso nos deixa felizes”, comentou.

Leandro disse ainda que Sônia viveu como se estivesse muito além de seu tempo, de sua própria geração. “Era uma pessoa totalmente descolada, defendia a causa de grupos que antes não tinham nenhum apoio, como a comunidade LGBT, gostava de ser totalmente fashion, pintando os cabelos de vermelho e outras cores vivas, mostrando o quanto ela já era moderna e com uma personalidade forte”, comentou.

Sônia lecionou por vários anos na Rede Pública de Ensino do Distrito Federal, passado pelo CED 01, da QE 38 e Centro de Ensino Especial 01 do Guará I, sempre com sua profissão raiz, professora de artes. Era muito querida pelos seus alunos à época em que estava na ativa e mesmo aposentada, continuava a ser lembrada pelos seus ex-alunos.

Na sua estadia pelo Guará, cidade a qual ainda morava, começou residindo na IAPI, com seus pais, mais tarde foi para a QE 32 e QE 28.

Luciano Lima era amigo de Sônia desde a infância

Lideranças lamentam perda

“Recebi com muita tristeza a notícia do falecimento da minha querida e amada amiga Sônia Dourado. Ela será eternamente a minha “primeira-dama” da cultura do Guará. Tive a alegria e a honra de estar ao seu lado em diversas lutas em defesa da cultura da nossa cidade. Nunca vou me esquecer do carinho com que ela me tratava. Era quase um carinho de mãe, que muitas vezes acariciava e outras puxava as orelhas. Te amo, Sônia Dourado! Sou vida e sua história já estão na eternidade antes mesmo da sua passagem “, disse Luciano Lima, historiador, jornalista e radialista.

Sônia Dourado com Miguel Edgar; “Aprendizagem com uma grande profissional”

“A minha formação cultural começa nas mãos da professora Sônia, minha professora da primeira à quarta série, ela gostava muito de contar histórias de que eu me escondia embaixo da sua mesa para não ir para as outras aulas. Figura sensacional e de extrema importância para a cultura do Brasil. Sônia Dourado estará sempre presente”, disse Miguel Edgar, da Confraria Guará.

“Que notícias triste. Perde o Guará uma de suas mais entusiasta pessoa. Alegre, criativa e excelente amiga. Vai fazer muita falta, principalmente,  por que a cidade está passando por uma grande mudança,  com a partida de uma geração que muito amou e fez acontecer e as novas gerações. Vá em paz minha grande amiga. Aqui, as feiras, os bares, os educadores, a cultura, a felicidade e a alegria, estarão, sempre, a te saudar e reverenciar”, disse o empresário Gilson Pacheco no grupo de WhatsApp ‘Guará’, que agrega moradores locais e lideranças.

Mayara Franco com Sônia Dourado: frequentadora do São João do Guará

Responsável ao lado de outras lideranças pela organização do São João do Guará, Mayara Franco disse que Sônia frequentava todas as edições do evento, sempre com o mesmo carisma de sempre. Além disso, foi professora de sua mãe, sempre com a atenção e carinho que se espera de um docente. Era ainda integrante e ativa no Grupo Mães e Filhas. “Pessoa maravilhosa”, comentou.

“Conheci a Sônia em seus tempos de Administração do Guará, e assim mantemos contato durante muito tempo, era uma pessoal extraordinária”, disse o presidente da Junta de Prefeituras Comunitárias do Guará (Junpag), Zé Maria.

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