Abrasel teme que lobby de bancos acabe com parcelado sem juros no cartão de crédito

Congresso Nacional deve colocar em pauta nos próximos dias as novas regras para os juros do crédito rotativo
  • Entidade alerta para aleijamento nessa modalidade de pagamento e prejuízos para comércio e consumidores

O Congresso Nacional deve colocar em pauta essa semana as novas regras para os juros do crédito rotativo no Projeto de Lei 2685/22. O texto prevê um prazo de 90 dias para que os bancos imponham um limite aos juros do cartão. Entidades que representam o comércio temem que o lobby dos grandes bancos chegue a um fator que pode prejudicar consumidores e empresários: o fim do parcelamento sem juros como forma de compensação. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) alerta para um prejuízo astronômico na economia caso haja distorções no projeto.

As compras no cartão de crédito respondem por 40% do consumo brasileiro, um volume anual de R$ 2 trilhões, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Metade desse valor é feito no parcelado sem juros. Os bancos discursam que assumem todo o risco da inadimplência nessa modalidade, mas ignoram outros atores que bancam o sistema. Os lojistas, por exemplo, arcam com esse custo pagando, a cada transação feita, a chamada tarifa de intercâmbio, que resulta em bilhões de receita por ano para os bancos.

“Na contramão da estabilidade financeira e na promoção de um sistema mais equitativo e responsável, os bancos travam uma campanha agressiva para aleijar o parcelado sem juros”, afirma o Presidente-Executivo da Abrasel, Paulo Solmucci.

De acordo com o executivo, hoje os bancos se dizem engajados em uma batalha contra taxas do rotativo do cartão, mas precisam assumir que são altas porque não há competição e transparência nos juros cobrados no momento da oferta dos cartões. “É necessário que compitam entre si por encargos menores e isso só ocorrerá quando houver a portabilidade. Isto é, quando o cliente puder transferir o saldo de seu empréstimo para instituições que façam melhores ofertas”, sugere.

 Alimentados por todo o sistema, em conjunto, os quatro maiores bancos reportaram um lucro líquido combinado de R$ 24,3 bilhões no segundo trimestre desse ano. Para a Abrasel, qualquer alteração no parcelado sem juros prejudicará somente o consumidor, o pequeno e o médio negócios. “As autoridades fazendárias não podem endossar esse movimento. Já fizemos esse apelo ao Ministro Fernando Haddad. O parlamento também, votando o Programa Desenrola, deve ficar atento na defesa dos comerciantes e do cidadão”, conclui Solmucci.

Sobre a Abrasel_

A Abrasel é uma organização de cunho associativo empresarial que tem como missão representar e desenvolver o setor de alimentação fora do lar (AFL), facilitando o empreender e melhorando a qualidade de vida no País. O setor que a Abrasel representa é uma das forças motrizes da nossa economia, com bares e restaurantes presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros.

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