De acordo com o estudo da Codeplan, as pessoas com 60 anos ou mais serão 16,6% dos habitantes. O índice de envelhecimento, em 10 anos, será de 95%
O envelhecimento populacional tem ocorrido em todo o mundo. Um estudo recém-lançado pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) demonstrou que a capital federal segue pelo mesmo caminho.
De acordo com a pesquisa Projeções Populacionais para as Regiões Administrativas do Distrito Federal 2020-2030, o DF terá crescimento no número de idosos (com 60 anos ou mais) e queda na população jovem (0 a 14 anos), resultando num índice de envelhecimento de 95% em 10 anos, o que significa que, a cada 100 jovens, existirão 95 idosos.
A estimativa é de que a população idosa suba de 346.221, em 2020, para 565.382, em 2030, passando de 9,3% do número de habitantes para 16,6%. Um crescimento acelerado com taxas em torno de 5% ao ano entre 2010 e 2030. Enquanto isso, os jovens cairão de 601.865 para 595.207 em uma década, deixando de ser 19,7% do percentual total para 17,5% da população. Em dez anos, a estimativa é de que o DF tenha 3,4 milhões de habitantes.
“Esse é um processo que está acontecendo no mundo inteiro. Não é particular do DF, nem do Brasil. A gente já sabia o que estava acontecendo”, afirma a gerente de Pesquisas e Estudos Quantitativos de Políticas Sociais da Codeplan, Julia Pereira.
As baixas taxas de fecundidade e aumento da expectativa de vida estão entre as causas para esse fenômeno etário. Mesmo que o estudo revele uma tendência esperada, ele serve para gerar insumos para que o governo possa lidar com a mudança de forma política. “Costumo dizer que esses estudos são importantes para o planejamento de políticas públicas”, completa.
Políticas públicas
Atualmente, o GDF conta com a Subsecretaria de Políticas para Idoso e o Conselho do Idoso, ambos vinculados à Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), para tratar dos temas ligados à terceira idade.
O grande programa da pasta dedicado aos idosos é Sua Vida Vale Muito. Em formato itinerante, o projeto circula pelas regiões administrativas do DF oferecendo serviços de saúde, bem-estar e assistência social e jurídica de forma gratuita para pessoas acima de 60 anos. Até o ano passado, já haviam sido feitos mais de 12 mil atendimentos.
Outra iniciativa é a Capoterapia em casa. Em parceria com o Instituto Ladainha IL, são atendidos 250 idosos com dinâmicas que ajudam nas pequenas tarefas cotidianas, fortalecimento dos vínculos familiares e sociais, além da promoção da inclusão digital. As inscrições podem ser feitas pelo site Capoterapia em casa.
Além disso, são feitas capacitações com o objetivo de coibir e prevenir a violência contra o idoso e ofertadas a ouvidoria e a CNH Social.
“Ser idoso hoje é viver uma parte ponderável da vida. A gente não pode simplesmente ignorar a existência dessa população. Todos os indicativos demonstram a modificação da pirâmide etária”, avalia a diretora de Programas de Integração Social da Sejus, Jamile Passarella.
“Não existe mais esse idoso de antigamente, de pijaminha dentro de casa. A pessoa com 60 anos está no mercado de trabalho, viajando, com poder aquisitivo bom e tem perspectiva de viver mais 30 anos. Isso gera um mercado”, completa. Para ela, Brasília pode se tornar uma cidade modelo para se envelhecer.
Envelhecendo com saúde
Há 12 anos, o professor de educação física Fernando Antônio Barreira criou o projeto Vô, vó! Malhar é no Parque, que ocorre no Parque Olhos D’água, na Asa Norte, com atividades físicas para a terceira idade.
“A gente nota que o idoso não é bem atendido na academia. Som alto, local fechado. É uma geração que malhava nos colégios. Quis montar uma atividade para essa população que cresce e sobrevive mais tempo, e que fosse com saúde e em atividade”, comenta o idealizador.
Três vezes por semana, os alunos fazem um circuito de uma hora com musculação e aeróbico. “Essa também é uma forma de independência do idoso da família. É uma atividade para o bem-estar deles, porque não é só a atividade física, tem a social”, diz. A parte social trata-se da interação entre os alunos e também das viagens em grupo organizadas pela iniciativa. A próxima parada é Porto de Galinhas.
A aposentada Maria Augusta, 83 anos, é uma das alunas pioneiras. Ela entrou no projeto quando tinha 71 anos e gosta muito. Deficiente visual, a ex-engenheira da Novacap buscava uma atividade física para praticar perto de casa e se manter ativa. “Eu fazia pilates, mas não tinha como ir. Aqui é mais fácil, mais perto da minha casa, além de ser ao ar livre”, afirma.
Regiões com mais idosos
Apesar dos dados não surpreenderem, o que chama a atenção na pesquisa é a constatação de que o envelhecimento ocorre em todas as regiões administrativas do DF. “Ficamos com a impressão de que esse processo se dava apenas em regiões de mais alta renda. Mas o estudo mostra que aparece em todas as regiões consideradas mais jovens”, explica Juliana Pereira.
O crescimento da proporção de idosos é visto em todas as RAs, desde aquelas com o topo das pessoas mais velhas, como Lago Sul, Park Way e Cruzeiro, até aquelas no fim da lista, como Sol Nascente/Pôr do Sol, SCIA/Estrutural e SIA.
Lançado em 5 de maio, o estudo seguiu a metodologia da pesquisa semelhante de 2018, com o acréscimo de uma consulta pública a especialistas em desenvolvimento urbano, habitacional e território do DF, e às administrações das regiões administrativas.
Com informações da Agência Brasília
Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
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