Câncer do personagem Afonso Roitman pode ser atribuído a estresse emocional? Especialista explica 

by Amarildo Castro
  • Psicólogo Jair Soares esclarece como a psicossomática interpreta o adoecimento 

Na novela Vale Tudo, exibida na emissora Globo, a personagem tia Celina (Malu Galli) atribui a leucemia do sobrinho Afonso a uma vida marcada por estresse, frustrações e desgaste emocional. Fora da ficção, a relação entre câncer e aspectos psicossomáticos desperta debates entre especialistas. Embora a ciência médica reconheça a leucemia como um câncer hematológico originado na medula óssea, a psicossomática oferece uma interpretação complementar, a de que o corpo pode expressar dores emocionais por meio de doenças físicas.

Segundo Jair Soares, psicólogo, professor e fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT), criador da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), a conexão emocional não pode ser descartada. “A depressão é conhecida, na maioria das vezes, como um desequilíbrio químico. Entretanto, entendemos este quadro como uma tentativa do corpo de interromper uma dor emocional que se repete silenciosamente. Por isso, tratar as causas destes sintomas é essencial para um desfecho definitivo”.

Na visão da psicossomática, o câncer é descrito como a “tristeza da célula”, uma metáfora para a sobrecarga emocional que, não elaborada, pode se refletir no funcionamento do organismo. Jair reforça que sintomas físicos podem ser compreendidos como linguagem do inconsciente. “Quando as causas não falam, o inconsciente reage através dos sintomas”, alerta o especialista. 

No caso específico da leucemia, ela tem origem justamente no local onde nasce nossa capacidade de renovação. A medula óssea é nosso centro de regeneração constante, produzindo continuamente novas células para nos manter vivos e vitalizados. Quando esta função é comprometida, simbolicamente estamos lidando com questões relacionadas à nossa capacidade de nos renovarmos emocionalmente, de encontrarmos sempre novas razões para viver, de mantermos nossa curiosidade e entusiasmo pela vida.

Muitas pessoas que desenvolvem leucemia descobrem, ao olhar retrospectivamente para suas vidas, que passaram longos períodos vivendo de forma contrária à sua natureza essencial, sufocando seus verdadeiros desejos, sonhos e necessidades em favor de expectativas externas ou padrões auto-impostos que não refletiam sua autenticidade. Esta condição frequentemente emerge após períodos onde a pessoa sentiu que sua essência mais profunda foi atacada, desvalorizada, ignorada ou não reconhecida. É como se o próprio núcleo do seu ser tivesse sido ferido de tal forma que a produção natural de vitalidade ficou comprometida. A leucemia, neste sentido, pode ser vista como um grito de socorro do nosso sistema mais fundamental, uma manifestação física de um desequilíbrio que se originou nos níveis mais profundos da nossa experiência emocional e espiritual.

A TRG, metodologia desenvolvida pelo IBFT, propõe revisitar lembranças marcantes desde a infância, em um processo que conduz ao reequilíbrio neurológico. “Após esse trabalho, não restam gatilhos, apenas lembranças. A dor que paralisa hoje tem uma raiz emocional antiga. Se tratamos só o efeito, a origem continua ativa. E é por isso que a depressão costuma voltar, mesmo depois de tratamentos convencionais”.

A abordagem, segundo Jair, pode ser aplicada sem o uso de medicamentos, partindo do princípio de que cada sintoma tem uma lógica emocional própria. “As experiências vividas, os sentimentos não expressos, os silêncios guardados,  tudo isso deixa marcas. O tratamento é um caminho para revisitar essas camadas emocionais que nunca foram realmente compreendidas”.

Embora não substitua os tratamentos médicos indicados para a leucemia, como quimioterapia, imunoterapia e transplante de medula, a perspectiva psicossomática busca oferecer um olhar complementar ao cuidado integral da saúde. Para Jair, o que está em jogo é a possibilidade de compreender o adoecimento como um chamado interno. “A depressão pode até ter muitos nomes, distimia, episódio depressivo, burnout, mas, no fundo, carrega sempre um mesmo chamado, algo dentro de nós precisa ser visto, ouvido e cuidado”.

Como lidar com frustrações sem adoecer

As pressões da vida moderna, a sensação de sobrecarga constante e os ciclos de frustração são fatores que, quando não elaborados, podem abrir caminho para transtornos emocionais. Jair Soares explica que reconhecer os limites do corpo e da mente é o primeiro passo para não transformar tensões cotidianas em sofrimento prolongado.

Segundo ele, estratégias como criar espaços de pausa, estabelecer vínculos afetivos de confiança e aprender a identificar emoções antes que se transformem em sintomas são formas de prevenção. “As experiências vividas, os sentimentos não expressos, os silêncios guardados, tudo isso deixa marcas. O tratamento é um caminho para revisitar essas camadas emocionais que nunca foram realmente compreendidas”.

De acordo com o especialista, a TRG pode auxiliar nesse processo ao oferecer protocolos que permitem reprocessar situações que ficaram registradas como traumas ou frustrações. Dessa forma, evita-se que novas tensões se acumulem sobre antigas dores. A recomendação é que, diante de sinais persistentes de tristeza, apatia ou ansiedade, a pessoa busque apoio profissional para ressignificar ou, como propõe a metodologia, reprocessar  esses conteúdos antes que se manifestem em adoecimentos físicos ou emocionais.



Sobre o IBFT

O Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT) é uma instituição educacional dedicada à formação de terapeutas especializados em saúde emocional. Fundado com o propósito de transformar vidas por meio do conhecimento, o IBFT oferece formações em diversas áreas, incluindo a Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), uma metodologia desenvolvida para tratar dores emocionais profundas. Com mais de 50 mil terapeutas formados no Brasil e no exterior, o instituto se destaca por sua abordagem prática e eficaz no tratamento de traumas, fobias, depressão, ansiedade e outros transtornos emocionais.

Para mais informações, visite o site ou o Instagram.

Sobre Jair Soares

Jair Soares dos Santos é psicólogo, terapeuta, hipnólogo, pesquisador e professor, além de ser o fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT). Criador da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), sua trajetória é marcada por desafios pessoais que o motivaram a buscar soluções eficazes para o sofrimento emocional. Após enfrentar episódios de depressão e insatisfação com abordagens terapêuticas tradicionais, Jair dedicou-se ao desenvolvimento de uma metodologia que pudesse proporcionar alívio real e duradouro aos pacientes. Sua formação inclui graduação em Psicologia pela Faculdade Integrada do Recife e especializações em áreas como hipnoterapia e análise comportamental. 

Atualmente é doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO) na Argentina, onde desenvolve uma pesquisa com a TRG em pessoas com depressão e ansiedade, alcançando resultados promissores com a remissão dos sintomas nestes participantes. Há mais dois doutorados com a TRG a serem desenvolvidos neste momento.

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