CCBB Brasília recebe em 06/02 mostra sobre o Egito Antigo

Exposição gratuita reúne peças originais entre esculturas, pinturas, objetos litúrgicos, sarcófagos e uma múmia humana; o acervo é oriundo do Museu Egípcio de Turim, na Itália, um dos mais importantes do mundo

O Centro Cultural Banco do Brasil Brasília recebe, a partir de 06 de fevereiro, a exposição Egito Antigo: do cotidiano à eternidade. Sucesso em suas passagens pelo Rio de Janeiro e São Paulo, a exibição foi eleita a melhor mostra internacional de 2020 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e fica em cartaz até 25 de abril, seguindo segue uma série de protocolos sanitários adotados pelo CCBB Brasília frente à pandemia da Covid-19 – informe-se aqui. A visitação é gratuita, com necessidade de agendamento pelo aplicativo Eventim ou pelo site www.eventim.com.br.

Ao todo, a mostra reúne 140 peças que têm em comum a relevância para o entendimento da cultura egípcia, que manteve parcialmente os mesmos modelos religiosos, políticos, artísticos e literários por três milênios. Aspectos da historiografia geral do Egito Antigo serão apresentados de forma didática, por meio de esculturas, pinturas, amuletos, objetos cotidianos, um Livro dos Mortos em papiro, objetos litúrgicos e óstracons (fragmento de cerâmica ou pedra usados para escrever mensagens oficiais), além de sarcófagos, múmias de animais e uma múmia humana da 25ª dinastia.

“O principal objetivo é possibilitar um entendimento qualificado sobre a cultura egípcia”, explica Pieter Tjabbes, curador da mostra junto com Paolo Marini. “Organizamos as obras em diversos recortes, diferentes instâncias, ultrapassando limites temporais e regionais”, completa. Uma réplica da tumba de Nefertari e uma pirâmide cenográfica fazem parte da exposição.

Egito Antigo

Por volta de 4.000 a.C., os povos do Egito viviam em pequenas unidades políticas, os nomos, e eram governados por nomarcas, que se reuniram em dois reinos, o Baixo Egito, ao norte, e o Alto Egito, ao sul. Reconhecido como berço de umas das primeiras grandes civilizações da Antiguidade, o Egito Antigo se formou a partir da unificação do Alto Egito e Baixo Egito, no reinado de Menés (Narmer, em grego), o primeiro faraó, entre 3.100 a.C. e 3.000 a.C. – e se desenvolveu até 30 a.C., após a derrota de Cleópatra pelo Império Romano, na Batalha de Alexandria.

Foram quase 3.000 anos de relativa estabilidade política, prosperidade econômica e florescimento artístico, alternados por períodos de crises. O legado dessa civilização desperta fascínio até hoje e teve grande influência na moda, no design, na arquitetura e em cultos europeus, como a maçonaria e a Rosa Cruz, sendo que, a partir do século 19, virou mania na Europa (egiptomania).

Muitas das peças de Egito Antigo: do cotidiano à eternidade são resultantes de escavações do século 19 e início do século 20, e todas são oriundas do Museu Egípcio de Turim (Museo Egizio), da Itália. Fundado em 1824 por Carlo Felice di Savoia, rei da Sardenha, o museu italiano reúne a segunda maior coleção egiptológica do mundo (depois do Museu do Cairo), com cerca de 40.000 artefatos do Egito Antigo. Seu acervo é resultado da junção das peças da Casa Savoia (adquiridas desde o século 17) às da coleção que o monarca comprara das escavações de Bernardino Drovetti, cônsul da França no Egito (1820-1829) – e outra parte do acervo foi descoberta pela Missão Arqueológica Italiana (1900-1935), quando ainda era possível a divisão dos achados arqueológicos.

A exibição é dividida em três seções: vida cotidiana, religião e eternidade, que ilustram o laborioso cotidiano das pessoas do vale do Nilo, revelam características do politeísmo egípcio e abordam suas práticas funerárias. Cada seção apresenta um tipo particular de artefato arqueológico, contextualizado por meio de coloração e iluminação projetadas para provocar efeitos perceptuais, simbólicos e evocativos. As cores escolhidas são: amarelo para a seção da vida cotidiana; verde para a religião; azul para as tradições funerárias – associadas a três intensidades da iluminação (brilhante, suave e baixa).

Vida cotidiana (seção amarela)

O dia no Egito Antigo começava quando os primeiros raios de luz emergiam do akhet (horizonte) para iluminar Kemet, a terra negra (Egito). Este também é o momento em que a jornada de Egito Antigo: do cotidiano à eternidade tem início: o cotidiano é apresentado por meio de vídeos e fotografias – do Nilo, de sítios arqueológicos, tumbas e objetos importantes. As imagens transportam o público para o modo de vida de uma civilização intimamente ligada à figura do Sol, Deus representado em pinturas, escritos, adereços e objetos, entre outros artefatos, relacionados ao Egito Antigo.

O amarelo que colore essa seção está associado ao Sol, mas também ao ouro (material do qual a pele dos deuses era feita), assim como ao tom ocre comumente usado em Deir el-Medina – a vila abrigava artesãos das tumbas do Vale dos Reis, de onde vêm a maior parte da informação sobre o dia a dia dos antigos egípcios.  Por meio dos objetos expostos – adornos, artigos de higiene, pentes, frascos de cosméticos, sapatos, vestimentas, entre outros – é possível entender aspectos como trabalho e saúde da civilização egípcia.

Os níveis sociais em torno da cultura e das esferas administrativas e sacerdotais eram reservados a altos dignitários, que desfrutavam dos maiores privilégios, praticavam caça e pesca e cuidavam do corpo com óleos, pomadas, banhos e perfumes. Tanto mulheres quanto homens usavam maquiagem, especialmente o kohl, uma mistura preta aplicada ao redor dos olhos, que servia a um propósito protetor. 

Já os camponeses viviam como o esteio da economia, junto com os servos. Suas vidas e trabalho eram determinados por um evento cíclico fundamental: a inundação do Nilo, em julho, que transformava os campos em pântanos lamacentos. Era muito incomum mudar de classe social, mas um escriba poderia melhorar muito seu status, uma vez que seu conhecimento era requisito para os cargos mais altos: era necessário dominar o hieróglifo e a escrita administrativa, em particular hierática (versão cursiva do hieróglifo), muito mais rápida, usada em anotações e documentos. Enquanto o hieróglifo era escrito em pedra ou papiro precioso, o hierático era registrado em óstracons.

Religião (seção verde)

A segunda parte da exibição irá ilustrar a relação dos egípcios com o sagrado, levando o visitante para dentro de um templo, em um ambiente em tons de verde. Essa cor está ligada a muitos conceitos, em especial ao renascimento e à regeneração, assim como à cor da pele do deus Osíris, rei dos mortos, e à tonalidade do papiro, feito a partir da planta identificada com o Nilo, que crescia na água e representava uma nova vida. A luz é suave, para evocar o que teria sido a iluminação típica dos templos, onde os cultos oficiais eram praticados e os sacerdotes escreviam os textos sagrados e determinavam a vida religiosa. Eram subdivididos em espaços públicos e sagrados, nos quais apenas alguns sacerdotes e o rei podiam entrar. Sua arquitetura substituía progressivamente a luz pela penumbra e escuridão.

A religião egípcia era politeísta, marcada por um grande número de divindades maiores e menores. A forma mais íntima de devoção pessoal era o culto votivo, que envolvia a consagração de objetos representando as divindades.

Muitos deuses assumiam a forma animal, e espécies associadas a divindades específicas eram adoradas. Nos templos, um animal associado a um deus poderia ser considerado sua encarnação e, se morresse, seria mumificado e poderia ser deixado como oferenda. Foram encontradas centenas de milhares de múmias, especialmente gatos para a deusa Bastet, cães para o deus Anúbis, falcões para o deus Hórus e íbis para o deus Thoth. As múmias eram acompanhadas de objetos em vários materiais, incluindo estátuas de divindades e estelas de pedra calcária, diante das quais as oferendas seriam deixadas.

Outro aspecto importante da religião era a magia, desde a vida cotidiana até os ritos funerários – às vezes, considerada o único remédio contra o comportamento incompreensível dos deuses, demônios, anjos e espíritos dos mortos. A doença era vista como uma possessão por uma entidade prejudicial que precisava ser derrotada. As estátuas de cura pertencem a essa esfera e apareceram pela primeira vez no Império Novo (iniciado em cerca de 1500 a.C.), podendo curar picadas de cobra e escorpião, com a água ou leite que era derramada sobre elas e sobre os textos mágicos que cobriam as feridas.

Eternidade (seção azul)

A escuridão noturna, fase em que a deusa Nut engolia o Sol, era associada ao reino dos mortos; e o azul é a cor do lápis-lazúli, mineral precioso valorizado pelos egípcios. Em um ambiente com iluminação azul meia-noite, considerada por eles a cor da eternidade, o terceiro espaço expositivo irá abordar as tradições funerárias e a vida após a morte. A luz ainda mais fraca sugere os locais fechados e selados das câmaras funerárias, onde os bens da sepultura eram originalmente colocados. Assim, o visitante é transportado ao interior de uma tumba para acompanhar desde a sua idealização e construção até o sofisticado ritual de mumificação.

Os elementos da arquitetura das tumbas atendiam exigências relacionadas às crenças funerárias. Esse ritual atingiu sua máxima expressão com a mumificação, que era considerada uma proteção do corpo para continuar a vida após a morte.  Os órgãos internos eram retirados, tratados e guardados em vasos canópicos, pois os egípcios acreditam que era preciso preservá-los para assegurar a vida eterna; só o cérebro era descartado; e o coração, a casa da alma, era recolocado na múmia. Essa função protetora da mumificação era reforçada pela recitação de fórmulas mágicas, representando espíritos ou divindades particulares, e posicionando amuletos em pontos específicos da múmia: o djed (hieróglifo em forma de pilar) era colocado atrás do corpo, como símbolo de estabilidade e força; o besouro coberto de fórmulas mágicas protetoras, no coração; os espíritos funerários, no músculo cardíaco; as divindades protetoras, nos órgãos do abdômen.

A partir do Império Médio (iniciado em cerca de 2000 a.C.), as tumbas ganharam estatuetas funerárias, conhecidas como shabtis, que tinham a tarefa de substituir o falecido se fosse convocado para realizar trabalho agrícola ou qualquer outra tarefa após a morte. No entanto, o objeto mais importante era o caixão, cuja função principal era preservar o corpo. Ao longo dos séculos, mudou tanto em forma quanto em decoração e, muitas vezes, era identificado com Nut, a deusa do céu e mãe divina, que acolhia os mortos e lhes permitiria começar uma nova vida. 

Interatividade

Egito Antigo: do cotidiano à eternidade apresenta ainda uma seção interativa, com um vídeo de reconstrução 3D de monumentos, baseado em dados reais, que permitirá aos visitantes percorrer lugares no Egito Antigo. Serão desenvolvidas atividades lúdicas e ainda será possível tirar selfies com a esfinge ou a pirâmide, atendendo todos os protocolos de segurança e respeitando o distanciamento social. Haverá ainda uma réplica de escavação. A reconstrução de uma das salas de tumba da rainha Nefertari, cujas pinturas de parede são consideradas como ‘a Capela Sistina do Egito Antigo’, completa a visita da exposição.

Após passar por Brasília, Egito Antigo: do cotidiano à eternidade será apresentada no CCBB Belo Horizonte. A exposição é patrocinada pelo Banco do Brasil (por meio do edital Programa de Patrocínio 2018/2019 – Centro Cultural Banco do Brasil), pela BB DTVM, BB Seguros e tem copatrocínio da Brasilprev e apoio do Banco Votorantim. O projeto conta com apoio da Lei de Incentivo à Cultura. A produção e organização são da Art Unlimited.

Serviço

Egito Antigo: do cotidiano à eternidade

De 06/02/2021 a 25/04/2021

Centro Cultural Banco do Brasil Brasília                             

Endereço: Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 2, Lote 22 – Asa Sul, Brasília

De terça a domingo das 9h às 20h30

Entrada gratuita, mediante agendamento pelo app Eventim ou site www.eventim.com.br

Classificação indicativa livre

Texto e fotos: Colaboração da Agência Galo

Informações: (61) 3108-7600

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