
POR AMARILDO CASTRO
Desde que a reportagem do Blog do Amarildo (www.blogdomarildo.com.br) voltou a tratar do tema construção civil no Guará, em especial com o avanço novamente dos arranha-céus neste ano de 2025, muitos leitores questionam o por quê dessa Região Administrativa do Distrito Federal, depois de passar 30 anos sem um arranha-céu sequer, e a partir de 2008, essas construções altas e gigantescas, estão tomando a cidade, ocupando o pouco que ainda restava de áreas verdes.

Em primeiro lugar, é preciso entender que os vários gramados vazios que até a pouco tempo existiam na cidade, nenhum deles haviam sido reservados para permanecer como área verde. Ou eram terrenos da Terracap, sem uma destinação já definida, ou pertenciam a órgãos como a Secretaria de Educação do DF, ou à União. E nesse último caso, essa é a situação de um ‘quadradão’ que fica em frente às QEs 19 e 21/QE 36, onde atualmente vários prédios ou foram construídos ou estão em construção, com apartamentos de até R$ 2,7 milhões.

PDL de 2006 foi a origem da mudança
Muitos culpam ao ex-deputado Alírio Neto, de supostamente ter feito uma espécie de campanha na Câmara Legislativa para mudar a lei, para que cidade recebesse arranha-céus. Mas isso não procede, porque a mudança foi feita por meio da aprovação do Plano Diretor Local (do Guará) em dezembro de 2006, quando a gestão 2003/2006 estava no fim e Alírio não era deputado. Foi em dezembro daquele ano que deputados, quase que na ‘surdina’, aprovaram o novo PDL do Guará, mudando os padrões de gabarito das construções na cidade.

Sob pressão das construtoras, e em uma época que sequer havia redes socais ou internet aos moldes de hoje, os distritais daquela gestão não tiveram dificuldades em aprovar esse PDL do Guará. Assim, uma Lei Complementar nº 733, de 13 de dezembro de 2006 fio sancionada e liberava a construção de prédios no Guará praticamente ‘aos moldes’ de Águas Claras.
Em seguida, quando muitas construtoras já haviam comprados terrenos, em especial na Avenida Contorno do Guará II e no Sof Sul, essas empresas se apresaram em colocar em prática projetos com arranha-céus com mais de 20 andares.

Decreto tentou barrar arranha-céus, mas não resistiu
Nesse mesmo período, o então governador do DF, José Roberto Arruda chegou a assinar um decreto que barrou essas construções por alguns meses, mas as construtoras conseguiram derrubar o decreto após entrar na Justiça e novamente pressionar os distritais. Assim, o caminho continuou aberto para os arranha-céus.
Posteriormente o PDF do Guará foi revogado, mas em 2019, uma revisão na LUOS (Lei do Uso e Ocupação do Solo) trouxe novamente mudanças para o Guará, onde muitas áreas que antes eram exclusivamente residencial passaram a ser mistas, e hoje, em vários pontos da cidade, a lei permite a construção de edifícios de até 14 andares, ainda com algumas exceções onde edifícios, com autorização especial do Iphan, poderiam ser ainda maiores.

Região administrativa em área geográfica de destaque chama atenção
Um dos motivos para que a Região Administrativa do Guará seja tão cobiçada é porque a região é interceptada pelas principais artérias e rodovias que conectam os mais importantes centros urbanos do Distrito Federal, assim como os centros regionais, sendo favorecida, também, pela sua proximidade ao Aeroporto. Isso faz dela um importante ponto estratégico que estimulou, ao longo do tempo, sua consolidação como um dos mais dinâmicos polos de comércio, lazer e serviços do DF, com grande oferta de shoppings, hipermercados, bares e restaurantes, o que faz do Guará uma das cidades mais autônomas. Os dados são da Codeplan, em pesquisa recente sobre demografia no DF.
Além disso, o Guará, além de sua proximidade com o Plano Piloto, tem um dos metros quadrados mais caros do DF, boa infraestrutura e segurança.
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