Dia Mundial sem Tabaco

31 de Maio de 2023 às 10:45

Crédito: Carlos Costa/ Denise Xavier

Brasil é referência mundial de combate ao fumo, mas enfrenta uso crescente de cigarro eletrônico pelos jovens. Alego e Ministério Público promovem campanha contra os vapes, tão ou mais maléficos que cigarros comuns.

Fumava-se. 

O Brasil do último século era, como tantos países, uma imensa névoa de nicotina. Fumava-se no trabalho, fumava-se em lojas, bares, restaurantes e ônibus interestaduais – mesmo em viagens noite adentro, um passageiro baforava à vontade em cima dos outros. 

Fumava por volta de 1990, por exemplo, aproximadamente o triplo de brasileiros que fumam neste 31 de maio de 2023, no qual se comemora mais um Dia Mundial Sem Tabaco. 

Fumava-se, até 1998, em assentos reservados nos aviões, como se a delimitação dos lugares impedisse a fumaça de se alastrar pela aeronave.

Fumavam os famosos: Cartola, Tom Jobim, Nelson Rodrigues, Paulo Autran e Chico Anysio, todos eles, e tantos outros, vítimas de doenças ligadas ao tabagismo. Clarice Lispector quase morreu incendiada ao esquecer um cigarro aceso e dormir em seguida.

Fumavam os médicos, tanto no consultório quanto em propagandas de cigarro. Nessas, aliás, também fumavam crianças, cachorros e o Papai Noel. Um cartaz da Segunda Guerra, esse norte-americano, traz um bebê elogiando o bom gosto do seu pai por fumar Marlboro. 

Era comum fumar não só nos filmes, mas também diante deles, nos cinemas, impregnando com a fumaça irrespirável dos cigarros os espectadores em volta.

Quando o Brasil tinha 90 milhões em ação, na época da Copa de 1970, mais de 20 milhões fumavam, cerca de dois a cada cinco brasileiros de 14 anos ou mais. Os menores de idade entram nessa conta até mesmo porque podiam comprar cigarros. Projeto do senador José Bernardino Lindoso de 1971 tentou proibir a venda a menores, mas foi arquivado, e essa proibição só viria com medidas das décadas de 1990 e 2000.

Em 1989, 35% dos adultos brasileiros fumavam. Desde então, a política pública nacional contra o tabagismo ganhou articulação e força inéditas, tornando-se uma das mais reconhecidas do planeta e reduzindo drasticamente o total de fumantes no país. Segundo a PNS 2019, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 12,8% dos adultos brasileiros fumam; conforme o inquérito telefônico Vigitel 2021, do Ministério da Saúde, são 9,1% de adultos fumantes nas 27 capitais, e em Goiânia, 10,4%. 

Isso, porém, quanto ao uso de cigarro convencional. Levando em conta o uso cada vez maior de cigarros eletrônicos, o Brasil tem, neste 31 de maio, um tanto menos a comemorar.

Cérebros em franca mudança

Fuma-se cigarro eletrônico – ou vape, pod, julle-cigarrettee-ciggy, e-pipependrive, tabaco aquecido, dispositivos eletrônicos para fumar – em bares, festas, universidades e escolas.

O cigarro eletrônico é fumado especialmente por quem é mais novo. Em Goiás, 23 de cada 100 estudantes entre 13 e 17 anos já o experimentaram, de acordo com a PeNSE 2019, do IBGE. Trata-se do quarto maior índice do país. O uso desse tipo de cigarro nos 30 dias anteriores à pesquisa, por sua vez, foi feito por 3,7% do mesmo recorte de alunos.

Confirmando a prevalência entre os mais jovens, o inquérito telefônico Covitel 2022, nacional, apontou que 20 de cada 100 brasileiros de 18 a 24 anos provaram o cigarro eletrônico, proporção que cai para dez de 100 na faixa de 25 a 34 anos, despenca para 3% entre as pessoas de 35 a 59 anos e ainda cai à metade disso entre quem tem 60 anos ou mais. 

Famosos como os cantores Zé Neto e Solange Almeida fumaram cigarros eletrônicos até se arrepender – ele teve problemas no pulmão, e ela, voz comprometida e falta de ar. 

Fuma-se cigarro eletrônico até a bateria acabar, comumente inalando mais nicotina do que com cigarros convencionais. Fuma-se cigarro eletrônico muitas vezes acreditando que a sua mistura de cheiros, sabores, luzes e vapores não faz tão mal, o que não é verdade. 

“Está mais do que provado, principalmente nos estudos in vitro e com ratos, que o cigarro eletrônico causa enfisema e lesão vascular e aumenta o risco de câncer”, afirma Luiz Fernando Pereira, pneumologista do Hospital Biocor, da Oncoclínicas e do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no qual coordena o ambulatório de cessação de tabagismo.

Especificamente no caso dos fumantes mais novos, há o agravante de o cérebro do adolescente estar em franca mudança, ter uma neuroplasticidade maior. “A nicotina aumenta em cinco vezes o risco de usar outras drogas”, alerta o pneumologista.

Pereira enfatiza ser recorrente vender uma nova opção de fumo como menos maléfica que a anterior: “Começou lá atrás com o rapé, o cachimbo, o charuto, o cigarro comum, o filtro, os cigarros light. Sempre se tentou dizer ‘olha, não é tão ruim, tem uma saída bacana aqui’. Agora vem a saída do eletrônico”, pontua. “É assustador porque a OMS [Organização Mundial da Saúde] afirma que temos pelo menos 80 substâncias nos cigarros eletrônicos. E há publicações falando em até 2 mil compostos.”

Muitas das substâncias encontradas são tóxicas e cancerígenas. Já foram confirmadas no cigarro eletrônico, por exemplo, a presença de propilenoglicol, derivados da glicerina, metais pesados, material particulado e alta concentração de nicotina. 

Uma dificuldade das análises é que os cigarros eletrônicos, hoje na quarta geração, têm mais de 500 marcas, muitos tipos e formas, cerca de 10 mil sabores e imensa variedade de substâncias, consequência da falta de padronização e regulamentação do produto. 

Nicotina disfarçada de tecnologia

Em uma afirmação sintética do Ministério da Saúde, “os cigarros eletrônicos nada mais são que uma inovação tecnológica para alterar a forma de consumo da nicotina”. 

Mas não se trata de uma inovação qualquer. O cigarro eletrônico livra o fumante de alguns efeitos desagradáveis do cigarro comum, como o forte cheiro característico e as manchas em unhas, dentes e pele. Quem dá um Google em “cigarro eletrônico” tende a cair em sites repletos de embalagens coloridas e inventivas que lembram as de perfume – embora a importação, propaganda e venda de dispositivos eletrônicos para fumar sejam proibidas desde 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que em 2022 ratificou essas proibições. 

Todas essas cores e formatos aparecem, ainda, acompanhados de imagens vistosas das frutas que saborizam e aromatizam os cigarros, sugerindo uma atmosfera inofensiva. Tanto isso é falso, porém, que o cigarro eletrônico já provocou até mesmo doenças inéditas. A EVALI, sigla em inglês para lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico, é uma doença pulmonar que foi detectada pela primeira vez em 2019 nos Estados Unidos. Podendo causar fibrose pulmonar, pneumonia e insuficiência respiratória, acarretou milhares de hospitalizações e dezenas de mortes naquele país. No Brasil também houve casos. 

Cientes desses e de outros males, a Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) e o Ministério Público de Goiás (MP-GO) estão promovendo campanha interna contra o cigarro eletrônico, alertando que ele “causa efeitos tóxicos no pulmão, tosse, problemas bucais e na garganta; pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro de jovens menores de 25 anos; afeta a memória e a concentração; vicia mais fácil que as outras drogas; possui alto índice de nicotina”.

Dois projetos de lei que tramitaram na última legislatura na Alego propuseram medidas contra o cigarro eletrônico: o de n5573/19, do ex-deputado Paulo Trabalho, visava instituir a política estadual de conscientização e prevenção ao uso de cigarros eletrônicos; o de no 5.402/19, do ex-deputado Rafael Gouveia, ecoando a resolução no 46/09, da Anvisa, mencionada acima, buscava proibir o uso, a comercialização, a importação, produção e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar em Goiás.

Arquivados, os dois projetos podem ser desarquivados por parlamentares da atual legislatura que decidam levá-los adiante.

Fumaça disfarçada de vapor

Fuma-se cigarro eletrônico acreditando que ele não vicia, mas, como ressalta a campanha da Alego e do MP-GO, isso também não é verdade. 

“Antigamente era preciso tragar muito mais forte para obter a dose [com potencial viciante] de nicotina. Hoje não. Uma tragadinha rápida e a nicotina está no seu cérebro, por isso é tão fácil viciar”, explica o pneumologista Luiz Fernando Pereira. 

O apelo do cigarro eletrônico é, como ocorria antigamente com o cigarro convencional, direcionado sobretudo à população jovem. “A indústria tabagista”, afirma Pereira, “sabe que, uma vez dependente, você usará a nicotina e seus derivados por 40, 50 anos. Começa a fumar com 15 e vai parar por doença lá na frente”. 

Replicando outra estratégia antiga, grandes empresas financiam estudos controversos. A OMS alertou, já em 2015, que a cada três publicações sobre cigarro eletrônico, uma tem viés duvidoso. Pereira aponta haver estudos sem nenhum rigor e com amostras insignificantes de pacientes que são publicados em revistas “de baixa a média credibilidade” e replicados mídias sociais afora, fazendo com que aquilo “que é fake se torne alguma verdade”. 

A “educação massiva” foi, inclusive, a recomendação da Anvisa ao reforçar a proibição de comercialização dos cigarros eletrônicos no ano passado. O pneumologista reforça ser esse o caminho. Apreensões não funcionam, pois novos vendedores ocupam os lugares deixados. É preciso, elenca, atacar o problema nas mídias sociais, fazer campanhas com influencers e educar os pré-adolescentes para que não se tornem, em alguns anos, os próximos a fumarem.

Também é preciso combater a ideia de que, como um produto recente, o cigarro eletrônico não teve seus males comprovados. “A gente já tinha quase 100 anos usando cigarro comum e o mundo científico foi aceitar uma evidência científica forte disso na década de 1950. A indústria [tabagista] só aceitou na década de 1980 que o produto que ela fabricava causava dependência. Então já tínhamos comprometido gerações de uma forma grave”, argumenta.

Usa-se eletrônico também estando bastante consciente dos seus malefícios. Bianca (nome fictício), moradora de Goiânia, 22 anos, fuma pods descartáveis desde os 20. “Comecei academia faz um tempo e parei um pouco de beber e sair, então já não uso com tanta frequência. Se decidisse parar, acho que não teria dificuldade. Sei que é algo que faz mal, que não me agrega nada”, diz. 

O que mais a motivou a começar, lembra, foi o ambiente de festa e bebida em que “todo mundo usa” o cigarro eletrônico. Fumante ocasional, hoje ela consegue fazer durar dois meses um pod descartável que para muitos duram uma semana. No começo, recorria ao eletrônico para “baixar a pressão, ajudar contra a ansiedade”. Recentemente, consegue evitá-lo “indo pra academia, conversando com alguém, se distraindo com outras coisas”. 

Bianca nunca provou cigarro comum por causa do cheiro. O eletrônico a atraiu pelo “gosto bom” e sabores como melancia, morango, menta e pêssego. Ela sabe, porém, que esse apelo gustativo disfarça os prejuízos de se fumar: “O pod atrapalha, piora a respiração, já senti isso. Usando menos agora, meu desempenho na academia está bem melhor”.  

Além de saboroso, o cigarro eletrônico é vendido como algo que gera vapor, não fumaça, uma vez que só se poderia falar em fumaça se houvesse combustão. “Há uma discussão no meio médico de se chamar de vapor ou fumaça”, diz Luiz Fernando Pereira. “Mas é um vapor cheio de problemas, não tem diferença para a fumaça. No ambiente fechado, o sujeito vaporizando, ele contamina o ambiente com particulados em maior quantidade, e esses particulados provocam muitos problemas cardiovasculares”, acrescenta.

Embora essa contaminação tenha sido comprovada, os efeitos em fumantes passivos foram tema de uma parcela menor dos estudos sobre cigarros eletrônicos até agora. 

Troca de seis por meia dúzia

Além de algo saboroso que não faria tão mal, o cigarro eletrônico é visto como algo que pode ajudar a abandonar o cigarro comum. “Se o adesivo de nicotina e a goma mascável ajudam [a deixar o tabagismo], é claro que o cigarro eletrônico, como um veiculador de nicotina, pode mesmo fazer parar de fumar o cigarro comum”, explica Luiz Fernando Pereira. “Só que, avaliando depois de um ano, 80% a 85% dos fumantes não largam o eletrônico, então trocam seis por meia dúzia.”

Também visto como um substituto do cigarro convencional, o narguilé seguiu um caminho muito parecido com o do cigarro eletrônico: entrou pelo meio adulto-jovem, especialmente a faculdade, e também com um engano, o de que a água tira as impurezas. Trata-se, na verdade, de uma forma de inalação de nicotina às vezes até mais tóxica que as outras. Fumantes inexperientes que fumam narguilé por horas em confraternizações absorvem imensas doses de nicotina e podem apresentar tontura, náuseas, vômitos, hipotensão, arritmia.

Quem busca parar de fumar precisa, segundo especialistas, somar força de vontade, busca de ajuda de profissionais treinados (saiba mais na página do Programa Nacional de Controle de Tabagismo) e apoio medicamentoso.

O jornalista goianiense Michel Victor, de 35 anos, começou a fumar com 14, fisgado pela ideia de independência atribuída ao cigarro na época e influenciado por um ambiente em que muitos familiares fumavam. A tentativa de parar de fumar, afirma, pode ser muito frustrante, mas é preciso “tentar quantas vezes for necessário”, porque as dores do enfrentamento ao vício “são passageiras e o retorno ao se conseguir é muito grande”. 

Sem fumar desde o último dia de 2022, ele começou a ir à academia, abandonou comidas que davam vontade de fumar, inicialmente evitou bares e festas. “Estou conseguindo porque eu desenhei um plano de mudar minha vida para deixar de fumar”, explica, detalhando que isso inclui frequentar novos lugares, eleger novos hobbies, “algo que condicione sua mente e seu corpo para uma nova etapa”. Hoje, ele comemora conseguir dormir uma noite completa e render melhor profissionalmente. Também já percebeu mudança na coloração dos dentes.

Michel aconselha que é preciso menos julgamento e mais apoio aos fumantes. “O fumante não vai parar porque estão jogando pedra nele, vai parar porque alguém estendeu a mão, o acolheu, o abraçou, entendeu que é extremamente difícil deixar aquele vício”, sustenta.

Servidor público de 28 anos, Daniel Bezerra fuma desde os 13. A motivação inicial foi impressionar as meninas da sua idade e fumar para se sentir incluído entre os amigos, como em estádios de futebol. Ele é ciente dos prejuízos que o cigarro lhe causou: “Não sei o que é sentir gosto dos alimentos, eu respiro muito mal, no elevador me constranjo pelo cheiro que impregna na roupa, não gosto de fumar perto das pessoas”, relata.

Daniel já conseguiu parar de fumar por cinco meses, mas teve uma recaída porque “resolveu matar a saudade” e comprou um maço que o relembrou a sensação. Fumando há tantos anos, ele se habituou a recorrer ao cigarro em momentos tão distintos quanto estar feliz, triste ou à toa. “Meu cérebro considera o cigarro meu melhor amigo em todos os momentos”, diz. Ele já fumou cigarros eletrônicos, que ainda hoje usa em lugares fechados, mas é algo que não “supre 100% a vontade”, não o tendo afastado dos cigarros comuns.

Escritores conhecidos compartilharam sua angústia ao tentarem deixar de fumar. O cronista Fernando Sabino contou em texto como, ao buscar a abstinência, agarrava-se “com todas as forças ao novo vício: o de não fumar”. O também cronista Rubem Braga refletiu: “Por que fumar cigarros? Eles não me dão prazer algum; apenas me fazem falta. São uma necessidade que inventei”.

 Mortalidade cai, pulmões respiram

Reconhecida há muitos anos, a política pública brasileira contra o tabaco se consolidou como referência mundial em 2019. Naquele ano, o Brasil se tornou o segundo país – o primeiro foi a Turquia – a implementar no nível mais alto as seis medidas MPOWER de controle do tabaco, sustentadas pela OMS. 

As medidas MPOWER consistem em monitorar o uso de tabaco e implementar políticas de prevenção; proteger a população contra a fumaça do tabaco; oferecer ajuda para cessação do fumo; advertir sobre os perigos do tabaco; fazer cumprir as proibições sobre publicidade, promoção e patrocínio; e aumentar os impostos sobre o tabaco.

Cada medida abrange diversas iniciativas. Quando se constata que o Brasil implementou todas as medidas em nível máximo, isso significa que foram colocadas em prática dezenas de ações específicas. São tantas que só algumas costumam ser lembradas, como as fortes imagens de advertência introduzidas nos maços a partir de 2008, a proibição de se fumar em locais fechados ou a alta taxação sobre o cigarro, que ultrapassa 80% do preço de venda no varejo, o maior percentual entre os 35 países das Américas. 

Houve, no entanto, muitas outras ações.

Em 1996, lei federal restringiu ao horário das 21 às 6 horas os comerciais de produtos derivados do tabaco e proibiu o fumo em lugares fechados.

Outra lei federal, a 10.167/2000, proibiu a participação de crianças e adolescentes em propagandas tabagistas e a associação do cigarro a práticas esportivas. Também restringiu as propagandas ao interior dos locais de venda e as proibiu na internet e em estádios, pistas, palcos ou locais similares, assim como a distribuição de amostras ou brindes. 

Em 2001, a Anvisa vetou o uso, em embalagens ou material publicitário, de descrições como “baixos teores”, “suave”, “light” ou mesmo “altos teores”, uma vez que podiam levar a interpretações erradas quanto ao conteúdo dos cigarros.

Em 2003, torna-se obrigatório usar as frases “Venda proibida a menores de 18 anos” e “Este produto contém mais de 4.700 substâncias tóxicas e nicotina, que causa dependência física ou psíquica. Não existem níveis seguros para consumo destas substâncias”.

Em 2004, é ampliado o acesso à abordagem e ao tratamento do tabagismo no SUS. Naquele ano, Philip Morris e Sousa Cruz são condenadas a indenizar ex-fumantes e fumantes por omissão de informações sobre riscos do fumo e por propaganda enganosa. 

A proibição do fumo em locais fechados é de 2011. Foi disposta pela lei n12.546, que é um marco da luta contra o tabagismo e em 2014 foi regulamentada pelo decreto no 8.262. Proibido o cigarro em lugares fechados, permitiu-se criar os fumódromos, que eram uma espécie de sauna tabagista. Em 2014, a criação desses espaços seria vetada. 

No final de 2017, a Anvisa divulgou novas advertências para os maços de cigarro. Interpelando diretamente o comprador, os avisos passaram a dizer que o fumante “sofre, adoece, prejudica (‘a saúde até de quem não fuma’), envelhece, brocha, infarta, morre”. O verso de cada carteira de cigarro passou a trazer em destaque um desses verbos.

A ajuda na rede pública brasileira para deixar de fumar se disseminou a ponto de, em 2019, 211 mil fumantes a terem procurado. Com a pandemia do novo coronavírus, o número despencou em 2020, mas voltou a crescer no ano seguinte. 

A queda de mais de 60% no total de adultos brasileiros fumantes em 30 anos (considerando os indicadores de 1989 e de 2019 mencionados no início desta matéria) reduziu a mortalidade por doenças cardiovasculares, pulmonares crônicas e câncer de pulmão. Dentes branquearam, pulmões respiraram, vidas saudáveis foram redescobertas. Ambientes se arejaram, roupas perderam o cheiro de cigarro, fumantes passivos passaram a ser menos prejudicados pelo fumo alheio. Essa lista poderia ir longe. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) elenca na sua página 103 razões para deixar de fumar

Fumantes: não deixem de conferi-las.

Agência Assembleia de Notícias

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