Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas: desafios e inovações na luta dos Povos Indígenas na Amazônia 

An image highlighting the rich cultural heritage of the Amazonian, featuring an indigenous community engaged in traditional activities, showcasing their connection with the environment. Generative AI
  • Estratégias unificadas e tecnologia fortalecem comunidades na defesa de territórios e tradições

Em comemoração ao Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, celebrado em 7 de fevereiro, a atenção se volta para os desafios enfrentados por essas comunidades na Amazônia.

Fabiana Prado, gerente do LIRA/IPÊ – Legado Integrado da Região Amazônica, idealizado pelo IPÊ -Instituto de Pesquisas Ecológicas, Fundo Amazônia/BNDES e Fundação Gordon and Betty Moore, parceiros financiadores, destaca a importância da colaboração para garantir um futuro sustentável. “O monitoramento inovador, o estímulo à participação ativa das mulheres com a devida proteção diante das ameaças de gênero, além da união de esforços aparecem como peças-chave nesse quebra-cabeça ambiental”, afirma.

Recentemente, o evento “Legado Amazônico: Tecendo Redes na Gestão de Áreas Protegidas“, realizado em Brasília para comemorar os cinco anos do LIRA, reuniu 400 representantes de diversos setores comprometidos com a conservação do bioma. Estratégias unificadas foram discutidas para enfrentar desafios cruciais, como as invasões em áreas protegidas.

O encontro ressaltou a urgência do uso de inovações no monitoramento e proteção dessas áreas, incluindo o papel das tecnologias, como drones, celulares e internet, no fortalecimento das comunidades na vigilância contra invasores. Contudo, o monitoramento vai além da tecnologia avançada, como evidenciado por Bepdjyre Txucarramãe, representante do Instituto Kabu, que utiliza aviões, barcos e patrulhas a pé para proteger as Terras Indígenas Baú e Menkragnoti, no sul do Pará. “Nossa batalha é contra os impactos causados pelo garimpo, pescadores e madeireiros. É fundamental compreender que as consequências do garimpo nos afetam, causam doenças, contaminam os peixes e também nos contaminam. Nossa subsistência depende da caça e da pesca”, disse.

Tejubi Uru-Eu-Wau-Wau, presidente da Associação do Povo Indígena – Jupaú, ressalta a significativa participação das mulheres no monitoramento de terras, liderando grupos dedicados a essa missão. “Como mulher e cacique da aldeia, nosso grupo de monitoramento é composto exclusivamente por mulheres”, destaca Tejubi. Nesse contexto, a discussão abrange não apenas as ameaças ao povo indígena, mas também aquelas relacionadas ao gênero.

Jéssica Holles, do Instituto Maíra, relata que a instituição, em parceria com o LIRA, está desenvolvendo uma abordagem de segurança destinada a defensoras ameaçadas. “O objetivo é auxiliá-las não apenas na proteção física, mas também no processo de emancipação”, diz. Atuando em territórios nacionais e internacionais, o Instituto Maíra busca contribuir para a emancipação de povos e comunidades tradicionais, fortalecendo o princípio da autodeterminação. Sua abordagem envolve formação em direitos humanos, elaboração de protocolos de segurança, acompanhamento jurídico e psicológico, além da criação de redes de apoio.

Neste Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, o LIRA destaca não apenas os desafios persistentes, mas também a resiliência e inovação demonstradas por essas comunidades na busca por um futuro sustentável e equitativo na região amazônica. “Com o LIRA, nosso objetivo é promover e ampliar a gestão integrada para a conservação da biodiversidade, a manutenção da paisagem, com suas funções climáticas e o desenvolvimento socioambiental e cultural de povos e comunidades tradicionais”, pontua Fabiana Prado.

Sobre o LIRA

O LIRA é uma iniciativa idealizada pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore, parceiros financiadores do projeto. Os parceiros institucionais são a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Amazonas – SEMA-AM e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – IDEFLOR-Bio. O projeto abrange 34% das áreas protegidas da Amazônia, considerando 20 UCs Federais, 23 UCs Estaduais e 43 Terras Indígenas, nas regiões do Alto Rio Negro, Baixo Rio Negro, Norte do Pará, Xingu, Madeira-Purus e Rondônia-Acre. O objetivo do projeto é promover e ampliar a gestão integrada para a conservação da biodiversidade, a manutenção da paisagem e das funções climáticas e o desenvolvimento socioambiental e cultural de povos e comunidades tradicionais. Mais informações: https://lira.ipe.org.br/

Texto e foto: colaboração de Nice Castro

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*