Grupo quer reerguer o futebol profissional no Guará, e outro, cancelar PPP do Cave

Empresários chegaram a ver possibilidade de ‘levantar’ o Clube de Regatas Guará, mas pendências jurídicas deixam projeto inviável e Estádio do Cave fechado é outro desafio. Mesmo assim, há quem sonhe, e algumas lideranças vão pedir o fim da PPP do Cave

Por Amarildo Castro – Nos últimos dez anos, o futebol profissional no Guará deu passos de retrocesso, com o principal time da cidade, o Clube Regatas Guará desistindo de ser uma equipe filiada à Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF), e com o Estádio do Cave fechado para uma ‘eterna’ reforma, que nunca sai do lugar. Assim, a cidade ficou praticamente órfã do futebol profissional, e mesmo com algumas tentativas de aproximar o bairro de algum clube que supostamente representaria o Guará, nenhum projeto deslanchou. Dessa forma, aquelas bonitas tardes ensolaradas no Cave, onde pais levavam filhos para ver partidas profissionais agora fazem parte apenas da memória dos mais velhos, e os jovens, praticamente não se recordam de nenhum jogo profissional de futebol realizado no Guará. No entanto, outro fato chama bastante atenção: trata-se de pelo menos dez lideranças locais que já encaminharam documentos ao Ministério Público do Distrito Federal pedindo o fim da Parceria Público Privada do Cave, a chamada PPP do Cave por entender que o projeto não satisfaz às necessidades da comunidade local, e sim, visa atender somente interesses comerciais, trazendo dessa forma profundos prejuízos ao Guará.

Agora, o grupo que pede o fim da PPP do Cave vai pedir aos distritais que aceitem o desafio de enviar cada um R$ 1 milhão em emendas para a reforma do estádio, e resgatá-lo da PPP. “É difícil, mas não vamos desistir e queremos o Cave de volta”, revela Miguel Edgar, em depoimento à reportagem.

Para defender fim da PPP do Cave, grupo criou até um slogan

Sobre esse pedido de cancelamento da PPP do Cave, ainda é um projeto embrião porque o MPDF ainda não se pronunciou, mas lideranças representativas, incluindo Miguel Edgar, da Confraria Guará, assim como alguns membros do Conselho de Cultura do Guará querem formalizar o pedido de cancelamento, com os devidos argumentos. O assunto já havia chamado atenção em 2020, quando o deputado Rodrigo Delmasso (Republicanos) havia encaminhado um pedido à Procuradoria Geral do Distrito Federal, fazendo um pedido semelhante, também argumentando prejuízos com a PPP do Cave. Desde então, o tema se arrasta, e o governo sempre afirmando que fará a licitação, mesmo sem ouvir adequadamente a comunidade local, fazendo apenas reuniões burocráticas para regulamentação do projeto da PPP.

As ruínas do Cave: três tentativas de reforma, restando agora uma tapera e um local abandonado


Mesmo assim, com ‘tudo contra’, especialmente com o gargalo do Cave, que já passa de cinco anos, alguns empresários e pessoas ligadas a esse esporte tentam não deixar apagar o que já foi na cidade, símbolo de glórias, com o Clube de Regatas Guará sendo durante muito tempo a entidade de maior representação. Agora, com o C.R. Guará praticamente extinto, e sem um time que represente bem a cidade, moradores perderam a graça pelo futebol local. No entanto, gente ligada às escolinhas, empresários e lideranças buscam discutir esse esporte na cidade, e uma forma de viabilizar a atividade profissional novamente.

Equipe amadora do Lobo Guará, formada por alguns ex-profissionais e comandada por Fildel Bolivar, um dos empresários que querem resgatar o futebol profissional no Guará

Cave fechado


“Vivemos esse momento aí muito difícil, com o Cave fechado e sem um time para nos representar, mas se a gente não se mobilizar, a coisa não sai do lugar”, disse Fidel Bolivar, que de vem dando sua contribuição para o futebol amador na cidade. Ele é um dos empresários que buscam resgatar o futebol local. Mas para ele, é preciso ir muito além e voltar a ter no Guará, algum time que represente os moradores, que tenha um estádio para jogar e sem essa loucura de PPP, porque para ele, uma PPP no caso do Cave, deve inviabilizar o uso do estádio por times menores, porque o custo ficaria muito alto e o uso burocrático. Ele disse que até agora não entende como um time de tradição, como era o Clube de Regatas Guará veio a ‘morrer’, mesmo com um grande patrimônio no passado e uma boa estrutura.

Carla Brant, com Bispo, ex-profissional, e um dos destaques do Candangão por vários anos: “Saudades das tardes no Cave, hoje abandonado”


Para Bolivar, que garantiu ter outros nomes para levantar o futebol local, é preciso a união de empresários e lideranças para que a cidade possa voltar a ter uma equipe profissional. No entanto, levantou a reportagem, outro entrave diz respeito à vaga na FFDF para que o clube possa ser filiado. A criação de um novo clube, no caso, precisa ficar na fila até aparecer uma vaga, e isso inviabiliza a criação de uma equipe para disputa imediata de competições locais. Para se ter uma ideia, após o ‘fim’ do Clube de Regatas Guará, um grupo até criou o Guará Esporte Clube, isso há cerca de cinco anos, mas não conseguiu a tão sonhada ‘vaga’ na FFDF. Assim, foi preciso usar a inscrição antiga do Clube de Regatas Guará, que por sua vez, pediu desfiliação na FFDF. Assim, o Guará continua sem um representante legítimo no Campeonato Brasiliense de Futebol, o Candangão.


Mesmo sem a intenção de participar diretamente de uma possível reconstrução do C.R Guará, o ex-atleta Edi Carlos, que tem uma escolinha na cidade, comentou que há pelo menos quatro anos luta para colocar uma equipe profissional no campeonato local, e que tentou parceria com a cidade de Cristalina, em Goiás, mas que também não conseguiu vaga para filiar uma equipe profissional tanto no DF quanto em Goiás.

Foto aérea de Aerto Júnior, as demais são de Amarildo Castro

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