Crianças perdidas em meio à bombardeios. Crianças separadas de seus pais. Cenário atual de morte na Europa Oriental levando o mundo ao alerta máximo. Um país em caos. Uma nação que vive à sombra da guerra. Uma população amedrontada por invasões aéreas, explosões e mortes em cada esquina. Pessoas tentando escapar e fugir para outros países, ou mesmo estrangeiros, muitos brasileiros inclusive, buscando escapar da guerra em uma tentativa de retornar a seus países de origem. Mulheres, homens e crianças sendo assassinados e perdendo a vida diante de um cenário de guerra e horror, motivado pela briga de poder tão característica e que já destruiu inúmeras vidas. Esses fatores e outros diversos, completam a tensão, o medo e o horror na Ucrânia que, há algumas semanas vive um bombardeio russo, em pleno 2022.
Trazendo para o equilíbrio emocional de quem passa e sobrevive por uma situação de guerra, pensamos nas consequências para a saúde mental de um indivíduo em meio a este terror. Muitos, sem dúvida, irão apresentar sintomas relativos ao Transtorno Pós-Traumático.
Um tipo de transtorno que se desenvolve após evento de natureza, excepcionalmente, catastrófica ou ameaçadora (o evento traumatizante), no qual o indivíduo começa a apresentar bloqueios ou dificuldades para desligar-se do acontecido.
A vítima deste caos pode vir a apresentar sintomas irreversíveis, como: humor reprimido, fuga de qualquer situação ou fato que possa remeter ao trauma ou ao cenário e imagens do ocorrido, reações exageradas ao estímulo, pesadelos e episódios de pequenos flashbacks que tragam à memória lembranças repentinas da ocorrência causadora deste trauma.
Além de, alterações comportamentais como: agressão, gritos, hostilidade, isolamento social, irritabilidade, agitação, automutilação, comportamento autodestrutivo, hiper vigilância, alterações de humor seguido por raiva excessiva, insistência na solidão, sofrimento emocional, desesperança, nervosismo, perda do prazer e do interesse em realizar determinadas atividades, ataques de pânico, culpa e descontentamento geral.
Sem contar a possibilidade de sofrer episódios de depressão, medo, desconfiança, alucinações e ansiedade em alto nível. Com extrema frequência esse indivíduo sofre com pesadelos, terror noturno, insônia, privação de sono, estresse agudo, dores de cabeça e desapego emocional. E em casos mais extremos, chega a apresentar também pensamentos suicidas.
Enfim, viver uma guerra é, sem dúvida, uma situação de extrema dor que gera marcas na alma e na mente, principalmente em crianças que nunca mais irão esquecer cenas traumatizantes e dolorosas. Afinal, não é fácil sair ileso mentalmente de uma guerra.
Os danos mentais são devastadores. O principal é incutir no emocional deste sobrevivente, a confiança, a proteção e a segurança, perdidos em meio a tanta dor e tanta angústia. Uma rede de apoio de acolhimento, caracterizados por círculos de confiança, como a família ou amigos, é fundamental para auxiliar na elevação da autoestima e da convivência saudável em ambientes de socialização.
Ou seja, é preciso muito amor, muita compaixão e sabedoria para ajudar e acolher alguém que venha a sobreviver a essa vivência dolorosa e cruel, no sentido de trazer o sorriso de volta ao rosto, além de promover sintonia entre a mente e corpo, de forma equilibrada e saudável, para que assim, consiga minimizar os efeitos de um evento traumático e conflituoso ao qual viveu. No mais, torcemos para que cessem os confrontos e que a paz seja reestabelecida no mundo e no íntimo de cada ser humano.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
Foto e texto: colaboração de mailingimprensa.com.br
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