Menopausa transforma o desejo: 32% das mulheres dizem ter mais libido após essa fase

by Amarildo Castro
  • Enquete do Sexlog revela que o desejo muda de forma, mas segue presente, especialmente quando há informação, cuidado e abertura para novas experiências

Durante décadas, a menopausa foi tratada como um ponto final na vida sexual feminina. Silêncio, vergonha e desinformação ajudaram a sustentar a ideia de que o desejo desaparece com a queda dos hormônios. Uma enquete realizada pelo Sexlog, maior site de sexo e swing da América Latina, revela que, para muitas mulheres, a menopausa marca uma fase de redescoberta do corpo, do prazer e da liberdade sexual .

Desejo não some: ele muda de forma

Entre as mulheres que estão vivendo ou já passaram pela menopausa, 34,6% afirmam que a vida sexual ficou mais ativa após essa fase. Outras 22,2% dizem que permaneceu igual, enquanto apenas 19,6% relatam redução da atividade sexual. Para quase um quarto das entrevistadas, o sexo se torna oscilante, variando conforme o momento de vida, saúde e contexto emocional.

Quando o assunto é libido, os números reforçam essa transformação: 32,5% das mulheres afirmam que o desejo aumentou, e 26,9% dizem que ele permaneceu estável. Apenas 18,8% relatam queda direta da libido, enquanto 21,8% explicam que a vontade varia conforme o humor e a saúde.

Para a sexóloga e terapeuta afetivo-sexual Wendy Palo, da Amoterapia, esses dados ajudam a desmontar um dos maiores mitos sobre a menopausa. “A menopausa não acaba com a sexualidade. O que muda é a forma como o desejo aparece. Muitas mulheres deixam de sentir aquele desejo espontâneo, que surge do nada, e passam a viver um desejo mais responsivo, que nasce do carinho, da conexão e do envolvimento”, explica.

Corpo muda, prazer se adapta

As transformações hormonais são reais e impactam o corpo de forma concreta. A pesquisa mostra que 39,7% das mulheres relatam menor lubrificação natural, 34,6% citam lubrificação reduzida e 10,2% mencionam dor ou desconforto durante o sexo. Ainda assim, esses fatores não impedem o prazer para a maioria.

Mais de 71% afirmam sentir prazer com a mesma facilidade de antes ou com estímulos diferentes. Apenas 16,7% dizem sentir mais dificuldade para chegar ao prazer. Segundo Wendy, quando essas mudanças não são compreendidas, o corpo passa a ser visto como um problema.

“A queda do estrogênio deixa a mucosa vaginal mais sensível e menos elástica. Se a mulher não recebe informação e cuidado, a relação pode se tornar dolorosa. E quando a dor se repete, o cérebro associa sexo a desconforto, não a prazer”, explica.

Por outro lado, quando há acolhimento e adaptação, o cenário se inverte. “Essa fase pode ser uma oportunidade de reorganizar a vida sexual, com menos pressa, menos obrigação e mais atenção ao corpo inteiro.”

Orgasmos mais intensos e prazer mais consciente

Um dos dados mais reveladores da pesquisa é que 41% das mulheres relatam orgasmos mais intensos após a menopausa. O mesmo percentual afirma viver um tesão mais consciente. Além disso, 35,9% dizem ter mais vontade de experimentar novos fetiches.

Esse movimento aparece claramente nos relatos das usuárias do Sexlog.

Marlene*, de 54 anos, conta que não sente dificuldades na vida sexual após a menopausa. “Depois que passei por essa fase, meus orgasmos ficaram mais intensos. Também sinto mais vontade de experimentar novos fetiches. Não encaro isso como perda, mas como descoberta”, diz.

Rosana*, de 60 anos, descreve um prazer diferente, mas não menor. “Hoje tenho um tesão mais consciente. Os orgasmos são mais intensos, apesar da menor lubrificação natural. Preciso de mais preliminares e, às vezes, sinto desconforto, mas nada que impeça o prazer”, revela.

Para Wendy Palo, essa mudança tem muito mais relação com maturidade emocional do que com hormônios. “Mulheres acima dos 45 ou 50 anos geralmente sabem melhor o que gostam, o que não aceitam e o que realmente faz sentido. Muitas se masturbam pela primeira vez nessa fase, usam vibradores, consomem conteúdos eróticos que conversam com a realidade delas. Isso desperta sensações que sempre estiveram ali.”

Lubrificantes, vibradores e masturbação como aliados

Longe de serem tabu, recursos eróticos aparecem como grandes aliados da saúde sexual. A pesquisa mostra que 78% das mulheres usam brinquedos eróticos com frequência ou ocasionalmente. A masturbação também é comum: 38,4% praticam regularmente e 38% às vezes.

Quando o assunto são lubrificantes, 73,5% afirmam que eles ajudam no prazer ou são essenciais para o orgasmo. “Lubrificantes tiram o foco do incômodo e devolvem a atenção ao prazer. Vibradores facilitam a excitação e ajudam a explorar o corpo. Masturbação é autoconhecimento, é atualizar o mapa do prazer”, reforça Wendy.

Casais, diálogo e novas formas de intimidade

Mais da metade das mulheres (54,7%) aponta a conversa aberta com o parceiro como o principal fator de aumento do prazer na menopausa. O dado reforça que sexualidade não se sustenta apenas no físico.

“A menopausa não é defeito nem falha. É uma fase. Quando o casal amplia a ideia de sexualidade para além da penetração e entende que o desejo pode ser construído, a intimidade não se perde, ela se transforma”, diz a terapeuta.

Quando as famosas falam, o tabu começa a cair

Nos últimos anos, figuras públicas também passaram a dar voz a esse processo. Fernanda Lima contou no Fantástico que a queda da libido afetou sua autoestima e seu casamento. Claudia Raia falou abertamente sobre insônia, estresse e a importância da reposição hormonal. Eliana revelou impactos físicos e dificuldades para dormir. Maria Clara Gueiros associou o início da menopausa a crises de pânico, enquanto Claudia Ohana refletiu sobre o estigma do envelhecimento feminino.

Esses relatos ajudam a normalizar o que milhões de mulheres vivem em silêncio.

Sobre o Sexlog

Com mais de 23 milhões de usuários, o Sexlog é a maior rede social de sexo e swing do Brasil. A plataforma oferece um espaço seguro para a troca de mensagens, encontros e divulgação de eventos, conectando casais e solteiros que desejam explorar sua sexualidade de maneira livre e consensual.

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