Os caminhos tortuosos da defesa de Bolsonaro

Consistência de peça acusatória torna o trabalho dos advogados do capitão bastante complicado

Paulo Henrique Arantes

Apesar de a Folha de S. Paulo insistir (“Ameaça de Moraes a Cid abre brecha para contestar delação que implicou Bolsonaro”, em 21 de fevereiro), a advertência de Alexandre de Moraes a Mauro Cid, alertando-o para as consequências de mentir, é algo absolutamente corriqueiro, até aconselhável, na relação entre juiz e colaborador – recomenda-se não usar o termo “delator”. Trata-se de um não-fato, que de nada servirá à defesa de Jair Bolsonaro. Só serve mesmo à Folha, cujos editores deveriam prestar atenção nas explicações do jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, colunista do UOL, portanto contratado dos Frias.

O prestigiado advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, experiente, não deverá tirar coelhos jurídicos da cartola, muito menos apelar para chicanas como a sugerida, subliminarmente, pela Folha de S. Paulo.

“Noticiário Comentado” ouviu três criminalistas sob anonimato, dois deles bem próximos de Vilardi, sobre as possíveis linhas da defesa do capitão golpista. Claro, surpresas podem acontecer, mas as opções mais lógicas são as seguintes:

– alegar incompetência do STF para julgamento da ação penal, por não haver acusados detentores de foro por prerrogativa de função;

– ⁠alegar suspeição do ministro Alexandre de Moraes, por ser também vítima de alguns dos fatos descritos na denúncia;

– ⁠pedir nulidade da delação do Mauro Cid, em razão de supostas inconsistências;

– ⁠pedir nulidade da delação do Mauro Cid, alegando-se falta de voluntariedade;

– alegar ⁠inexistência de prova de participação do cliente nos fatos investigados.

São caminhos possíveis da defesa. Pela consistência da denúncia formalizada pela Procuradoria Geral da República, parecem bastante tortuosos.

Foto: Fellipe Sampaio / STF.

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