Pesquisa sobre Educação Básica em SC é transformada em livro, cartilha e podcast

Conteúdo visa estimular políticas públicas para municípios com até 10 mil habitantes

Nos últimos dois anos, o professor Clovis Demarchi e a aluna de mestrado Elaine Cristina Maieski, dedicaram-se a entender como são criados os indicadores de educação dos municípios catarinenses com até 10 mil habitantes. O estudo, concluído em agosto, sugere a geração e uso de indicadores sociais locais para facilitar a implantação de políticas públicas na educação básica destas pequenas cidades.

O principal objetivo da pesquisa, segundo Demarchi, foi contribuir com a redução das desigualdades na educação, levando em consideração as diretrizes do Plano Nacional de Educação – PNL e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável-ODS, sugeridos pela Organização das Nações Unidas (ONU). O conteúdo foi transformado para os formatos de livro digital, cartilha e podcast e já está sendo compartilhado de forma gratuita.

O estudo envolveu a aplicação de um questionário junto às Secretarias Municipais e Unidades Educacionais, com o objetivo de compreender como são criados os indicadores de educação dos municípios. Vencida esta etapa, os pesquisadores construíram as sugestões para ampliação do sistema local de indicadores educacionais que agora estão sendo disponibilizadas, em linguagem mais acessível, ao público alvo.

Dados locais ajudam a mapear a realidade

Os dados coletados pelos estudiosos demonstraram que 35,5% dos municípios pesquisados não possuem indicadores de educação locais. O docente explica que neste caso são adotadas estatísticas nacionais gerais, geralmente com base no Censo Escolar e medições feitas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep, que nem sempre refletem a realidade do município.

“Somente sabendo quem são os estudantes e quais são as suas necessidades, o Estado conseguirá responder às demandas da educação básica, por isso, a criação de indicadores educacionais locais torna-se fundamental”, observa.

Demarchi explica que os indicadores sociais são instrumentos importantes porque permitem medir e avaliar o nível de desenvolvimento social de uma região em aspectos como habitação, saúde, segurança, educação, emprego e renda. “Com essas informações é possível fazer uma análise mais detalhada da situação social de uma determinada área, identificar os potenciais problemas e, a partir disso, criar políticas públicas mais efetivas para solucioná-los”, explica.

O professor ressalta que dos 295 municípios do Estado, atualmente, 193 possuem menos de 10 mil habitantes. “Neste estudo nós buscamos demonstrar que estes indicadores sociais podem ajudar a implementar políticas públicas alinhadas à realidade da educação básica destas pequenas cidades, com ações que ajudem a promover mais igualdade e inclusão no ambiente escolar”, afirma.

Dificuldades agravadas pela pandemia

Maieski relata que a pesquisa foi motivada pela percepção da necessidade de aprimorar as políticas públicas na educação básica destes municípios que, muitas vezes, enfrentam desafios específicos em relação a oferta de ensino de qualidade e a garantia do acesso à educação para todos. “Nós entendemos que os indicadores educacionais locais são uma ferramenta valiosa para a tomada de decisões mais eficientes e eficazes, por isso, resolvemos dar a nossa contribuição difundindo este conhecimento”, conta a pesquisadora.

A ideia de ampliar os dados específicos sobre a educação básica cresceu durante os anos de 2020 e 2021, quando os pesquisadores observaram que a carência de políticas públicas para a educação estava sendo agravada pelo contexto pandêmico.

“Os gráficos da pesquisa mostraram que realmente houve uma redução significativa na aprendizagem escolar durante a pandemia, tanto na percepção dos gestores municipais quanto das unidades educacionais. A dificuldade de os alunos acessarem as atividades, a ausência de plataformas específicas para atividades online e a falta de equipamentos como computador e acesso à internet, foram as principais dificuldades enfrentadas pelas escolas durante este período”, destaca Maieksi.

Fapesc financiou estudo

A pesquisafoi desenvolvida no Programa de Mestrado em Ciência Jurídica, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e foi intitulada como “Indicadores sociais como instrumentos para a implementação de políticas públicas na educação básica em municípios com menos de 10 mil habitantes no Estado de Santa Catarina”. Além do apoio da Universidade, o estudo contou com recursos financeiros da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina – Fapesc.

Veja como ter acesso aos conteúdos

A cartilha, gerada a partir do estudo do professor e da estudante do mestrado, oferece um manual com sugestões para os gestores públicos de educação e gestores das unidades educacionais criarem seus próprios sistemas locais de indicadores. A obra recebeu o título “Como criar indicadores educacionais” e está disponível neste link: bit.ly/455PDQe   

O livro digital apresenta a parte teórica, técnica e cientifica do estudo, bem como os resultados alcançados pela pesquisa aplicada juntos aos municípios. A obra recebeu o título “Indicadores educacionais na educação básica: Análise a partir de municípios com até 10 mil habitantes no estado de Santa Catarina”. O conteúdo está disponível para leitura neste link: bit.ly/3qlSmWX 

O podcast “Indicadores para Educação Básica em Santa Catarina” dialoga com a audiência sobre a importância dos indicadores de educação e seu impacto no desempenho educacional dos alunos, no desenvolvimento profissional dos professores, e sua contribuição para a efetivação de políticas públicas e cumprimentos dos ODS. Os temas são abordados ao longo de 10 episódios, que podem ser ouvidos nas plataformas de streaming SpotifyAmazon e Google Podcasts.

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