Voluntariado no ensino de inglês ajuda a derrubar barreiras sociais e abrir portas para o mercado de trabalho

by Amarildo Castro
  • ONG Cidadão Pró-Mundo tem mais 1.700 voluntários que se dedicam para ensinar o inglês para quem não tem acesso e/ou não pode pagar para estudar

Dar aulas de inglês, aprender novas habilidades e transformar vidas. Essa é a rotina dos volunteachers, ou professores voluntários, da Cidadão Pró-Mundo (CPM), organização sem fins lucrativos que há mais de 25 anos oferece cursos gratuitos de inglês e de alta qualidade para jovens e adultos de escolas públicas e bolsistas. Atualmente, são mais de 1.700 voluntários ativos ao redor do mundo, que dedicam parte de seu tempo para promover a inclusão social e profissional por meio do ensino.

Segundo levantamento da Pearson, realizado em parceria com a Opinion Box, barreiras como falta de tempo, recursos financeiros e acesso cultural dificultam o aprendizado de idiomas no Brasil. A pesquisa mostra ainda que apenas 13% daqueles que afirmam ter algum conhecimento da língua se consideram fluentes, enquanto a maioria permanece nos níveis iniciais de aprendizado, sendo que 49% dizem ter conhecimento básico e 38% afirmam possuir nível intermediário.

“Na CPM, quem já possui conhecimento de inglês pode, atuando como volunteacher, ajudar as pessoas a aprenderem e, ao mesmo tempo, desenvolver habilidades como comunicação, empatia e trabalho em equipe. Existe uma relação de ganha-ganha muito rica”, comenta Ludmilla Fregonesi, diretora-executiva da Cidadão Pró-Mundo.

Entre os voluntários que utilizam seu conhecimento para ensinar outras pessoas, está a estrategista digital Tabatha Kawakami, que conheceu a organização social por meio da divulgação na empresa onde trabalhava. Voluntária na unidade de Campinas (SP), ela conta que está há cinco anos na CPM e acompanhou de perto o crescimento da ONG, inclusive durante a pandemia de Covid-19. 

Com formação em Tecnologia da Informação e experiência anterior como professora de inglês, Tabatha diz que o método da organização facilita muito para quem nunca deu aula e quer ser um voluntário para repassar o conhecimento do idioma. “A gente (ONG) tem o livro da Cambridge e o Teacher’s Book, que explica tudo passo a passo, o que mostrar, o que falar, o que escrever. É bem tranquilo até para quem não tem experiência. E as aulas são em dupla ou trio, o que deixa tudo mais leve”.

Atualmente, ela dá aulas presenciais uma vez por mês na unidade parceira da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Temos seis volunteachers por turma, e dois ou três dão aula a cada fim de semana. É um esquema muito colaborativo, ninguém fica sozinho”, explica. Ao longo dos anos, Tabatha acompanhou de perto o progresso dos alunos. “Fiquei cinco anos com a mesma turma, desde quando eles não sabiam nada até se formarem. É muito emocionante ver a evolução e o reconhecimento das famílias. Na formatura, os pais vinham agradecer por termos dado essa oportunidade aos filhos. É uma sensação única”, conta emocionada.

Mesmo com a rotina de trabalho e outros compromissos, Tabatha nunca pensou em deixar o voluntariado da CPM. “Teve um momento em que achei que não conseguiria conciliar tudo e pedi para ficar só na equipe de eventos. Mas quando ajudei no treinamento dos novos professores, senti de novo aquela energia e pedi para voltar para a sala de aula. Eu não conseguia ficar longe dos meus alunos”, lembra.

Para ela, a maior dificuldade do voluntariado ainda é o tempo. E o maior aprendizado, é o pertencimento. “O desafio é equilibrar o voluntariado com a rotina pessoal, mas vale muito a pena. O ambiente é acolhedor, e a troca com os alunos e outros professores é o que faz a gente querer continuar”, afirma.

Da auditoria para o ensino do inglês

Já Caire Santos, que atua na Unidade de Diadema (SP) e no CPM Qualify (curso preparatório para os exames de proficiência da Cambridge), conheceu o projeto por meio da esposa e decidiu ter a experiência de ensinar. Há quase dois anos na organização, ele se lembra do início com entusiasmo. “Eu comecei dando aula na unidade do Jabaquara (SP), que hoje não existe mais, e lá descobri o Qualify. No semestre seguinte, comecei a dar aula também no curso preparatório e, depois, me tornei diretor da unidade de Diadema”, conta.

Mesmo com uma carreira consolidada, como head da área de auditoria interna de um banco holandês, Caire não abre mão das aulas aos fins de semana. “Eu entrei e gostei da ONG, gosto muito de dar aula, por isso não parei. Comecei a dar mais aulas, inclusive”, diz. Ele conta que o processo para se tornar voluntário foi tranquilo. “Você se inscreve no site, participa de uma apresentação geral e faz uma entrevista oral com um voluntário da ONG, além de um teste rápido de inglês on-line. Depois, é só se preparar e começar as aulas”. 

Para ele, o formato da CPM é um dos pontos que mais ajudam quem está começando. “O modelo de trabalhar com dois professores é muito bom, porque você aprende vendo os outros fazerem. Além disso, o material é bem preparado e a dupla sempre tem alguém mais experiente para dar suporte”, explica. Hoje, Caire também ajuda a divulgar a iniciativa dentro da empresa onde trabalha. “Conseguimos sete novos voluntários, cinco deles colegas do banco. É gratificante ver esse engajamento”. 

A experiência de ensinar o inspirou ainda mais sobre o impacto do inglês na vida das pessoas. “A importância do inglês é enorme, não só para a vida profissional, mas pessoal também. Eu aprendi porque queria ler Harry Potter quando era adolescente. Depois, percebi o quanto isso abriu portas. Hoje, no meu trabalho, só contrato pessoas que falam inglês fluentemente, porque o contato com equipes de outros países é diário. É uma barreira real no mercado, e o trabalho da ONG ajuda justamente a derrubar essa barreira”, afirma.

Como ser um volunteacher

Na CPM, qualquer pessoa que tenha uma base no idioma inglês pode ser voluntária e não é necessário ter experiência prévia nem formação em licenciatura. A organização oferece todo o treinamento e suporte necessários para que os novos professores se sintam seguros e preparados. As aulas já vêm estruturadas e o trabalho é sempre realizado em dupla, com o apoio de um Owner, líder responsável por coordenar cada turma.

Há duas formas de atuar: no curso regular de inglês ou no CPM Qualify. Para o curso regular, é preciso ter nível intermediário ou avançado de inglês. Já para o Qualify, o nível deve ser avançado. Os voluntários se comprometem com seis meses de dedicação para o curso regular ou um ano para o Qualify, com carga horária de 6 a 8 aulas por semestre, sempre em finais de semana previamente agendados.

Para se inscrever, os interessados devem ter mais de 16 anos e se identificar com os valores e a causa da organização. As inscrições podem ser feitas pelo site cidadaopromundo.org/seja-volunteer.

Sobre a Cidadão Pró-Mundo 

Há mais de 25 anos, a Cidadão Pró-Mundo oferece cursos de inglês gratuitos e de alta qualidade para jovens e adultos de escolas públicas e bolsistas. Em 2024, a organização sem fins lucrativos atendeu mais de 2.300 estudantes com o apoio de mais de 1.700 voluntários ativos e 21 empresas parceiras, cumprindo sua principal missão de promover a inclusão social e profissional. A organização possui oito Unidades para cursos presenciais e oferece capacitação on-line para todo o Brasil. Os estudantes que concluem o curso regular alcançam o nível B1 de proficiência em inglês, mas para quem deseja continuar se aperfeiçoando, a ONG oferece o CPM Qualify, um curso preparatório de um ano para a certificação internacional da Cambridge. Para fazer a diferença na vida de mais pessoas, acesse www.cidadaopromundo.org.br.

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