Em uma noite de samba e ancestralidade no coração do Rio
Na Praça da Bandeira, o restaurante ficou pequeno para tamanha celebração. Reconhecido como Patrimônio Cultural, Gastronômico e Imaterial do Rio, o Dida Bar e Restaurante é muito mais que um espaço de convivência: é um quilombo urbano, onde cada prato, cada roda de samba e cada abraço reafirmam a memória e a resistência do povo negro.
E foi exatamente lá que Dida Nascimento, referência da gastronomia afro-brasileira e símbolo de resistência cultural, comemorou como mais gosta: com samba no pé, mocotó no prato e cercada de filhos, netos, amigos e parceiros históricos da luta antirracista. O Quintal do Dida Bar, um dos espaços mais disputados da noite, foi o palco de uma quinta-feira (11) marcada por calor humano, emoção e força ancestral.
A festa reuniu presenças que, cada uma a seu modo, compartilham da mesma trincheira de afeto, memória e compromisso com a transformação social. Entre elas, Suely Beatriz e Mônica Alexandre, da OAB; a intelectual Lia Vieira; a educadora Nanci Rosa, uma referência do Renascença; a militante Mônica Cunha; o babalawô Ivanir dos Santos; a gestora cultural Kenya Mello; Lydia Garcia; a defensora dos direitos humanos Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco, Sonia Oliveira, entre outras lideranças. Além delas, Margarete Mendes, a Negona do Axé e intérprete feminina do Cacique de Ramos, emocionou a todos com uma canja de Canto das Três Raças, eternizada por Clara Nunes.
Entre uma batucada e outra, revelou-se o elo entre todas essas presenças: a defesa da vida, da cultura negra e da justiça social. São vozes que, assim como Dida, mantêm viva a herança africana, seja na música, na política, na gastronomia ou na militância cotidiana.
O menu da noite, preparado com o toque afetivo da própria aniversariante, foi mais um capítulo dessa celebração ancestral: mocotó, calulu, feijão fradinho com camarão defumado e o famoso bolinho de feijoada com vinagrete de laranja e crispys de couve, pratos que carregam histórias de resistência e pertencimento.
“Chegar aos 70 anos com saúde, rodeada de quem eu amo, com samba, comida boa e a minha história contada em cada canto da casa é um privilégio”, disse Dida, emocionada, ao agradecer os presentes enquanto a roda de samba embalava clássicos que invadiram a noite.
O aniversário de Dida Nascimento foi mais do que uma festa: foi a reafirmação de um legado. Uma noite quente, ancestral e à altura da mulher que transformou um restaurante em território de memória, luta e celebração.
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