Em seu primeiro espetáculo solo, Mariana Xavier estrela a deliciosa comédia
Antes do Ano Que Vem, no Teatro Unimed. (créditos: Rodrigo Lopes)
Desde que o governador romano Júlio César, no ano 46 a.C, determinou que em todo 1º de janeiro (mês dedicado a Jano, o deus dos portões) seria celebrado o Ano-Novo, a data tem sido motivo de emoções bem diversas. Seja na Praça São Pedro, na Times Square, na Av. Paulista ou em Copacabana, as pessoas se dividem entre momentos de muita alegria e outros, digamos, de uma certa angústia pelo passar do tempo, frustração pelo que não se realizou e ansiedade pelo que está por vir. Este é o mote perfeito para a comédia Antes do Ano Que Vem, estrelada por Mariana Xavier, sob a direção de Ana Paula Bouzas e Lázaro Ramos, que estreia na sexta-feira, 04 de março de 2022, às 21h, no Teatro Unimed, em curta temporada.
Escrita por Gustavo Pinheiro, com direção de movimento de Márcio Vieira, o espetáculo é mais uma realização da Trampo Produções e da WB Produções, dos produtores associados Bruna Dornellas e Wesley Telles. A narrativa expõe necessidades, angústias e desejos de sete personagens – todas interpretadas por Mariana Xavier – que encaram a virada do ano com perspectivas bastante distintas. Ao se desdobrar para representar tantos tipos diferentes, Mariana desenvolve uma trama em que as contradições se revelam a partir da hilária (e absurda!) psicologia de Dizuite, a notável faxineira da Central de Apoio aos Desesperados. De uma hora para outra, com a inesperada ausência da psicóloga responsável pelo plantão, Dizuite se vê diante da missão de atender, aconselhar e confortar os mais diversos tipos de pessoas – todas aflitas e desesperadas! – que ligam para o serviço em plena noite de ano novo.
Logo ela, a Dizuite, que teria suas muitas razões para reclamar da vida, vira conselheira e surpreende com suas mensagens de otimismo a partir de sua impulsiva e muito própria visão da realidade. Ninguém está sozinho no mundo e talvez seja essa a única certeza que se possa ter. Valorizar pessoas e conexões para encontrar realização deve ser um exercício diário. Com humor e leveza, a peça se propõe a discutir questões fundamentais para a sociedade contemporânea, como solidão, empatia, solidariedade e a nova ditadura de felicidade imposta pelas interações virtuais. “O humor abre portas para novas percepções do mundo. Vivemos num tempo em que rir é o primeiro remédio para as nossas mazelas. Com este texto e o grande talento de Mariana, damos um salto além no humor atual que fala das mulheres”, afirma o diretor Lázaro Ramos.
E a própria Mariana Xavier confessa: “Um misto de excitação e medo: é o que toma conta de tanta gente na noite de réveillon e também o que eu sinto nesse momento, encarando meu primeiro espetáculo solo. Antes do Ano Que Vem já é o maior desafio da minha carreira e prova que é possível fazer arte popular com qualidade e sensibilidade. Acredito na comédia como ferramenta não só de entretenimento, mas de crítica e reflexão. Acredito também no poder transformador da empatia e é através dela que esperamos que o público saia do teatro leve, afagado e um pouco transformado também.”
Para o autor Gustavo Pinheiro, “o riso que propomos à plateia nesta comédia é o de compaixão, nunca do deboche. É o riso da empatia, de quem também tem suas dores e sabe que vivê-las e superá-las faz parte do jogo. Torço para que este espetáculo seja um convite para que cada pessoa na plateia também pense o que pode fazer por si mesmo, pela sua felicidade, o quanto antes. Se possível, antes do ano que vem”.
Este espetáculo é patrocinado pela Seguros Unimed, através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo.
Sinopse
Antes do Ano Que Vem é, além de uma divertida comédia, uma história de acolhimento e esperança contada através do olhar de Dizuite, a faxineira da Central de Apoio aos Desesperados (CAD), uma espécie de CVV (Centro de Valorização da Vida). É noite de réveillon, quando há um aumento significativo no número de ligações com pedidos de ajuda. Datas como esta, de “felicidade obrigatória”, fazem aflorar ainda mais as emoções de quem não está lá muito satisfeito com a própria vida. A psicóloga plantonista do CAD não aparece pra trabalhar e Dizuite, que não foi preparada para a função, mas administra com sabedoria popular as dores e delícias do próprio cotidiano, é quem tem que atender aos telefonemas, mostrando àquelas pessoas que vale a pena viver e que ainda dá pra ser feliz antes do ano que vem. Da adolescente traída à socialite falida, a comédia revela sete diferentes personagens que avaliam a vida e projetam seus votos de novo ano em perspectivas curiosas e muito divertidas.
Mariana Xavier
Mariana Xavier iniciou a carreira artística aos 9 anos de idade, no teatro, mas foi com o filme “Minha Mãe é Uma Peça” que foi lançada nacionalmente e conquistou o carinho e o reconhecimento do público. Depois de brilhar como Marcelina, seguiu provando seu talento e aumentando sua popularidade: atuou nas novelas Além do Horizonte, I Love Paraisópolis e A Força do Querer, foi repórter do Vídeo Show e participou também do quadro Dança dos Famosos, todos na TV Globo, e fez mais 5 filmes. É uma das autoras do livro “Gordelícias” (Editora Planeta). No teatro, atuou em 17 espetáculos, entre eles Quer TC?, O Garoto Que Não Sabe Rir, Escandaloso Desejo de Amar, Histórias Que o Eco Canta e O Último Capítulo. No verão de 2019, outro estouro: “Jenifer”. Quebrando padrões ao protagonizar o clipe de Gabriel Diniz (in memoriam) que foi o hit da estação, Mariana despertou imensa identificação no público, consolidando de vez seu posto de referência de autoestima para muitas mulheres. Aos 41 anos e com um trabalho bastante consistente na Internet, sempre procura mostrar ao seu público que é possível ser feliz e ter uma vida saudável, mesmo fora dos padrões.
Gustavo Pinheiro
Gustavo Pinheiro é dramaturgo, roteirista e jornalista. É autor das peças “A Tropa”, “Alair”, “Relâmpago Cifrado”, “Os impostores”, “Romeu & Julieta (e Rosalina)”, “Nesta Data Querida”, “A Lista” e “Antes do ano que vem”.
Ana Paula Bouzas
Ana Paula Bouzas é baiana nascida em Salvador. Há mais de 30 anos, trabalha como artista nas funções de atriz, dançarina, coreógrafa, diretora cênica e de movimento e preparadora de elenco em teatro, dança, cinema e TV. É graduada em Licenciatura em Dança pela Faculdade Angel Vianna (RJ) e pós-graduada em Preparação Corporal nas Artes Cênicas pela mesma instituição. Integrou grupos e cias de teatro e dança em Salvador e no Rio de Janeiro, onde fundou o núcleo de criação Meimundo Inventações Compartilhadas, com passagem também pela cidade de São Paulo. Na capital paulista, dirigiu, ao lado de Fábio Espirito Santo, o premiado musical Amor Barato – o Romeu e Julieta dos Esgotos, dentre outros. Seus mais recentes trabalhos são o monólogo Inferno (atriz) e o solo Eu Organizo o Movimento (dançarina), o filme Abraço no Tempo (coreógrafa) e os longas Marighella, Urubus, Medida Provisória e Pixinguinha, um homem carinhoso. Atualmente é gestora artística do Balé Teatro Castro Alves, companhia pública de dança oficial do Estado da Bahia.
Lázaro Ramos
Lázaro Ramos estudou teatro, dança, canto e integrou por vários anos o Bando de Teatro Olodum, dirigido por Marcio Meirelles, em Salvador. Desde 1994, participou de mais de 14 espetáculos. Com grandes sucessos no teatro, cinema e TV, tem sido reconhecido também por seu trabalho de direção teatral, em espetáculos como Namíbia, Não!, O Topo da Montanha, A Menina Edith e a Velha Sentada, Boquinha… E Assim Surgiu o Mundo e O Jornal – The Rolling Stone. Na televisão, dirigiu o programa Espelho, atuou na novela Cobras & Lagartos e na série Mister Brau, todos na TV Globo. É autor dos livros Na minha pele, Caderno de rimas do João, Caderno sem rimas da Maria e A menina Edith e a velha sentada. No cinema, atuou em filmes como O Beijo, Tudo Que Aprendemos Juntos, Madame Satã, O Homem Que Copiava, entre outros.
Márcio Vieira
Diretor de Encenação e Movimento, coreógrafo e ator. Trabalhou como diretor em Zuação – A Festa (Lona Cultural João Bosco, alunos da oficina de montagem de espetáculo), As Coisas Simples da Vida (Teatro Bibi Ferreira, Grupo Teatral O Grupo), A Cantora Careca (Cia Escaramucha de Teatro, Criação Teatral Volkswagen), Enamorados (Cia Escaramucha de Teatro, Centro Cultural Suassuna / Teatro Mario Lago / SESC), Anjinhos e Capetinhas (Teatro Ziembinski e Teatro Gláucio Gil – Oficina de Criação de Espetáculo–ONG Palco Social, supervisão Ernesto Piccolo), Caos e Quatro Bancos e uma Rosa (Teatro Grajaú Tênis Clube, Elo – Companhia Messiânica de Teatro), Thati na festa do Sapo (Teatro Vannucci), O Garoto que não sabe rir (Cia Escaramucha de Teatro, Teatro Ziembinski / Teatro Clara Nunes), Sonho nosso de cada dia (Elo Cia de Teatro), Humor de A a Z (Teatro Vannucci), Sujou (Teatro Clara Nunes), Quando as Máquinas Param (Teatro Laura Alvim, Casa da Gávea e Circuito SESC). Trabalhou como assistente de direção Gustavo Paso no espetáculo Ariano (CCBB-RJ e SP) e como diretor de movimento de O canto do Galo e Casa Grande e Senzala – Manifesto Musical Brasileiro (Cia Os Ciclomáticos), além, de assinar a direção e a coreografia do musical Um Rio Chamado Machado (Teatro SESI e Teatro Miguel Falabella).
WB Produções
Fundada por Bruna Dornellas e Wesley Telles, a WB Produções é uma empresa que desde 2007 atua nos mais diversos ramos da produção cultural no Brasil. Em 15 anos, já foram mais de 500 sessões de caráter cultural e mais de 200 sessões em temporadas, envolvendo manifestações das artes cênicas, musical e audiovisual, atingindo um público de mais de 350 mil espectadores, com artistas como Bibi Ferreira, Glória Menezes, Maria Bethânia, Miguel Falabella, Marieta Severo, Lilia Cabral, Mateus Solano, Marcelo Serrado, Fernanda Souza, Leandro Hassum, Marco Luque, Paulo Gustavo e Whindersson Nunes. Entre os espetáculos montados, E o Vento Vai Levando Tudo Embora, escrita e dirigida por Regiana Antonini; Deu a Louca na Branca, com Cacau Protásio; O Último Capítulo, com Mariana Xavier e Paulo Mathias Jr; Através da Iris, com Nathalia Timberg, entre outros.
Texto e foto: Fernando Sant’ Ana
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