- Ato ocorre às 9h no Museu Nacional da República, e leva às ruas pautas por direitos, combate ao racismo e políticas de reparação
Brasília será tomada pela força e pela presença das mulheres negras de todo o país nesta terça-feira (25) com a II Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver. A concentração será às 9h, no Museu Nacional da República, e o trajeto seguirá pela Esplanada dos Ministérios até o Congresso Nacional.
As mulheres vão marchar em defesa do bem-viver — conceito que envolve acesso a direitos básicos, como moradia, emprego e segurança —, e também pela construção de uma vida digna, livre de violências. A marcha também incorpora como eixo central a reparação, compreendido como um conjunto de medidas que enfrentam as desigualdades produzidas pelo racismo estrutural e que buscam corrigir distorções históricas que impactam a vida das mulheres negras.
A Marcha das Mulheres está sendo articulada por organizações, coletivos, e grupos comunitários e ativistas de todos os 26 estados do país e do Distrito Federal. Entre as organizações participantes deste ano está o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT).
“Participar da Marcha significa contribuir para a construção de um país mais civilizado e mais democrático. É a importância da voz das mulheres negras dizerem para o Brasil: estamos aqui e temos uma proposta de um outro Brasil, com outro conceito de desenvolvimento, onde esteja incluído o bem viver”, diz Cida Bento, fundadora e conselheira do CEERT e uma das principais referências na defesa de uma educação antirracista e inclusiva.
Ela acrescenta que a participação da organização em Brasília já começou nesta segunda-feira (24), com a realização do encontro Diálogos Antirracistas CEERT 35 Anos: A Luta das Mulheres Negras e o Bem Viver – Região Centro-Oeste, realizado no Auditório do Instituto Federal de Brasília (IFB – Campus Brasília). O evento reuniu lideranças, educadoras e pesquisadoras para debater políticas antirracistas e fortalecer a mobilização rumo à marcha.
Marcha das Mulheres Negras
A primeira edição da Marcha das Mulheres Negras ocorreu há dez anos, em 2015, e marcou a história do movimento negro feminino no Brasil. A ação reuniu mais de 100 mil mulheres negras em todas as regiões do país, em um ato político de denúncia e resistência. Na época, o país vivia uma forte crise política, e o projeto vinha para denunciar o racismo e o sexismo sofrido por mulheres negras.
Em 2025, as participantes marcham também pela defesa dos povos tradicionais, pela preservação dos recursos naturais e da biodiversidade brasileira, por reparação histórica diante das violências da escravização, por um Estado que garanta direitos a todas as pessoas e por um modelo econômico sustentável, comprometido com justiça social e racial.