Lockdown – Comerciantes do Guará demitem e vivem dias críticos sem poder pagar folha de quem continua

Ajuda do governo, que ocorreu em 2020 não vingou em 2021, e com o fechamento do comércio frente ao coronavírus, situação é dramática

Por Amarildo Castro – O novo lockdown decretado em vários Estados no Brasil, e também no Distrito Federal está sendo, neste ano de 2021, dramático, bem mais difícil que o fechamento do comércio em 2020, ambas ações realizadas como forma de combater o novo coronavírus. Antes, o Governo Federal chegou a bancar R$ 1.045 para quem quisesse suspender os contratos com os trabalhadores por até 180 dias, mas agora, os novos decretos não vieram acompanhados de novas medidas de auxílio. Assim, muitos comerciantes vivem situação crítica.

Se antes a modalidade delivery era ‘atração’, agora não vende quase nada mais

Com as portas fechadas há mais de duas semanas no Distrito Federal, segmentos como os restaurantes e bares, em especial, vivem dias de crise sem fim. Nos últimos dias, a reportagem do Blog do Amarildo ouviu donos desse tipo de comércio e também funcionários dos mesmos.

Fechado há 16 dias, o bar e restaurante Chalé da Traíra, no Guará II, mandou para casa quase trinta funcionários. A permissionária, Francisca Roque explicou à reportagem que a situação é bastante delicada porque antes o Governo Federal dava a opção da suspenção de contrato parcial ou total, com auxílio de até R$ 1.045. Mas agora, não há qualquer tipo de ajuda.

O Chalé da Traira deu férias coletivas de 15 dias para funcionários, mas já a partir desta semana, não tem mais como arcar com folha de pagamento de março

No caso dos restaurantes, uma convenção celebrada ainda em 2020 pelo sindicato da categoria dava opção para segmento suspender os contratos por 15 dias sem pagamento aos funcionários, ou ainda dar férias coletivas remuneradas e parceladas em três vezes, sendo essas férias de 15 ou 30 dias.

“Como forma humana, optamos por férias coletivas de 15 dias, mesmo sem dinheiro. Já a partir desta semana, não temos como continuar pagando os funcionários porque não há mais nenhum fluxo de caixa ou reserva, então, não temos como pagar mais”, lamenta Francisca.

Nem mesmo bares menores, como é o caso do Solano`s Bar, com sede na QI 22 do Guará I escapam da crise. Antes, a empresa tinha quatro funcionários e mais os dois donos, mas com o lockdown, a direção optou por demitir de forma direta, três deles. “Não vamos mais contratar enquanto não passar essa onda, e se assim permanecer, o negócio não é viável”, citou Solano Oliveira, proprietário.

Ozéias Cunha: ” A gente não está vendendo nem o suficiente para pagar matérias-primas

Delivery em baixa

Se antes a modalidade delivery ‘salvou’ muitos comércios tanto no Guará como em todo o Distrito Federal, esse mesmo sistema agora funciona de forma precária. Na maioria das lojas que usam o serviço como forma de aliviar a crise, não conseguem sair do buraco.

É a situação do Kasarão Grill, da QE 34. No primeiro fechamento do comércio em 2020, a unidade foi modelo em vendas delivery. “Agora, assim como quase todos na cidade, estamos vendendo menos da metade nessa modalidade no novo lockdown”, diz o dono.

“Com cuidados, precisamos funcionar, senão em breve, não sabemos o que pode ocorrer”, destaca a direção do Kasarão Grill.

Mesma reclamação tem Ozéias Cunha, do Restaurante Cunha, na QE 40. “A gente está aqui tentando entregar, mas se o povo não tem auxílio nem dinheiro, não vai comprar, é isso que está acontecendo, e sem contar que tudo aumentou, todo tipo de matéria-prima, incluindo embalagens”, reclama Ozéias.

Apesar da suspensão de taxas de ocupação de área pública daqui em diante enquanto durar a pandemia, um benefício concedido pelo GDF aos comerciantes, muitos lojistas locais acham isso muito pouco frente à folha pagamento, que agora não tem nenhum auxílio, e não há dinheiro para tal.

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