Lei Seca: PRF fez um flagrante a cada 37 minutos em 2022

Bafômetro usado pela PRF nas blitze de trânsito (Divulgação/PRF)
  • Contingente 2,5 vezes maior de motoristas (41.834) recusou o teste do bafômetro

Em 2022 14.389 motoristas foram autuados por dirigirem sob efeito de álcool nas rodovias federais brasileiras. Esse número corresponde a uma autuação a cada 37 minutos, em média. Segundo dados divulgados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) a pedido da Associação Mineira de Medicina de Tráfego (Ammetra), 41.834 motoristas se recusaram a fazer o teste do bafômetro, o que totaliza 56.223 motoristas que, solicitados, foram flagrados sob efeito de álcool ou não comprovaram a sobriedade. “Não é difícil deduzir que quase a totalidade daqueles que se recusaram a passar pelo teste tivessem consumido álcool. Para quem não bebeu antes, não faz o menor sentido recusar o teste, já que que a recusa, por si só, constitui infração gravíssima, com suspensão da habilitação por um ano e multa de R$ 2.934,70. Felizmente a legislação evoluiu e tanto a recusa quanto provas testemunhais são suficientes para a aplicação da multa”, comenta Alysson Coimbra, diretor científico da Ammetra.

Considerando esse cenário, a cada hora, mais de 6 motoristas foram autuados por desrespeitar a Lei Seca nas rodovias brasileiras. “É um índice alarmante, principalmente porque a combinação perigosa e criminosa entre álcool e direção está entre as principais causas de sinistros de trânsito no Brasil. A nomenclatura correta é sinistro porque, diferentemente dos acidentes, eles podem ser evitados”, alerta Coimbra.

Conforme dados da Secretaria Nacional de Trânsito divulgados na imprensa, nos últimos dois anos, a mistura de álcool e direção matou mais de 2,4 mil pessoas no Brasil. No ano passado, motoristas com suspeita de embriaguez provocaram mais de 325 mil sinistros de trânsito no país, uma alta de 50% em relação a 2021.

Tolerância zero
O médico especialista em Medicina do Tráfego explica que não há consumo de álcool seguro para dirigir. “O álcool altera nosso reflexo, faz com que o motorista adote comportamentos infracionais, como excesso de velocidade, avanço de semáforo, ultrapassagens em locais proibidos e manobras arriscadas”, enumera.

Além disso, explica Coimbra, o motorista perde a capacidade de julgar suas ações. “Ele acredita que está dirigindo em segurança, com mais confiança, mas na verdade não consegue manter o veículo na via, não reage a tempo diante de um obstáculo na pista e não consegue, por exemplo, fazer uma frenagem súbita diante de um pedestre”, afirma.


O médico e diretor científico da Ammetra, Alysson Coimbra
Divulgação

Tragédias em BH
O último final de semana foi marcado por duas tragédias envolvendo álcool e direção em Belo Horizonte. Na última sexta-feira, a advogada e modelo Larissa Rodrigues de Assis, de 27 anos, estava em uma moto que foi atingida por um carro conduzido por um motorista embriagado. O homem dirigia em alta velocidade pelas ruas do bairro Xodó Marize quando invadiu a contramão, atingiu a moto onde Larissa estava e arrastou a vítima por cerca de 100 metros. A moça, que deixa uma filha de 8 meses, teve a morte cerebral constatada na segunda-feira.

No sábado, o ciclista Eduardo Lobato morreu após ser atropelado por um motorista alcoolizado em Nova Lima, na Grande BH. “Apesar do policiamento ostensivo apresentar bons resultados é indispensável que exista uma ação integrada, organizada e fixa entre as forças de segurança. As blitze itinerantes e nos dias de maior consumo de álcool (finais de semana) serão positivas para a redução dessa prática criminosa. Outro ponto que cabe modificação é a tipificação desses crimes de trânsito, pois ao saber da proibição e ainda assim assumir o risco de dirigir, o motorista claramente age com dolo eventual e esse entendimento precisa ser aplicado com maior frequência para que consigamos dar uma resposta à sensação de impunidade que existe em nossa sociedade”, explica Coimbra.

Colaboraração de AKM Comunicação

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