Setur-DF instala placa indicativa de rota turística no local onde Renato Russo e Fê Lemos se encontraram para fundar o Aborto Elétrico e ouviam as instruções musicais do guitarrista Toninho Maia, na virada das décadas de 70/80
Foi embaixo do Bloco A da Colina da UnB, onde moravam os professores da Universidade de Brasília, que Renato Manfredini Jr. e Felipe Lemos se encontraram para montar uma banda de rock, em 1978. Ali, eles também conheceram Toninho Maia, que frenquentava a quadra para jogar bola ao lado do irmão mais velho, o “Tio Jorge”. O Aborto Elétrico enveredou pelo punk rock que mudaria a cara da música jovem brasileira a partir dos anos 1980. Toninho Maia seguiu uma brilhante carreira como guitarrista de jazz e produtor musical. Falecido recentemente por decorrência da Covid-19, o instrumentista respeitado em todo o país, mas que nunca deixou Brasília, foi homenageado na manhã desta quinta-feira, 11 de agosto, na inauguração da Placa da Colina – Onde Tudo Começou, um dos 40 pontos da Rota Brasília Capital do Rock lançada pela Setur-DF com curadoria do guitarrista e vocalista da Plebe Rude, Philippe Seabra.
“Nós temos muita história para contar desse lugar aqui”, disse a secretária de Turismo do Distrito Federal, Vanessa Mendonça. Ela agradeceu o apoio e parceria do secretário de Economia do DF, André Clemente, que encampou a parceria com a Setur para tornar a Rota Brasília Capital do Rock viável e ao e do governador Ibaneis Rocha, “que nos tem dado todas as condições para fazer essas homenagens ao rock de Brasília”, completou Vanessa Mendonça.
A Setur convidou um grupo de agentes de viagem, representantes de operadoras de turismo, guias especializados, jornalistas e influenciadores digitais para um mini tour que percorreu pontos como a 508 Sul, onde as bandas se apresentavam na Feira de Música, nos anos 80 e a Upis (712/912 Sul), onde está montada uma exposição com fotos, discos, instrumentos, cartazes de shows e até Disco de Ouro dos artistas que construíram a história do rock de Brasília, com entrada gratuita.
“O significado aqui é muito maior. Fizemos essa rota, com curadoria do Philippe Seabra e apoio da Upis, mas estamos prestando uma homenagem por esta ausência do Toninho Maia que todos estamos sentindo. Me uno a todos nessa lembrança, nesse reconhecimento ao Toninho”, disse Vanessa Mendonça.
Presente à inauguração da placa, Tio Jorge, irmão de Toninho Maia, disse que estava emocionado e lembrou de como ele e o irmão tiveram o primeiro contato com os roqueiros, ali, debaixo do Bloco A da Colina. “Nós vínhamos da 408 Norte pra cá jogar bola com eles”, falou Jorge Maia. O Toninho tinha 15 anos e tocava guitarra. Ele foi para o rock e o Toninho pro jazz, mas depois eles se reencontraram no Ed. Radiocenter, onde o Toninho tinha o estúdio de gravação, o Artemanha, e também a banda de jazz, que era ao lado da sala de ensaio da Plebe, Escola de Escândalos e Legião”, recordou Jorge que atuava como operador de som do estúdio nas gravações das bandas.
MOMENTO HISTÓRICO
“O que estamos vivendo aqui é um momento histórico”, disse a secretária Vanessa Mendonça.
A Guia de Turismo e moradora de Brasília, Eliana Barbosa, participou da inauguração da placa de sinalização da Rota do Rock, na Colina, e acredita que a cidade merece reviver os tempos que marcaram e que fizeram a diferença na produção intelectual, cultural. “Tudo isso precisa ser ressaltado e reforçado, pois com o passar dos anos, Brasília foi miscigenando os estilos e perdendo a origem, o princípio, os primeiros anos, as primeiras gerações da cidade e o que eles produziram”, disse a Eliana Barbosa.
“Eu acho fundamental porque registra esse momento histórico e cultural da cidade, e traz um novo significado aos espaços que estamos habituados a ver, só quem conhece a história por trás. Então, é um resgate cultural fundamental para quem quer conhecer Brasília por esse viés mais artístico, mais cultural”, declarou o diretor Musical do Clube do Choro, Henrique Neto, durante a inauguração da placa sinalizadora da Rota do Rock, na Colina. Além disso, o músico acredita que as pessoas devem se espelhar nessa iniciativa e transformar a nossa boa cultura em alguma coisa que seja rentável, o mercado cultural movimenta muitos recursos ao redor do mundo e se posiciona como uma das indústrias mais lucrativas. “O Brasil que é um país cultural e criativo deve seguir bons exemplos como o que a Secretaria de Turismo do DF está fazendo aqui e merece todos os aplausos”, finalizou.
ALMA
“É maravilhoso! Simplesmente, maravilhoso! Até emocionante! A gente está com pessoas que viveram isso e é muito bom. Vou chegar em casa agora, montar a rota e publicar para começar a oferecer ao público, porque eu acho que é o que eles falaram: faz parte da história de Brasília. Brasília não é só o Congresso, Brasília não é só isso, Brasília é isso aqui, isso aqui é o nosso âmago, nosso coração. Muito bacana, achei fantástico”, exclamou emocionada a proprietária da Suprema Tur, Gabriela Wiederman. A empresária enxerga na iniciativa conjunta da Setur-DF, da Upis e do músico Philippe Seabra, dentre outros, a criação de um produto turístico cheio de alma. “A gente tá com quem viveu isso, quem viveu isso está trazendo junto o sentir deles e isso não é temos todo dia. A gente conta a história, vai para arquivos, vai para livros e cria nossa história, mas a gente tá escutando de quem viveu a histórias deles. Isso é fantástico”, disse.
Em outros países, as empresas de turismo levam os turistas para verem túmulos de artistas e, em Brasília, as empresas poderão levar o visitante para conhecer histórias dos músicos ainda vivos. Essa é a impressão do guia de Turismo, Billy Deeder, que participou da época em que as bandas de rock surgiram na cidade e foi convidado para a inauguração da placa sinalizadora da Rota do Rock, na Colina. “A gente estudava junto. Eles começaram na Música e eu comecei no Turismo. Esse reencontro é muito bacana. Apesar de eu usar várias dessas informações nos meus City Tours diários, é muito bom ter uma rota oficial dessa história, participar do lançamento das rotas e relembrar isso tudo, reviver essa época de quando a gente era bem mais jovem e poder levar isso pra frente mais oficialmente do que as histórias que eu tinha”.
“Essa rota ressignifica a história do rock de Brasília e faz uma justa homenagem ao movimento musical que fixou a cidade no mapa da música brasileira”, afirma a secretária de Turismo do DF, Vanessa Mendonça.
RESGATE
O professor de Turismo da Upis, Leonardo José Brandt, acredita que o turismo deve valorizar o que é importante na cidade, resgatar a sua história e a sua alma. “O turista hoje quer isso, o turismo de experiência, vivenciar as coisas que a cidade tem, sair daquele tradicional de ver só os monumentos. Apesar de que Brasília tem várias rotas para a gente visitar, não só a do Rock. Mas, especificamente, sobre a Rota do Rock, eu estou muito orgulhoso e sei que dá pra crescer muito mais. A inauguração das placas é o início de uma série de produções associadas ao Turismo, como o museu definitivo, souvenirs, enfim, podemos fazer muitas coisas”, sinalizou o professor.
O CIRCUITO
A Rota Brasília Capital do Rock foi oficializada pelo Decreto nº 42.074<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=413890>, de 6 de Maio de 2021, assinado pelo governador Ibaneis Rocha. Com isso, moradores do Distrito Federal e turistas contarão com uma experiência única pelo olhar do estilo musical que consagrou a história da cidade e foi tombado como Patrimônio Cultural Imaterial do DF pela Lei Distrital no 5.615. A Secretaria de Turismo do DF mapeou 40 pontos que fazem parte da história do rock brasiliense em um trabalho conjunto com a Secretaria de Estado de Economia, faculdade União Pioneira de Integração Social (Upis), a curadoria de Philippe Seabra, vocalista da Plebe Rude, e a produção de Tata Cavalcante.
A rota Brasília Capital do Rock passa a integrar diversas outras rotas criadas pela Setur-DF para ajudar moradores e visitantes a conhecerem melhor os atrativos da capital federal e segue um padrão internacional de sinalização, com informações bilíngues em Inglês e Espanhol para atender também o turista estrangeiro. A Coleção Rotas Brasília conta, ainda, com a Rota Fora dos Eixos; do Cerrado; da Paz; Cultural; Náutica, Cívica e Arquitetônica. Essas já estão mapeadas e disponibilizadas no site da Setur-DF (http://www.turismo.df.gov.br/).
“Agora, o segmento musical do rock como destino turístico será tratado como atração principal e com as luzes que realmente merece. Considerar esse estilo tão importante para a história da nossa capital sob a perspectiva da consolidação de um destino é uma conquista inédita e de valor estratégico para o desenvolvimento de todos os setores, em especial, o do turismo. E só foi possível estruturar um projeto como esse, graças à atuação integrada do nosso governo com a iniciativa privada, os acadêmicos e os músicos que carregam no DNA o melhor do rock e de Brasília”, ressalta Vanessa Mendonça, secretária de Turismo do DF.
Quando o público chegar a uma destas estações terá a oportunidade de conhecer o fato do rock ocorrido ali, por meio de um resumo da história. Acessando um QR Code, será possível ampliar este conteúdo no Google Earth (É PRECISO BAIXAR O APLICATIVO PARA O CELULAR). As placas, com iconografia padrão e identificação por uma nota musical, contar a história resumida remetida àquele local. “Ainda nesta semana, outras 14 placas como esta aqui da Torre de TV serão instaladas em locais como a Colina da UnB, Ermida Dom Bosco e Espaço Cultural Renato Russo, entre outros”, informa a secretária Vanessa Mendonça.
PLACAS JÁ INSTALADAS NA PRIMEIRA FASE DO PROJETO
1. Torre de TV – Onde vários grupos se apresentaram ao longo dos anos
2. UPIS – Onde havia várias apresentações
3. QI 8 Lago Norte – Residência de Philippe Seabra
4. Colina UnB – Onde moravam vários dos músicos
5. Ed. Rádio Center – Onde as bandas ensaiavam
6. Esplanada dos Ministérios – Grandes shows de aniversário da cidade
7. Estádio Nacional Mané Garrincha – Shows de Legião Urbana e Capital Inicial
8. SQS 303 – Residência de Renato Russo
9. Espaço Cultural Renato Russo – Antigo Teatro Galpãozinho (508 sul)
10. Entrequadra 110/111 SUL – Food’s – Onde as bandas subiam em caminhões para tocar
11. Centro de Convenções Ulysses Guimarães
12. Concha Acústica de Brasília – Lançamento do LP Rumores
13. Centro Comercial Gilberto Salomão – Lago Sul – Local do primeiro show do Aborto Elétrico
14. Residência Raimundos – QI 9 do Lago Sul – Casa do Digão
15. Ermida Dom Bosco – Onde se costumava promover shows de rock
Colaboração de texto e fotos: Assessoria de Comunicação da Secretaria de Turismo do Governo do Distrito Federal
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