A política eurasiana de Vladimir Putin remonta uma história étnica e territorial

A política euroasiana que tem sido seguida por Putin está assente na história étnica e geopolítica da região. O historiador e PhD em neurociências Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela que se tem dedicado ao estudo destas questões afirma que o pensamento de hegemonia faz parte da História e é evidente no comportamento e discurso de Putin. 

Para o professor da Universidad Santander, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, é fundamental que se conheça a história anterior a este conflito e, só assim se poderá entender a sua verdadeira dimensão. Como refere o historiador, a variedade de etnias russas remonta ao período pré-histórico e teve uma forte influência climática. Desde os povos pré-eslavos, denominados como ‘rus’ pelos vikings, aos tártaro-mongóis no século XIII, judeus, asiáticos e árabes, prevaleceu a etnia balcânica (sudeste europeu), leste europeia e báltica, esses dois últimos predominantes, têm relação com os eslavos, onde a região de origem remonta ao Neolítico.

“O povo ‘rus’ mencionado pelo líder russo Vladimir Putin como a origem dos russos e ucranianos, igualando os povos de ambos os países e a região, nome de possível razão para o nome Rússia, foi mencionado mais de uma vez por Putin para afirmar que, russos, ucranianos e bielorrussos são, na verdade, um mesmo povo, os “descendentes da antiga Rus’”, refere Abreu, “um discurso que tenta de alguma forma legitimar as atitudes que ele tem vindo a tomar assim como a sua posição de não reconhecimento da soberania da Ucrânia”. 

Sendo assim, a ideia do “povo ucraniano como uma nação separada dos russos”, segundo Putin, “não tem base histórica”. Que advém de seu pensamento eurasiano.

Como nos elucida o historiador, “o pensamento geopolítico russo valoriza o fortalecimento do Estado Russo e a ampliação de sua área de influência, sobretudo no que se denomina de Eurásia, a recuperação geográfica da antiga área de influência soviética, o Leste Europeu, para a Ásia Central.” 

Muito recentemente o líder Russo afirmava que o mundo não existiria sem a Rússia o que denota bem a sua visão. Para Abreu, “este pensamento de hegemonia é histórico e está evidente no comportamento e discurso de Vladimir Putin. Historicamente, o eurasianismo tem objetivos declarados de instituir o comunismo, postula a civilização russa como de sua possível origem e a criação de uma nova identidade nacional que refletisse o caráter único da posição geopolítica.”

Como nos lembra o historiador, a história recente da Europa ficou manchada por uma serie de líderes com pensamentos puristas sobre raças e a Rússia não foi expeção e, Putin parece querer reavivar alguns desses pensamentos. Abreu refere ainda que “esse pensamento de superioridade está presente entre cientistas russos que buscam, mediante à neuroanatomia, coletar e mapear cérebros de russos de elite de forma estruturada, chegando a fundar em 1928 o Instituto de Pesquisa do Cérebro de Moscou, cuja coleção inclui os cérebros de vários neurocientistas russos proeminentes, incluindo VM Bekhterev,GI Rossolimo, LS Vygotsky e IP Pavlov.”, concluí. 

Sobre o Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela

PhD em neurociências, mestre em psicologia, mestre em psicanálise, biólogo, historiador, antropólogo, com formações também em neuropsicologia, neurolinguística, inteligência artificial, neurociência aplicada à aprendizagem, filosofia, jornalismo, programação em python e formação profissional em nutrição clínica – Diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Professor e investigador na Universidad Santander; Membro da SFN – Society for Neuroscience, Membro ativo Redilat.

Joana Freitas – MF Press Global Licenciatura em letras com mestrado integrado em arqueologia pela Universidade do Porto e pela Universidade Autónoma de Barcelona. 

Créditos de: FAP – Tomorrow Summit

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