
- Três meses após verem o nome no Diário Oficial, novos servidores celebram conquistas e fazem planos para o futuro; secretários destacam aprendizado de mão dupla
Por Fernando Jordão, da Agência Brasília | Edição: Débora Cronemberger
Em um quadro de recados pendurado na parede da sala em que trabalha, Isac Ramos, 41, escreveu: “Quem cultiva a gratidão é capaz de realizar sonhos que parecem inalcançáveis”. Um recado para os colegas, mas, sobretudo, para ele próprio. O sonho até então inalcançável, nesse caso, foi o de conquistar um emprego: o agora servidor da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF) foi uma das 15 pessoas em situação de vulnerabilidade nomeadas para cargos no Governo do Distrito Federal (GDF).
“Eu estava meio isolado do mundo, meio desesperançoso, estava mesmo muito triste por falta de uma oportunidade. Agora mudou tudo. Até estou dormindo melhor, todo mundo querendo falar comigo, o pessoal passa por mim e dá bom dia. Para mim, escutar um bom dia assim é tão legal. Eu vejo a alegria, a sinceridade das pessoas que me dão um bom dia hoje em dia. Parece uma coisa tão simples para muitos, mas para mim é muito significativo. Não foi só um emprego, mudou meu astral. Estou me sentindo um pouco importante para todos e isso é bom.”
Na Sedes, enquanto mira os próprios planos futuros — de mudar para a própria casa e de passar em um concurso público —, Isac também ajuda outras pessoas, atualizando cadastros para benefícios sociais: “Dizem que eu estou servindo para bom exemplo, mas só estou fazendo a minha parte. Agora, se isso está podendo ajudar outras pessoas, é a maior satisfação para mim, é o maior privilégio poder estar abrindo portas para outras pessoas”.
Quem também tem aproveitado a oportunidade que recebeu para abrir outras portas é Carmen Barbosa, 42. Sua nomeação foi para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda (Sedet) e, hoje, ela trabalha fazendo atendimentos em uma unidade da agência do trabalhador. “Aprendi várias coisas novas, tenho lidado com pessoas que vêm procurar emprego. Eu acho bem legal, é gratificante ajudar as pessoas em algo que eu também estava à procura. Então é por isso que eu me empenho ainda mais para que eles saiam daqui sempre com a cartinha para começar a trabalhar”, relata.
Natural de São Paulo, Carmen mudou-se para Brasília ao lado do companheiro. Nesses meses de emprego novo, ela já conseguiu quitar suas dívidas e, agora, planeja alugar uma casa para “voltar à vida normal” e iniciar um curso de marketing digital. “Estou bastante animada, bem feliz mesmo. É algo que tem me ajudado a cumprir as minhas metas e ter uma vida mais digna.”
A capital da República também surgiu como esperança de vida melhor para um cearense e um amapaense nomeados para cargos na Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus). Francisco Tavares, 29, e Gilvandro Soares, 55, têm atuado na reforma de equipamentos públicos e de entidades parceiras da pasta. Mas estão reconstruindo mesmo é a própria história.
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