A Alego realizou encontros com representantes do turismo para estimular prefeitos a construírem os planos municipais de turismo. Coronel Adailton lembra que os planos são essenciais para nortear o setor.

Cruciais para orientar o desenvolvimento turístico, os planos municipais de turismo vêm ganhando força em Goiás e contam, para isso, com a contribuição do Poder Legislativo.

Em dezembro de 2022, a Comissão de Turismo da Assembleia Legislativa goiana promoveu uma conversa sobre planos municipais de turismo como norteadores do desenvolvimento regional. Participaram do diálogo representantes do turismo de alguns dos municípios mais avançados do setor no estado, como Pirenópolis, Trindade, Cidade de Goiás, Rio Quente e Rio Verde.

“Estamos buscando fortalecer os municípios, auxiliando-os com consultorias para a confecção desses planos municiais”, explica o deputado Coronel Adailton (SD), presidente da Comissão de Turismo da Alego desde 2019 e, no início de março, confirmado para um novo biênio no cargo.

A ideia principal dos planos turísticos, esclarece o parlamentar, é “formatar um planejamento e, a partir dele, estabelecer metas e objetivos de curto, médio e longo prazo para que os caminhos que a atividade do turismo tem em cada município não se percam no tempo, não se percam com a troca de mandatos políticos”.   

Coronel Adailton ressalta que muitos desses planos são aprovados como lei, tornando-se permanentes e dando um norte ao prefeito ou ao secretário municipal de turismo que assume. O deputado destaca, também, que os planos são fundamentais para o estabelecimento de prioridades em relação ao turismo, sendo infrutífero “atirar para todo lado”.

Outra vantagem, pontua, é tornar o município mais propício a receber verbas ligadas ao turismo. Se um deputado vai direcionar uma emenda parlamentar individual impositiva, tende a fazer isso para um município que tem um “plano elaborado e sabe o que vai executar”.

Um plano municipal de turismo contribui, ainda, para o fortalecimento da governança ao envolver decisões e planos de trabalho coletivos.

Os municípios turísticos goianos mais conhecidos estão em diferentes fases quanto aos seus planos municipais de turismo.

Rio Quente e Rio Verde estão atualmente elaborando-os. A Prefeitura da cidade de Goiás teve um plano a partir de 2011 e lançou um novo ontem, quarta-feira, 15. Trindade fará seu lançamento hoje, 16. Pirenópolis teve um plano de turismo criado para o período 2012-2016 e tem hoje vigente o Plano Municipal de Turismo 2022-2027.

Pirenópolis: construção e gestão compartilhadas

O plano de Pirenópolis traz, entre tantos outros tópicos, visão de futuro quanto ao turismo local, objetivos estratégicos e ações, resultados esperados, mecanismos de monitoramento.

Presidente da Associação Nacional de Secretários e Dirigentes de Turismo (Anseditur) e Secretária de Turismo de Pirenópolis, Vanessa Leal, ressalta que a construção do plano de turismo do município foi participativa. “Foram envolvidos líderes de cada um dos segmentos da cadeia turística, hotéis, bares e restaurantes, guias, artesãos, gestores públicos como os da Secretaria do Meio Ambiente e da Educação”, explica. Os trabalhos se estenderam seis meses, com encontros mensais e outras atividades envolvendo as lideranças.

Questionada sobre os resultados do plano de turismo que abarcou os anos de 2012 a 2016, Vanessa afirma que em torno de 65% das ações previstas foram executadas, estendendo-se inclusive além do último ano previsto.

A expectativa quanto ao plano vigente de 2022 a 2027 é a de que “seja um plano de gestão compartilhada entre poder público e iniciativa privada, visto que agora temos uma plataforma na qual os membros que participaram da construção desse trabalho têm acesso às ações previstas e executadas”, especifica Vanessa à Agência de Notícias da Alego.

“Na ponta, quem faz o turismo acontecer é a iniciativa privada, porque é o hotel, é o restaurante quem recebe. A cidade é o território. A gente trabalha com iniciativas de apoio territorial, de reestruturação, de formatação de produtos, mas na prática quem executa é a iniciativa privada”, complementa, acrescentando que esse fato demanda uma maior transparência das ações e um maior engajamento das lideranças locais na gestão.   

Cidade de Goiás: visita a outros municípios coloniais para coletar experiências

No caso da Cidade de Goiás, avaliou-se que o plano de 2011 focava em excesso no turismo cultural. O novo plano se alinha à disposição de racionalizar a estrutura de gestão do turismo no município, explica o Secretário da pasta, Rodrigo Borges, afirmando que faltava uma legislação que integrasse iniciativas distintas: Fundo, Conselho e Secretaria de Turismo “foram criados em diferentes épocas e não dialogavam”, diz, e “faltava ao fundo dotação orçamentária”.

Institui-se então uma política municipal de turismo, que entre outros desdobramentos teve o da criação do plano. Essa criação se prolongou por quase sete meses e teve, além de diversos workshops e reuniões, uma viagem de trabalho com membros da prefeitura e 28 empresários da cidade a Tiradentes e São João del Rey, também municípios de rica história colonial.

Houve, como em Pirenópolis, ampla participação das instituições, com a criação de um conselho plural, incluindo, além dos empresários, profissionais da cultura, do artesanato, de museus, de universidades, da associação dos hotéis, pousadas e restaurantes, guias, agências de turismo e instituições ligadas a educação e ao esporte, entre outras.

Algumas diretrizes do plano, como a melhoria do aplicativo de turismo do município e um carnaval com atrações musicais quase todas goianas, passaram a ser executadas já durante a elaboração, explica Rodrigo Borges. Agora, afirma, o desafio é garantir, junto a outras esferas do poder público, recursos que viabilizem as 131 metas de curto, médio e longo prazo necessárias para “avançar, fazer um turismo que seja responsável, valorize o empreendedorismo local, seja aliado à preservação do patrimônio e do meio ambiente e contribua pela gestão do patrimônio”.  

Estado de Goiás: “falta um plano bem elaborado”

A recomendação de que haja um planejamento municipal, regional e estadual do turismo é estimulada pelo próprio Ministério do Turismo nos seus principais documentos.

“É preciso destacar que o próprio estado de Goiás está carente de um plano de turismo bem elaborado”, pontua Coronel Adailton. “Enquanto presidente da Comissão de Turismo busco junto à Goiás Turismo [Agência Estadual de Turismo], junto ao setor privado, ao trade turístico, que a gente possa consolidar uma boa política de turismo no nosso estado”.

“Há muitos goianos que não conhecem nossas atrações turísticas em Goiás”, avalia Coronel Adailton, enumerando uma série de locais a serem visitados, como o Rio Araguaia, lagos, serras, cavernas, os circuitos de pesca, o Parque Estadual da Terra Ronca, “nossas belezas naturais exuberantes” e outros “destinos maravilhosos que precisam ser divulgados”.

40% dos municípios goianos estão no Mapa do Turismo nacional

Goiás tem 96 dos seus 246 municípios (39%) incluídos no Mapa do Turismo Brasileiro, que reúne municípios com vocação turística ou impactados pelo setor de viagens. Para participar, o município precisa dispor de uma secretaria ou departamento voltado ao turismo e ter um Conselho Municipal de Turismo ativo, entre outros critérios.

O estado de Goiás é, segundo a PNAD Contínua 2020-2021, do IBGE, a 10ª UF mais procurada para viagens nacionais, concentrando 3,7% delas e liderando a região Centro-Oeste no quesito.

Após variação de -31,7% no volume de atividades em 2020, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços, também do IBGE, o turismo goiano recuperou-se dos efeitos do primeiro ano da pandemia do novo coronavírus com crescimento de 34,2% em 2021 e de 16,6% em 2022.

Agência Assembleia de Notícias

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