Abaixo-assinado e carta conjunta de entidades pedem criação do Parque Nacional do Albardão, no Rio Grande do Sul 

Local é conhecido por presença de concheiros, jazidas fósseis que afloram na praia do Albardão. Foto: Arquivo NEMA.
Petição na plataforma Change.org, organizada por moradores locais, já conta com mais de 10 mil assinaturas 

Nesta terça-feira (30), organizações da sociedade civil, entidades acadêmicas, especialistas e moradores locais participam de audiência pública sobre o tema 

Um abaixo-assinado publicado na plataforma Change.org, em 14 de abril, reúne mais de 10 mil apoiadores favoráveis à criação de uma nova Unidade de Conservação (UC) marinha na região sul do país, o Parque Nacional Marinho de Albardão,  no Rio Grande do Sul: https://www.change.org/SalveAlbardao.  

Nesta terça-feira (30), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realiza uma audiência pública em Santa Vitória do Palmar (RS) com o objetivo de debater o processo de criação do Parque Nacional. Segundo comunicado oficial do órgão, a iniciativa visa promover a integração do processo com a comunidade local, órgãos ambientais, entidades públicas, associações de moradores, proprietários de terras e representantes dos setores produtivos. Ontem (29) uma primeira audiência ocorreu no Rio Grande (RS). Uma consulta pública será realizada durante todo mês de maio, para ouvir os atores locais sobre esta implementação.

A área em discussão abrange um refúgio de 16 mil quilômetros quadrados, com diversas espécies emblemáticas de fauna e flora, e é santuário para três espécies de tartarugas marinhas, todas em risco de extinção. Além disso, há ocorrência de dez espécies de mamíferos marinhos, incluindo a ameaçada baleia franca, golfinhos-nariz-de-garrafa, lobos marinhos e a toninha, o mamífero marinho com maior risco de extinção no Brasil. A área protege também outras espécies em ameaça de extinção, como o tubarão anjo, o tubarão listrado e o tubarão-martelo, juntamente com outras espécies as quais o Brasil tem compromissos de proteção junto a convenções internacionais. 

A área também possui uma rica biodiversidade de aves marinhas e costeiras (15 espécies) e de aves pelágicas (27 espécies), tanto residentes quanto migratórias, além de espécies terrestres costeiras e lagunares. Entre os mamíferos terrestres que habitam a praia isolada do futuro parque estão o tuco-tuco-da-praia e o graxaim, enquanto répteis e anfíbios incluem o sapo-da-duna e a lagartixa-da-areia. Vale lembrar que o nome Albardão faz referência ao farol presente na área desde 1909.

Especialistas envolvidos na luta pela criação desta UC explicam que o Brasil se comprometeu internacionalmente a proteger 30% de seu mar até 2030. No entanto, apenas 2,5% da área marinha soberana do país está sob proteção integral. A implementação do Parque Nacional Marinho de Albardão elevaria esse percentual para 3%, uma expansão de 20% da área protegida atualmente. 

De acordo com o mapa de “Áreas Prioritárias para a Conservação” do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climática (MMA), a região é considerada de extrema importância desde 2004. Em 2005, foi destacada como fundamental para a conservação dos tubarões e raias do Brasil e, em 2008, o Conselho Nacional da Reserva da Biosfera apontou a necessidade de proteger a área por meio de uma Unidade de Conservação.

“A criação deste parque marinho está na direção certa, pois não afeta as atividades econômicas lícitas da região e a discussão conta com a participação popular da comunidade potencialmente afetada. Vale lembrar que parte da área já é considerada área de proteção permanente (APP)”, observa Mariana Albers, moradora local e responsável pelo abaixo-assinado.

“Já se sabe que áreas de proteção integral, como esta da proposta do Parque Marinho de Albardão, garante uma biodiversidade 45% maior do que nas áreas sem proteção. Um parque marinho é um benefício a longo prazo para a humanidade, pois dá chances de restauração do ecossistema e de recuperação de espécies ameaçadas, o que é ótimo para o oceano seguir seu papel essencial para a nossa própria sobrevivência” diz também a presidente da Sea Shepherd Brasil, entidade que assina a carta de apoio e que também apoia a criação do Parque. 

Carta aberta ao governoTambém nesta terça-feira (30), dezenas de organizações da sociedade civil, entidades acadêmicas, especialistas e moradores locais enviaram à Presidência da República, ao governo do Rio Grande do Sul e à presidência do ICMBio, em que defendem a criação do Parque Marinho. 

Sobre a Change.org BrasilA Change.org é a maior plataforma de abaixo-assinados do mundo. No Brasil desde 2012, é utilizada por mais de 34 milhões de pessoas, com mais de 70 mil petições criadas e média de 26 milhões de assinaturas por ano. Já são mais de mil campanhas com finais felizes, provando que a união de vozes e o ativismo digital alcançam conquistas que impactam vidas e a sociedade. A Change.org é uma organização sem fins lucrativos no Brasil e se sustenta unicamente por meio de doações. Para garantir completa independência, não aceita recursos de partidos políticos, publicidade ou empresas. Saiba mais em https://www.change.org/

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*