É possível a Inteligência Artificial e fotógrafos trabalharem juntos?

*Jonathas Guerra

Nos últimos anos, o sentimento é de que a Inteligência Artificial chegou para ficar nas nossas vidas. Mudando o mundo da tecnologia e métodos de trabalho, esse é um mercado que está em alta expansão.

Para se ter ideia, o relatório Artificial Intelligence – In-depth Market Insights & Data Analysis, publicado pelo site de inteligência de dados Statista, aponta que o mercado de softwares de IA deve crescer 35% por ano até 2025, quando deve atingir o valor de 126 bilhões de dólares.

Além disso, segundo o Goldman Sachs Economics Research, a adoção em larga escala da IA pode ter um impacto significativo no PIB global. Joseph Briggs e Devesh Kodnani, economistas do banco americano, estimam que a IA generativa possui potencial econômico expressivo.

A previsão é de que a nova tecnologia aumente a produtividade laboral global em mais de 1% ao ano, após sua adoção em massa. No entanto, para que essa transformação ocorra, as empresas precisarão investir significativamente em infraestrutura física, digital e humana.

Acredita-se que esses investimentos podem alcançar a cifra de US$200 bilhões globalmente até 2025. Por sua vez, o relatório também aponta os EUA como líderes de mercado, com as empresas americanas desfrutando da maior parte desse montante.

Transformação através da IA

O fato é que, com o passar do tempo, a Inteligência Artificial tem provocado transformações no mundo profissional. Ela está remodelando a maneira de trabalhar, introduzindo eficiências, criando novas oportunidades, e também apresentando novos desafios.

Entre os fotógrafos, é muito discutido atualmente: afinal, a Inteligência Artificial veio para acabar com o mercado fotográfico?

É verdade que o mercado não ficou isento do impacto da tecnologia no mundo. Principalmente neste ano, nós vemos a IA transformando a forma como os fotógrafos capturam e editam suas imagens. 

Em abril, o fotógrafo alemão Boris Eldagsen venceu a categoria criativa do Sony World Photography Award, uma das principais competições de fotografia. Ele recusou o prêmio ao contar que a imagem foi gerada por Inteligência Artificial. 

No seu site, disse que participou do concurso com a intenção de iniciar um debate sobre o futuro da fotografia. “Será o espectro da fotografia suficientemente grande para permitir a entrada de imagens de Inteligência Artificial – ou isso seria um erro?”, comentou.

Precisamos entender que o uso da Inteligência Artificial impacta diretamente a nossa relação com as fotografias e a maneira de trabalhar de um fotógrafo, mas isso não quer dizer que acabará com o trabalho de todo um mercado.

Juntar o melhor dos dois mundos é a solução

Acredito que os trabalhos gerados por IA são uma evolução natural do mundo em que vivemos atualmente. A Inteligência Artificial é uma ferramenta como tantas outras, que não deve ser capaz de acabar com o mercado de fotografia – algo que já está tão estabelecido na nossa vida e cultura.

Existe uma preocupação legítima sobre o seu impacto, mas a inteligência artificial também tem o potencial de revolucionar o campo da fotografia, facilitando e otimizando o trabalho dos fotógrafos. 

É importante saber que a tecnologia auxilia na acessibilidade da fotografia para quem deseja começar a trabalhar nesse mercado, além de ajudar os profissionais a inovarem e buscarem novos caminhos e estilos de trabalho. Um dos pontos principais é a eficiência e economia de tempo, já que utilizar a IA pode simplificar processos de edição e organização.

Para muitos profissionais, uma das soluções de trabalho tem sido o reconhecimento facial. A IA pode identificar e etiquetar pessoas em fotos, o que pode ser muito útil para fotógrafos que trabalham em grandes eventos. Isso facilita o trabalho do profissional, e também otimiza o tempo das pessoas na hora de se encontrarem nas imagens.

Um dos grandes destaques também são as restaurações de imagens, já que a IA pode ser usada para restaurar imagens antigas, melhorar a resolução ou até mesmo colorir fotografias em preto e branco.

Assim como aconteceu a evolução das fotos reveladas por filme para as fotos digitais, o desenvolvimento das mídias sociais na década passada, hoje temos a ferramenta da IA para nos ajudar a explorar novos campos que antes eram impossíveis.

A IA é mais um grande mercado que se abre no ramo da fotografia. Vejo que o mercado fotográfico está crescendo em um ritmo muito acelerado, cada vez mais novas oportunidades aparecem e temos que estar sempre atentos para estas novidades que, com certeza, vão gerar novas demandas no mercado.

O fato é que o debate sobre a utilização da IA no mundo fotográfico deve ser realizado, mas também devemos nos prender aos pontos positivos dessa parceria. A chave necessária é encontrar um ponto de equilíbrio entre adotar a Inteligência Artificial e, ao mesmo tempo, manter a essência, beleza e integridade que a arte fotográfica nos oferece.

Afinal, sabemos que a tecnologia veio para revolucionar a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Então, o mais necessário é entender e aproveitar as benfeitorias que a dinâmica alinhada entre IA e fotografia pode trazer para os profissionais.

*Jonathas Guerra é sócio-fundador da Banlek, a melhor plataforma para venda de fotos e serviços online.

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